Mauro Mendes não foi eleito governador apenas para pagar salário de servidor, nem para propor redução do tamanho da máquinas pública. Quitar folha salarial é obrigação. Discordar do vergonhoso cabidão de emprego que permeia os poderes é posicionamento que não pode faltar ao perfil do cidadão de bem, quer seja ou não figura pública. Mauro venceu a eleição para bem administrar. Boa administração se faz com obras, mais obras, muitas obras; além, é claro. de austeridade e transparência da condução do erário público.
Mauro, até agora, não sinalizou o rumo de seu governo. Não disse objetiva e claramente o que pretende enquanto administrador. Até então, o governador diplomado não foi além do chororô sobre finanças. Se esse fosse seu discurso em campanha certamente não seria eleito e fracassaria do mesmo modo que fracassou o grupo seu empresarial Bimetal, que do mesmo modo rápido como cresceu, entrou em recuperação judicial deixando centenas de famílias de funcionários na rua da amargura, o que não foi levado em conta pelo julgamento popular nas urnas.
Mato Grosso não é exceção no quesito benesses para felizardos apadrinhados dos cofres públicos. É unidade federativa que paga aposentadoria a ex-deputados estaduais e seus herdeiros por meio do imoral – embora legal – FAP, que é a sigla do Fundo de Assistência Parlamentar da Assembleia Legislativa.
Mato Grosso não é diferente dos demais estados quando se trata da manutenção do Tribunal de Contas do Estado, penduricalho da Assembleia Legislativa – que tanto foi combatido pela ex-senadora Serys Slhessarenko – que suga boa fatia do orçamento do Estado e que ao longo do tempo especializou-se em aprovar contas imorais a exemplo das apresentadas pelo ex-governador Silval Barbosa e pelo ex-‘dono’ da Assembleia, José Riva. É também a dita corte de contas com sete integrantes, dos quais cinco estão afastados judicialmente desde setembro de 2017; um aposentou-se precocemente (Humberto Bosaipo) para devolver à primeira entrância processos que responde por improbidade administrativa; e o remanescente conselheiro Campos Neto, que o preside, tem seu nome na vergonhosa lista de 33 ex-deputados estaduais que receberiam mensalinho de Riva, conforme denunciado por ele à 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Mato Grosso não é exceção quando se trata de acomodar o conjunto social hereditário e ou influente socialmente.
Mauro não conseguirá mudar o status quo social – a bocarra social que se alimenta do governo. Isso será revertido gradualmente, inclusive com a participação de herdeiros dos afortunados de agora – e do ontem – que se sentirão envergonhados dos currículos de seus ancestrais, que se bem rotulados deveriam ser chamados de ficha corrida institucional.
Mauro foi eleito para fazer. Fazer bem feito, com transparência e sem protelação.
Tomara que o até agora silencioso governador diplomado faça o que se espera de seu governo. Que ele não repita o trágico período de Pedro Taques, do qual encampa figuras de proa; que ele se inspire em seus antecessores: Frederico Campos, que se pautou pela honestidade; Júlio Campos, que construiu a Transmatogrossense, rodovia que tirou Juína do isolamento. e executou os projetos Cyborg e Carga Pesada; Carlos Bezerra, que concedeu cidadania às pequenas propriedades rurais; e Blairo Maggi, que criou uma malha rodoviária em formato de espinha de peixe alimentadora das rodovias federais e construiu moradias para milhares.
Que a Imprensa, sempre solícita com os donos do poder, reflita sobre seu papel social e assuma a defesa de Mato Grosso, ainda que para tanto, se preciso for, tenha que apontar o dedo ao novo governador, que até agora, pelo que se deduz de suas falas, é novo somente no aspecto temporal – já que sinaliza ser a continuidade do desgoverno de Pedro Taques ao qual ajudou a eleger e do qual compartilhou por mais de três anos.
Que Mauro faça jus aos votos recebidos. Que não repita na vida pública seu fracasso empresarial; que não se inspire em seu ex-líder e guru Pedro Taques; que administre com competência, pois Mato Grosso não pode mais permanecer como se encontra.
Que Mauro cumpra o papel que dele se espera.
Eduardo Gomes – editor de blogdoeduardogomes
FOTO: Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso