Aos operários é preciso temperança para aceitarem dividir a produção com as demais classes, permitindo-as subsistir. Os guerreiros, que nada produzem, são importantes para a defesa do Estado e da sociedade.
Hoje em dia, parece que os guerreiros também estão precisando de temperança, não lhes bastando mais só a coragem, pois ao que parece estão querendo mais privilégios do que os operários, estes sim a força de sustentação da coletividade, sem os quais nenhuma classe poderia se manter.
Nada contra os guerreiros, apenas chamo a atenção para uma equação lógica, sem me iludir com a inafastável constatação de que atualmente os guerreiros são governantes e os governantes são guerreiros.
A esperança é que o governante ainda possa lembrar que agora, ao contrário do apregoado por Platão, mudou de classe, mas a principal lição do mestre, a base de tudo, é invencível: os guerreiros não devem ansiar por privilégios, mas sim por uma vida razoável para que possam subsistir sem produzir, mas nunca perdendo de vista que os operários, que sustentam a nação, não são escravos para bancar privilégios de ninguém.
Arnaldo Justino da Silva é promotor de Justiça em Mato Grosso