O tema é abrangente e polêmico. Fiquemos no exemplo da AMM, entidade que tem lugar cativo no noticiário mato-grossense graças ao jornalismo de superficialidade tão prestigiado pelo internauta – não me refiro aos jornais, pois os mesmos estão a um passo do adeus pelo avanço da mídia eletrônica.
Quase todas as prefeituras são associadas e bancam a AMM com recursos que deveriam ser investidos nos seus municípios de origem. Alguns prefeitos a refugam, por questão de princípio e em respeito ao erário público.
Pois bem. O que faz a AMM?
Gasta dinheiro público de modo intempestivo, diria.
De 8 a 11 deste abril a AMM participa na XXII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, evento liderado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e secundado por entidades estaduais, a exemplo dessa, de Mato Grosso.
O que é a Marcha a Brasília?
Uma farra com dinheiro público, que se esconde sob o manto de uma ampla discussão municipalista. Esse turismo de exploração do contribuinte custa uma fábula para Mato Grosso. Por seu presidente e ex-prefeito de Nortelândia, Neurilan Fraga, a AMM anunciou que mais de 100 prefeitos se inscreveram para a viagem a Brasília. Quanto custará aos cofres das prefeituras a estadia – de no mínimo – quatro dias na capital federal? Quanto será desembolsado em passagens aéreas? Quanto será gasto no trecho entre o município e Cuiabá? Observem que alguns municípios distam mais de 1.000 quilômetros da capital.
Creio que incluindo despesa com a viagem a Cuiabá, diárias ou outros penduricalhos para repor ao prefeito e assessores seu desembolso no percurso, os 100 municípios gastarão algo em torno de um milhão de reais com a aventura do turismo de porra-louquice institucional instigado pela AMM.
Isso é crime contra os cofres públicos.
Quem tem a prerrogativa de representar o povo e Mato Grosso em Brasília?
Os congressistas – diria. Isso é papel para José Medeiros, Wellington Fagundes, Carlos Bezerra, Selma Arruda, Neri, Jayme Campos, Rosa Neide, Nelson Barbudo, Emanuel Pinheiro Neto, Leonardo Albuquerque e Juarez Costa. Ou alguém acredita que um grupo de prefeitos carregando faixas e gritando tenha força para mover uma agulha no palheiro nacional do poder no Planalto?
Idêntica a essa Marcha a Brasília acontecem outras, regionais, em Cuiabá. A gastança não para e não resulta em nenhum ganho para os municípios.
As prefeituras recebem parte do FEX, e a ida dos prefeitos a Brasília não leva o governo federal a rever seu posicionamento sobre esse fundo de compensação pela desoneração de commodities pela Lei Kandir, para efeito de exportação.
O reino dourado da AMM afronta Mato Grosso e subverte a lógica política. É preciso dissolver aquela entidade, que é mantida por prefeituras e ainda induz prefeitos a gastos desnecessários. É preciso que a representação dos municípios seja feita estadualmente pela Assembleia Legislativa, e nacionalmente pelo Congresso.
Mato Grosso não pode mais conviver com a imoralidade da existência da AMM. Nos dias 4 e 5 deste abril, o governador Mauro Mendes e Neurilan – conversaram entre quatro paredes antes – promoveram em Cuiabá o Fórum de Governo e Prefeituras, Foi um encontro de superficialidade e de discursos politiqueiros, que arrastou prefeitos para a capital, onde tiveram o famoso cinco minutos de fama ao lado de Mauro.
O que se extraiu daquele Fórum?
Nada!
Seu ponto alto foi o anúncio da retomada de 114 obras rodoviárias com investimento de R$ 500 milhões do governo estadual. Onde estava a AMM que não reagiu quando Mauro citou que tem R$ 100 milhões em caixa para tais construções? Onde estava a entidade dos prefeitos que não questionou o governador por manter o caixa recheado e permanecer três meses de braços cruzados à frente do governo enquanto a malha rodoviária está deteriorada?
Alguém pode defender a continuidade da AMM alegando que ela gera emprego. Quanto a isso é bom que não se confunda emprego com empreguismo ou nepotismo. Comparem socialmente o custeio da AMM com sua geração de emprego.
Os órfãos do Império resistem geração após geração. Quando a razoabilidade reinar – democraticamente e nada a ver com a questão imperial – Mato Grosso verá que hoje há recursos tecnológicos de domínio coletivo, que permitem teleconferências entre prefeitos e secretários ou governador; entre autoridades das áreas técnicas federal, estaduais e municipais. Entenderão que é preciso dar um basta na farra com o dinheiro público. Além disso, muito em breve, todo ente federativo terá autonomia para fazer suas publicações (no caso, postagens), o que tomará o discurso da AMM sobre seu jornalzinho que atende municípios nessa área.
Mato Grosso está mergulhado e enrodilhado pelo Sistema S, pela AMM, pela União das Câmaras Municipais (UCMMAT) e por tantas outras instituições de beleza superficial e funcionalidade zero. É preciso rever esse cenário. Uma boa sugestão é banir a AMM. Trata-se de uma proposta jornalística. Quem discordar pode inclusive fazer doações financeiras para a associação dos prefeitos – para tanto basta esperar que eles retornem de Brasília, onde estarão em cena 24 horas, depois de dois dias e duas noitadas de enfrentamento em Cuiabá, onde delirantemente aplaudiram Mauro quando esse anunciou em outras palavras que seu governo começará em breve.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
FOTOS:
1 – Agência AMM – divulgação
2 – Arquivo blogdoeduardogomes
É por ai ate chegarmos a novo Pacto Federativo no qual Estados e Municípios terão liberdade para seguir o caminho do Sucesso ou do Fracasso sem o Estado Controlador em Brasília.
AMM, uma das milhares de associações, ONG, entidades, que vampirizam dinheiro público.
Parabens!