Nenhuma atividade econômica no mundo é desenvolvida sob tamanha pressão quanto o agronegócio em Mato Grosso. Um grupo não muito grande, porém barulhento, tenta por todos os meios travar o agro, como se o mesmo ao invés de ser responsável por números superlativos de produção e, consequentemente, pilar econômico estadual, fosse algo satânico. Isso mesmo: esse grupo prega sua satanização. Resistindo aos ataques, a zona rural permanece produzindo, mas, agora, sem que se possa debitar aos críticos o amanhã sombrio que o espera, o homem do campo – que move a engrenagem agropecuária e agroindustrial – aguarda pelo pior que mais dia menos dia chegará com a pandemia do novo coronavírus. Inimigos gratuitos dos chamados lavoureiros e boiadeiros, seus detratores serão ainda mais atingidos, porque não haverá que promova desenvolvimento, recolha impostos em cascatas, gere empregos e movimente a economia que garante os salários em funções públicas de tantas bocas que falam inconsequentemente.
Mato Grosso tem o perfil econômico exportador. Seus principais compradores, China, Japão, Coreia do Sul, Irã, Itália, Hong Kong e outros estão sob a pandemia do vírus que faz o mundo tremer.
O mercado internacional é um poço de incerteza para Mato Grosso, que no ano passado exportou US$ 17,02 bilhoes (FOB) representados pelo complexo soja, milho, carne bovina e suína, frangos e algodão e cujo principal destino foi a terra dos mandarins, onde surgiu o novo coronavírus.
A economia rural mato-grossense está numa encruzilhada. Cultiva ou não, soja em área idêntica à do ano passado, quando colheu 32 milhões de toneladas da leguminosa? Se a semeadura for a mesma, para quem vendê-la no mercado interncional? O mesmo se aplica ao milho, que no cultivo anterior alcançou 31 milhões de toneladas. E o algodão, que responde por 60% da cotonicultura nacional?
A política de transformação de proteína vegetal em proteína animal deve ser levada adiante na escala dos anos anteriores, quando sempre manteve índice de crescimento?
Essa economia exportadora tem polos importantes, mas de modo geral se faz presente em todas as regiões, excetuando-se Cuiabá e Várzea Grande, que não se inserem ao processo produtivo agropecuário. Em 2019 Sorriso exportou US$ 1,8 bi (FOB) e Rondonópolis desovou US$ 1,5 bi (FOB). Na sequência, Primavera do Leste, US$ 997 milhões (FOB); Campo Novo do Parecis, US$ 874 mi (FOB); e Sinop, US$ 818 mi (FOB).
A exportação é a parte mais comentada da cadeia do agro, por ser desonerada pela Lei Kandir, mas o conjunto produtivo tem que ser visto em sua amplitude. Esse conjunto se completa com a geração de empregos da porteira para dentro e para fora, com o mercado de máquinas e caminhões, com o transporte da safra e de insumos para ela, com as lojas agropecuárias, com os escritórios técnicos de planejamento, com a aviação aeroagrícola, com os frigoríficos e abatedouros, com os curtumes, com os laticínios e cooperativas, com o vaivém dos trens na Rumo Logística que transporta ao porto de Santos, com o mercado de drones e equipamentos sofisticados, com o ICMS que se recolhe sobre um mundo e um pedaço do outro, com a motivação para o funcionamento de cursos superiores, com leilões de animais, com a indústria de esmagamento de soja e envazamento de óleo de soja, com a produção de açúcar e etanol, com a novidade do biodiesel, com os polos têxteis, com investimentos de empresários do setor na construção civil Mato Grosso afora etc.
O agro não é visto pelos olhos de seus críticos quando sua face está nas gôndolas dos supermercados e mercearias, e nas casas de carnes. Eles também não o enxergam nos bitrens que se abastecem com centenas de litros de diesel nos postos às margens das rodovias. Eles o desconsideram enquanto gerador de empregos, o que reduz o drama social que atinge as periferias de Cuiabá e outras cidades, e que leva homens honrados aos crimes famélicos, induz meninas na puberdade a se prostituírem e arrasta garotos imberbe ao tráfico formiguinha.
O agro está numa encruzilhada à espera dos efeitos do novo coronavírus. Quanto maior o impacto sobre ele, pior para Mato Grosso e, pior ainda, para os barnabés que recebem salário sem trabalhar, amparados por penduricalhos da lei, e assim lhes sobra tempo para atacar a galinha dos ovos de ouro.
Mesmo que e o efeito da pandemia seja brutal sobre o agro, não tenham dúvida que ainda assim ele ressurgirá e terá força para cicatrizar suas chagas, pois os homens do campo sabem que a humanidade precisa se alimentar e que Mato Grosso é importante pilar da política de segurança alimentar mundial. Quanto aos detratores, pode ser que a crise – que nesse caso seria inevitável – leve seus patrões públicos a demiti-los, em alguns casos, e em outros, a fazê-los trabalhar pelo salário que em boa parte lhes é pago graças ao agro.
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Wikipedia
2 – blogdoeduardogomes em arquivo
3 – Christiano Antonucci – site público do Governo de Mato Grosso
4 – Valmir Faria – Campo Verde em arquivo