Antes mesmo de o Homem, em sua História, pensar em outra coisa, o mais importante era se manter vivo, era ter alimento. E à medida em que começou a cultivar alimentos e não mais vivendo de coletar os frutos ou folhas na Natureza, uma série de consequências foram acontecendo, como o melhor enfrentamento de condições mais adversas do clima, o aumento da família, a possibilidade de ir cada vez mais distante, e tudo isso contribuindo para a evolução da espécie.
Falar em produção de alimento na atualidade é uma conquista para qualquer nação quando é garantida a autossuficiência. E mais, é estratégico.
Nos anos 1960 foi noticiado que “o Brasil seria o celeiro do mundo na produção de alimentos”. E a profecia se fez realidade. Se no início da década de 1970 importávamos quase tudo, inclusive o modo de produção, hoje garantimos o alimento para mais de um bilhão de pessoas neste planeta, produzindo com grande eficiência e qualidade com uma performance jamais vista em nenhum outro país do mundo.
Diante dessa pandemia, uma grande provação para todos os povos, os campos brasileiros não paralisaram em momento algum na produção de alimentos. Continuamos a trabalhar como se nada tivesse acontecendo.
Assim como a atividade da saúde ou dos transportes, dentre algumas outras, trabalhamos para manter abastecidas as gôndolas dos supermercados, as padarias, os açougues etc.
Um corpo são é um corpo bem alimentado, então não tínhamos como parar de produzir. Seguimos uma sequência natural dos fatos, dando continuidade ao que sabemos fazer.
A força para vencer toda sorte de adversidade no ato de produzir alimento vem de um propósito maior que é a “vocação”. Todo produtor rural brasileiro é antes de tudo teimoso, determinado, consequente e altamente inovador. E é essa força interior que nos faz fazer acontecer, que faz o Brasil ter superávits em sua balança comercial ano após ano. Com uma diferença se compararmos o Brasil de décadas atrás, onde hoje temos uma diversidade muito maior de produtos a oferecer à humanidade.
Essa condição de podermos oferecer alimento com fartura, e inclusive a preços mais acessíveis devido à quantidade, nos faz encher de satisfação, de um sentimento de dever cumprido. Isso é que nos faz resistir a
toda sorte de adversidade, como está sendo a atual com a pandemia pela qual passamos.
Em São José do Xingu a área cultivada com grãos aumenta ano após ano, sempre com incremento em produtividade, devido ao emprego de tecnologias de produção inovadoras, seja em cultivares mais eficientes, seja em máquinas e equipamentos mais arrojados, em controles de pragas e doenças mais eficientes e menos agressivos ao meio ambiente etc.
Nossa localização estratégica, próximo ao Porto de Itaqui, nossas condições climáticas, as boas condições hídricas, de solo e relevo favorecem sobremaneira a potencialidade desse município e mesmo da região Nordeste de Mato Grosso. Tudo isso aliado a uma eficiente gestão de governos a curto prazo, não só aqui, mas em todo o Brasil, contribuirão para uma estatística surpreendente: sermos responsáveis por 40% da produção mundial de alimentos dentre poucos anos.
Essa condição brasileira é irreversível.
Fernando Nascimento Tulha Filho – Produtor rural, engenheiro agrônomo e presidente do Sindicato Rural de São José do Xingu
PS – Artigo originalmente publicado no jornal Diário de Cuiabá e postado em sua edição virtual www.diariodecuiaba.com.br