Resumo da região

NINGUÉM SEGURA

 

Rondonópolis e seu rio Vermelho

Rondonópolis com 31,05% registrou o maior crescimento proporcional entre os 10 maiores municípios mato-grossenses no período de 2010, quando do censo do IBGE, e 2019, com base na estimativa das populações residentes, que serve de base para efeito de cálculo pelo Tribunal de Contas da União para definição dos repasses constitucionais aos estados e municípios. Nessa relação, Cáceres, com 6,82%, teve o pior desempenho, mas nesse grupo formado por Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra, Cáceres, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Primavera do Leste e Barra do Garças, todos registraram crescimento.

 

No período, Mato Grosso saltou de 3.035.122 para 3.484.466 habitantes, com crescimento proporcional de 12,90%.

Por ordem decrescente esse foi o crescimento dos 10 maiores municípios:

1º – Rondonópolis, com 232.491 habitantes – 31.05%.

2º – Lucas do Rio Verde (65.534) – 30,79%.

3º – Sorriso (90.313) – 26,35%.

4º – Sinop (142.996) – 20,91%.

5º – Tangará da Serra (103.750) – 19,59%

6º – Primavera do Leste (62.019) – 16,05%.

7º – Várzea Grande (284.971) – 11,37%.

8º – Cuiabá (612.547) – 10,04%.

9º – Barra do Garças (61.012) – 7,30%.

10º – Cáceres (94.376) – 6,82%.

 

Localização regional

 

Geograficamente os 10 municípios estão assim distribuídos:

Nortão – Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde.

Franteira/Chapadão do Parecis –  Cáceres e Tangará da Serra.

Vale do Rio Cuiabá – Cuiabá e Várzea Grande.

Vale do Araguaia – Barra do Garças.

Polo de Rondonópolis – Rondonópolis e Primavera do Leste.

 

DETALHES – Primavera do Leste é um dos principais municípios agrícolas de Mato Grosso e importante centro de prestação de serviços. As rodovias BR-070 e MT-130 cruzam a área urbana.

Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Primavera do Leste foram instalados após a divisão territorial que em 1977 criou Mato Grosso do Sul;  e Tangará da Serra, um ano antes.

Rondonópolis entre os 10 é o único à margem de ferrovia.

Cáceres, na fronteira com a Bolívia, é bicentenária e o porto mais ao Norte da Hidrovia do Mercosul, que tem 3.442 quilômetros até Nueva Palmira, no litoral uruguaio.

Cuiabá é tricentenária e Várzea Grande tem 153 anos de fundação. As duas formam conurbação.

Barra do Garças, na divisa com Goiás, é município desde 1948. Forma conurbação com Pontal do Araguaia e a goiana Aragarças.

FOTOS:

1 – Site público do Governo de Mato Grosso

2 – Câmara Municipal de Primavera do Leste

 

LULINHA NASCEU AQUI

 

 

Agrishow 2005
Foi bom enquanto durou. A Agrishow Cerrado saiu de Rondonópolis tão silenciosa quanto chegou. Em cinco edições anuais entre 2002 e 2006 foi a maior exposição com dinâmica de máquinas no Centro-Oeste e faturou cifras ainda hoje impensáveis no circuito das exposições agropecuárias e assemelhadas. Além disso, serviu para divulgar nacionalmente o apelido do avião agrícola Ipanema movido a álcool: Lulinha.

Durante cinco anos a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (Abimaq) promoveu a Agrishow Cerrado em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), no Parque de Exposições Governador Wilmar Peres de Farias, em Rondonópolis. O nome Agrishow Cerrado é variação regionalizada da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) de Ribeirão Preto, no interior paulista.

Nos quatro primeiros anos o faturamento da Agrishow Cerrado foi crescente. Em 2005 o presidente da Fundação MT, Hugo Ribeiro, revelou na coletiva ao final do evento que os bancos que operaram no recinto acolheram R$ 300 milhões em propostasde produtores rurais e empresas locais, de outros municípios mato-grossenses e de estados do Centro-Oeste e da região Norte.

No auge do crescimento da Agrishow Cerrado, que coincidiu com um período favorável ao fortalecimento e a diversificação do agronegócio em Mato Grosso, a cidade de Rondonópolis ficava pequena para receber expositores, palestrantes, artistas e visitantes. A rede hoteleira não tinha suporte para tamanha demanda, o que resultou na criação da chamada hospedagem alternativa, feita por proprietários de casas que as alugavam para a temporada da feira, como acontece em cidades litorâneas e históricas no pico do turismo.

As vizinhas cidades de Jaciara, Juscimeira e Pedra Preta também faturavam no setor de hotelaria, hospedando quem não encontrava leito em Rondonópolis.

Em 2006, com o setor do agronegócio assustado com as nuvens cinzentas de uma crise que era previsível, as vendas da Agrishow Cerrado despencaram. Para preservar a imagem da feira, a Abimaq passou zíper na boca e não revelou o volume vendido nem o montante de propostas de financiamento apresentado aos bancos.

Abimaq e Fundação MT fizeram coro silencioso por bom tempo, mas nos meios do agronegócio a versão corrente dava conta de que teria acontecido pressão sobre o então governador Blairo Maggi por parte dos municípios que promovem grandes feiras, para botar fim naquele gigantismo que estaria prejudicando a economia em muitos lugares. Coincidência ou não, depois do adeus da Agrishow, Mato Grosso passou a conviver com a Dinâmica de Máquinas em Porto Alegre do Norte; com a Parecis SuperAgro, em Campo Novo do Parecis; com a Farm Show, em Primavera do Leste etc.

O nascimento do Lulinha

LULINHA – Em 15 de março de 2005 um produtor rural de Sorriso comprou o primeiro Ipanema a etanol, mas o lançamento desse avião somente aconteceria em 19 de abril daquele ano, na Agrishow Cerrado em RondonópolisEssa possante máquina voadora foi o primeiro avião no mundo a receber homologação para voar a etanol. Seu motor de 6 cilindros de 300 cv a gasolina ganha mais 20 cv ao ser produzido para abastecimento com o álcool, combustível que não lança poluentes pesados na atmosfera. A diretoria da Neiva o apresentou a autoridades, pilotos e produtores rurais em Rondonópolis.
A Neiva é uma indústria instalada em Botucatu, no interior paulista, e que fabrica o Ipanema na condição de subsidiária da Embraer.

Quem primeiro recebeu informações sobre a máquina voadora movida a álcool, ou etanol – como queiram – foi o então governador Blairo Maggi (que mais tarde seria senador e ministro da Agricultura). Blairo ouvia atentamente a explanação sobre o avião que dispensa gasolina, quando um piloto agrícola que acompanhava a fala do executivo da Neiva espalhou brasa.

O piloto disse que bem antes, “uns dois ou três anos”, a aviação aeroagrícola mato-grossense, na região de Rondonópolis, já convertia ao álcool motores a gasolina, para reduzir o custo operacional do nhaaaaam… nhaaaaam sobre as lavouras e pastagens.

A fala do piloto não causou muita surpresa, porque boa parte dos presentes conhecia tal situação e, alguns até voavam com os motores convertidos ao álcool. O comentário não criou constrangimento e a explanação prosseguiria normal, se não fosse a intervenção de outro piloto. Esse sugeriu ao colega:

– Conta pra eles como nós chamamos o avião a álcool!

– Uê, a gente chama ele de Lulinha, porque o danado bebe pra daná!

FOTOS:

Site público do Governo de Mato Grosso

 

RODOVIA DIVIDE CIDADE AO MEIO

 

São Pedro da Cipa e o trânsito de longa distância
São Pedro da Cipa é administrado pelo prefeito reeleito Alexandre Russi, que é irmão do deputado estadual Max Russi. O vice-prefeito é Eduardo José da Silva Abreu, o Eduardo Português, que conforme o apelido sugere nasceu em Portugal.

 

MUNICÍPIO – São Pedro da Cipa tem 4.727 habitantes, sua área territorial é de 344,050 km² numa faixa entre Jaciara e Juscimeira. O IDH é 0,660 e a renda per capita R$ 11.367,15. A cidade é dividida ao meio pela rodovia BR-163/364, que até o final deste ano de 2020 ganhará um contorno para retirar o trânsito pesado da área urbana. O rio São Lourenço banha a cidade.  O município emancipou-se de Jaciara e Dom Aquino em 20 de dezembro de 1991.

MEMÓRIA – Em 1949, uma pane seca levou o piloto de um monomotor a fazer um pouso forçado nas imediações do rio São Lourenço, no Alto Pantanal. Os passageiros: o italiano Nicola Rádica, e Milton Ferreira, filho de Antônio Ferreira Sobrinho, colonizador de Jaciara e principal acionista da Colonizadora Industrial Pecuária e Agrícola (Cipa), viajavam do interior paulista para o lugar onde mais tarde surgiria Jaciara.

Guiados por um pantaneiro, os passageiros e o piloto caminharam até o destino. Nicola Rádica chegava a Mato Grosso para assumir uma área que comprara da Cipa. Antevendo a colonização da região, ele doou 20 hectares para a formação de uma vila na margem esquerda do rio São Lourenço.  Nicola denominou o povoado de São Lourenço. Posteriormente, os habitantes decidiram mudar o nome para Centro Nápoles em alusão às origens do fundador. Centro Nápoles não teve aceitação e acabou sendo mudado para São Pedro da Cipa. No final dos anos 1980, quando estava em curso a campanha para a emancipação de São Pedro da Cipa, moradores tentaram mudar o nome para Presidente Tancredo Neves, mas em vão.

 

ADRENALINA EM JACIARA

 

Aventura no rio Tenente Amaral
Em Mato Grosso Jaciara é o principal centro de esportes radicais e do turismo de aventura. A cidade promove anualmente uma temporada para a prática de modalidades esportivas classificadas enquanto radicais.

Um dos pontos altos é o rafting no rio Tenente Amaral, da Bacia do São Lourenço, que é um dos formadores do Pantanal. Canoagem slalom, campeonato de motocross, cross coutry/moutainbike, ciclismo olímpico (trajeto Jaciara-Serra de São Vicente) e Jeep Cross, encontros de paraglider, motocicleta e balonismo e um leque variado de atividades arrasta para a cidade moradores de outros municípios e estados, para a prática dessas modalidades ou para acompanhá-las.

A cidade dista 140 quilômetros de Cuiabá, com trajeto duplicado (BR-163/070/364).

JACIARA – Com 27.776 habitantes tem 2.399,589 km², seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é 0,735 e a renda per capita R$ 35.190,22. A emancipação aconteceu em 20 de dezembro de 1958 e o colonizador foi Antônio Ferreira Sobrinho – cujo nome denomina a principal avenida da cidade.

FOTO: Tony Ribeiro

 

DO DIAMANTE AOS CARETAS

 

Guiratinga vai atrás
Tum-dum, tum-dum, tum-dum, tum-dum… A batida forte e cadenciada que se confunde com o rufar dos tambores em alguns ritos africanos é conhecida por todos na cidade e vizinhança. Ela se faz ouvir no carnaval. Seu som ecoa pelas ruas apinhadas de moradores locais e turistas. Todos querem ouvir e, principalmente ver os Caretas. Isso mesmo, os Caretas, o mais antigo grupo carnavalesco mato-grossense, que se ganhasse forma humana seria um respeitável e grisalho senhor da terceira idade por trás de máscaras irreverentes e de roupas extravagantes.

 

Caretas é a síntese do carnaval de Guiratinga, a cidade que foi a Rainha do Diamante no Vale do Rio Garças. É um bloco carnavalesco com o DNA da irreverência. Seus integrantes saem às ruas no carnaval trajando as roupas mais improváveis, críticas ou de figuras nascidas da imaginação. A vestimenta é simples: ou chita, ou pano de cores fortes ou ainda tecido brilhoso. O rosto e a cabeça – daí seu nome – são cobertos com máscaras artesanais criadas pelos foliões ou artistas locais – feitas e moldadas com papel, cera, plástico, tinta, cola e muita – muuuuuita – criatividade.

O bloco é a cara do brasileiro desafiado a superar dificuldades, romper barreiras. No final dos anos 1940 Guiratinga era uma praça onde corria muito dinheiro – essa opulência se arrastou até meados da década de 1990. O diamante movimentava sua economia. A cidade era uma das escalas de uma rota doméstica de voos que ligavam Cuiabá ao Centro-Sul. A compra da pedra mais desejada do mundo era feita em dinheiro. Havia uma elite garimpeira dominante, que não se misturava aos pobres. Assim, os ricos se esbaldavam nos clubes e em festas nas residências nobres, enquanto o povo não tinha onde nem como brincar. Daí surgiu a ideia de se criar Caretas, um bloco de mascarados, que percorresse ruas sem que seus participante fossem identificados.

Fantasia grupal

Ano após ano Caretas se firmava e ganhava simpatia. Por volta de 1995 o diamante escafedeu-se e o cerco ambiental se fechou. Muitas riquezas ruíram,mas o bloco, ao contrário do que acontecia no garimpo, se fortaleceu.

Hoje, Careta é referência do carnaval mato-grossense. De tanto sucesso surgiu o Caretinhas, formado por crianças, que também saem às ruas, a exemplo dos pais, e acompanhados por eles. Grandões e pequeninos, usam o mesmo estilo de máscara e de roupas. É uma paixão em todas as faixas etárias.

O que aconteceu em Guiratinga, em outras circunstâncias e regiões marcou a relação social brasileira.

Na escravidão o negro não podia comer carne nobre de porco. A casa-grande lhe dava miúdos, orelhas, toucinho, pés e outras partes. Assim surgiu um dos pratos nacionais de dar água na boca: a feijoada.

Em Cuiabá os negros não podiam entrar na Igreja do Rosário. Eles, então, construíram em anexo a Capela São Benedito. Esse templo religioso foi construído por volta de 1730 e o IPHAN o tombou.

Do mesmo modo nasceram a capoeira, a roda de samba etc.

Tum-dum, tum-dum, tum-dum… Guiratinga com seus 15.141 habitantes repete com convicção: Somos todos Careta!

GUIRATINGA – Município com 5.044,139 km², com IDH 0,705 e renda per capita de R$ 22.308,98 Guiratinga é importante polo pecuário e agrícola.

Guiratinga foi fundada em 1920 pelo garimpeiro mineiro Augusto Alves. Seu primeiro nome foi Lageado. Em 2 de agosto de 1933 se tornou cidade. Seu nome foi mudado para Guiraitnga.

FOTOS:

Grupo os Caretas

 

CIDADE ISOLADA

 

Gaúcha à espera do asfalto
No polo de Rondonópolis, Gaúcha do Norte é o único município sem acesso pavimentado; mas é preciso observar que um pequeno trecho sem asfaltona MT-100 separa Araguainha da BR-364 em Alto Araguaia, porém o mesmo será concluído em breve.

 

Sobre a pavimentação para Gaúcha leiam no capítulo dedicado ao Vale do Araguaia, pois a maior parte da obra cruza aquela região, e cita-la aqui seria repetitivo.

Gaúcha territorialmente compõe o Parque Indígena do Xingu, tem  16.934,298 km² e 7.648 habitantes; o IDH é 0,615 e a renda per capita R$ 55.813,13. O município foi criado em 17 de novembro de 1995 e sua população tem forte presença de povos indígenas xinguanos e, exemplo disso é a composição da Câmara Municipal, com nove vereadores, dos quais, dois são de etnias índigenas; Mutua Mehinaki e Ciucarte Carlinho Mehinako.

O município é importante polo agrícola, apesar da barreira logística para escoamento de sua safra. Sua principal ligação é com Paranatinga, município do qual foi distrito. A distância entre as duas cidades é de 190 quilômetros, com 80 pavimentados na MT-020.

FOTO: Prefeitura de Gaúcha do Norte

 

MENOR MUNICÍPIO

 

O Domo de Araguainha

Araguainha com 935 habitantes, na divisa com Goiás, é o menor município de Mato Grosso e o terceiro do Brasil, com população superior apenas a Serra da Saudade (MG) e Borá (SP).

O município tem 688,326 km², IDH 0,701 e renda per capita de R$ 46.426,35. A Rodovia MT-100, que liga Alto Araguaia a Barra do Garças, cruza a área urbana.

O município é conhecido internacionalmente por conta do Domo de Araguainha, um meteorito que caiu na região abrindo uma cratera de 40 quilômetros quadrados.

FOTO: Professora Maria José

 

PRIMAVERA GANHA VITICULTURA

 

A bela Primavera

Abril de 1994. Secretários do governador Jayme Campos anunciam que deixarão os cargos de olho em candidaturas no mês de outubro. Aréssio Paquer, da Agricultura, estava nessa relação, sonhando em ser deputado federal pelo PFL de Jayme.

 

Lideranças ruralistas e grupos empresariais do agronegócio se alvoroçaram depois que Jayme lavou as mãos sobre o nome pra suceder Aréssio. Lavou, cruzou os braços e mandou que os interessados indicassem alguém de consenso, mas, se isso não fosse possível, que se fizesse uma eleição setorizada pra sacramentar o sortudo.

Três nomes entraram em cena querendo a secretaria. Ricardo Arioli, de Tangará da Serra, representando os produtores do Chapadão do Parecis. Clóvis Vettorato, empurrado pelo empresário Blairo Maggi e a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT). E Érico Piana Pinto Pereira, que era um dos seis vice-presidentes da Federação da Agricultura (Famato).

Secretaria cai no colo de Piana

José Antônio de Ávila, o Zeca de Ávila, presidia a Famato e queria o cargo pra seu vice Piana, antes mesmo que Jayme lavasse as mãos. Pensando na secretaria, percorreu sindicatos rurais e prefeituras administradas por agropecuaristas pedindo cartas de apoio ao seu protegido. Quando soube que a escolha seria em eleição, por pouco não jogou fora as cartas.

Chegou o dia da eleição, que aconteceu na antiga sede a Famato, na Avenida Getúlio Vargas, perto do Choppão, em Cuiabá. Vettorato e Piana fizeram pronunciamentos defendendo suas candidaturas. Arioli saiu do páreo, num louvável gesto de verdadeira paternidade: tinha um filho com problema renal que necessitava de transplante e ele seria o doador; desde aquele dia passei a admirá-lo.

Um dos advogados da Famato, Luiz Alfeu Moogem Ramos, secretariou e fiscalizou a única urna onde os votos foram depositados. Nela, o oposicionista Vettorato deu uma surra eleitoral no situacionista Piana.

Zeca estava em frangalhos. Mesmo assim se preparou para divulgar o resultado. Pedi que aguardasse porque acreditava que algo poderia ser feito. Mesmo sem entender, ele concordou. Enquanto isso os vencedores comemoravam nas mesas do vizinho Choppão.

Reservadamente disse ao presidente da Famato que poderíamos transformar as cartas de apoio a Piana em votos, porque a eleição foi disputada sem regras claras. Seria algo assim: produtores rurais impedidos de comparecer mandaram suas escolhas por meio da papelada. ”E a imprensa?” – quis saber Zeca. Disse a ele pra segurar o resultado até passar o horário dos telejornais locais, porque nos jornais a gente daria jeito (e demos). Por sorte, naquela época não havia sites nem redes sociais.

Não deu outra. Zeca mandou o secretário da Famato, Edson de Andrade, somar a votação presencial com os votos a distância. Com a manobra, Piana esmagou Vettorato. Passamos os números aos editores de Economia e Política dos jornais (passamos mais que isso). Enquanto os vencedores bebiam, as Redações botavam no papel o resultado do pleito que escolheu o vice-presidente da Famato, ex-prefeito de Primavera do Leste e ex-presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Piana, secretário de Agricultura.

Na data da eleição Jayme estava em Brasília. No dia seguinte voou pra Cuiabá e no avião leu os jornais. Os vitoriosos ainda dormiam embalados pelo chope quando o governador desembarcou, abraçou Piana e o levou ao seu gabinete para apresenta-lo aos jornalistas enquanto secretário de Agricultura.

O resultado foi o melhor possível pra Zeca, mas muitas portas se fecharam pra mim, inclusive a da Secretaria de Agricultura, onde Piana nunca me recebeu. Pra Primavera do Leste foi ótima a nomeação de seu ex-prefeito por Jayme. Afinal, ele canalizou ao município um projeto de viticultura, que criou um ciclo da uva por lá, que irrigou muitas contas bancárias de plantadores de soja transformados de uma hora pra outro em viticultores e vinicultores.

PS – Capítulo do livro “Dois dedos de prosa em silêncio – pra rir, refletir e arguir”, publicado em 2015 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivos culturais, com  arte de Generino e a Capa de Edson Xavier

FOTOS:

1 – Câmara Municipal de Primavera do Leste

2 – Assessoria do Tribunal de Justiça MT

 

MEMÓRIA DO FUNDADOR

 

A memória do major Carlos Hugueney, fundador de Alto Araguaia, é reverenciada pelo município.

Um busto do fundador, na área central, foi a forma encontrada em 1968 para celebrar os 30 anos do lugar.

Município na divisa com Goías, Alto Araguaia tem 19.044 habitantes e em 26 de outubro do ano passado completou 80 anos de emancipação. É sede de comarca e zona eleitoral. A cidade forma conurbação com a goiana Santa Rita do Araguaia – entre elas o rio Araguaia, que naquele trecho é pouco mais que um ribeirão.

rodovia BR-364 cruza a cidade, que dista 510 quilômetros de Goiânia, 200 quilômetros de Rondonópolis e 410 quilômetros de Cuiabá. O município observa o horário oficial brasileiro, a exemplo dos demais no Vale do Araguaia, enquanto que nas demais regiões de Mato Grosso o horário tem uma hora a menos em relação a Brasília.

O ensino superior é garantido por um campus da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), além de instituições privadas.

A cidade é banhada pelo rio Araguaia, que em suas imediações tem belas cachoeiras, que são pontos turísticos.

O município tem um terminal ferroviário e um polo agroquímico. O trem da Rumo Logística escoa soja e outras commodities agrícolas mato-grossenses para o porto de Santos. Em função desse modal de transporte a cidade abriu novos postos de trabalho e a economia do município ganhou impulso.

Alto Araguaia tem um importante histórico político, mas o ponto alto da sua política foi a visita que recebeu em 24 de maio de 1955, do então candidato a presidente Juscelino Kubitschek, que percorreu ruas numa cavalgada acompanhado por lideranças locais e eleitores.