Com preocupação acompanho o noticiário e as mídias sociais vulgarizando o Judiciário brasileiro, que no passado além de reverenciado e admirado, recebia tratamento jornalístico respeitoso. O Supremo Tribunal Federal é alvo preferencial de críticas ácidas, que também não poupam os tribunais superiores. Agora, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso sofre uma dura agressão no texto do site congressoemfoco, da empresa Caracol Web Design, editado em Brasília e com dimensão nacional. O teor publicado, bem replicado em Mato Grosso, cita que o desembargador Dirceu dos Santos tem patrimônio de R$ 18 milhões montante esse levantado nos autos do processo de divórcio do magistrado e sua ex-mulher, a servidora pública Márcia Amâncio de Souza da Silva.
O conteúdo vai além da informação e faz elucubração sobre os bens do magistrado e a capacidade de seu salário para adquiri-los. Os ataques ao Judiciário são inaceitáveis. O silêncio do TJ sobre esse episódio, também. Há alguns anos, o Brasil é sacudido por escândalos e mais escândalos envolvendo figurões da República. A opinião pública, inconscientemente ou não, criou uma vala comum onde lança todos os que recebem a pecha de corruptos ou são vítimas de insinuações. Essa é a realidade e o TJ precisa leva-la em consideração.
Salvo melhor juízo, cabe ao presidente do TJ, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha e ao desembargador Dirceu dos Santos, numa coletiva de Imprensa, dissiparem as nuvens que se abatem sobre o Judiciário mato-grossense depois da veiculação dessa notícia. Mesmo que a matéria perca destaque e os escândalos cotidianos a sufoquem, permanecerá um quê de dúvida sobre a dignidade da toga em Mato Grosso.
Uma esclarecedora coletiva de Imprensa dissipará as nuvens que se abatem sobre o Judiciário mato-grossense, que é formado por seus desembargadores. Basta que um seja atingido, pra que a instituição como todo sofra as consequências.
Sobre remuneração do professorado é bom recordar a mea culpa do estadista Juscelino Kubitschek, que na semana em que entregaria a Presidência se reuniu com jornalistas para prestar contas. Em dado momento JK desabafou que fez mais do seria possível, mas que ele ao deixar o poder passaria a conviver com um grande remorso: não valorizou o professor, logo ele, filho de Mestra Júlia Coelho Kubitschek de Oliveira, uma pobre professorinha mineira de Diamantino, que o criou com dificuldade.
Voltemos ao TJ. Que o presidente Carlos Roberto Alves da Rocha e o desembargador Dirceu dos Santos se abram com os jornalistas. Posso me enganar, mas creio na lisura do patrimônio tão questionado por congressoemfoco e ironicamente reproduzido em Mato Grosso.
O Brasil precisa de transparência plena nos três poderes, em todos os seus níveis. Não é ofensivo prestar contas, ainda que a prestação vá além do que se convencionou chamar de normal.
Que esse assunto não se encerre pela volatilização temporal.
É tempo de falar.
Queremos ouvir.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTO: Site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso