Partidarização da Saúde Indígena cria clima tenso com os xavantes

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

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A reunião das lideranças xavantes

Aldeados em nove territórios* no Vale do Araguaia, os xavantes têm um endereço em comum: o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante em Barra do Garças, a principal cidade da região. Tanto a população que vive em suas terras ancestrais quanto os indivíduos daquele povo, que residem nas cidades, quando buscam atendimento médico ou vacina recorrem àquela unidade do subsistema de atenção à saúde indígena. Porém, por questões partidárias e administrativas, os xavantes estão reticentes em bater à porta que sempre esteve aberta para eles. Isso, porque um escândalo resultou na demissão do coordenador do DSEI e o secretário de Saúde Indígena e ex-vereador pelo PT de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza (CE), o advogado Ricardo Weibe Nascimento Costa, o Weibe Tapeba, não aceita a indicação unânime do Xavante Sérgio para o cargo e teima em nomear um cidadão alheio aos xavantes e a Mato Grosso, Jorge Alberto dos Santos, o Jorge Tembé.


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Conversações na reunião que indicou Sérgio para o DSEI

O impasse no DSEI não é recente. Em 25 de setembro do ano passado, os caciques e outras lideranças xavantes se reuniram na Terra Indígena Marãiwatsédé,  nos municípios de São Félix do Araguaia, Alto Boa Vista e Bom Jesus do Araguaia, liderada pelo cacique-geral Damião Paridzané e escolheram Sérgio Tseredtsu Abhoodi, para coordenar o DSEI; Sérgio é aldeado na Terra Indígena São Marcos, em Barra do Garças.

O CASO – O coordenador demitido é Bruno Tserebutuwe Tserenhimi’rãmi, que é assistente social e que foi nomeado para o cargo, pela ministra Nísia Trindade (Saúde) em março de 2023. Por conta de um escândalo que envolveria um servidor do DSEI, a mesma ministra exonerou Bruno em setembro do ano passado e designou interinamente o servidor Roberto Pereira Bravo,  a posse do novo coordenador.

CRISE – O professor Xisto Tserenhi ru Tserenhimi rami, o Xisto Xavante, que desde 2007 é professor na Escola Estadual Indígena Hambre, na Terra Indígena São Marcos, na Barra, revela que há um clima de muita tensão entre os xavantes, tanto pela ingerência partidária do PT por meio de Weibe Tapeba, quanto pela negativa em nomear Sérgio para a coordenação do DSEI. Xisto Xavante alerta que o descontentamento poderá resultar em conflito.

A ausência de um titular à frente do DSEI fragiliza o atendimento aos xavantes, com uma população estimada em 24 mil indivíduos, com alta incidência de diabetes, hipertensão e deficiência visual. Xisto lamentou a ingerência petista e desabafou que o governo Lula quer dividir o povo Xavante por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai – que controla os DSEIs). “Eles usam alguns (xavantes) .

*Parabubure, Areões (subdidivida em Areões, Areões I e Areões II), Chão Preto, Marãiwatsédé, Pimentel Barbosa, Sangradouro/Volta Grande (compartilhada com os Bororos), Marechal Rondon, Wedezé e Ubawawe.

 

 

Comentários (1)
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  • Inacio Roberto Luft

    Nefasta política prejudicando as pessoas.