Obras do artista Wander Melo, de Rondonópolis inspiraram o samba da Magnólia Brasil em homenagem aos 300 anos de fundação da nossa Cuiabá
Quando os traços que dão vida às telas se juntam ao samba que dita o ritmo das passistas e levanta a avenida na passagem das alas da escola de samba, o casamento é perfeito. Dá asas à imaginação, rompe o espaço, supera distância. É pela força dessa união que a tricentenária Cuiabá invadirá Niterói, nesta Terça-feira Gorda de Carnaval, com a Magnólia Brasil, soltando o grito da garganta cantando A Corte da Magnólia Brasil em terras Cuyabanezas espalhando seu azul e branco ampliado pelo multicolorido das telas de um artista plástico nascido no cerrado e criado ao ritmo do sertanejo, Wander Melo.
O tricentenário de Cuiabá, em 8 de abril deste ano, ecoou muito além das divisas de Mato Grosso. Enquanto aqui, o prefeito Emanuel Pinheiro delirava em contratar Elton John para o show dos 300 anos, em Niterói, a cidade de Arariboia, o samba reverencia a terra de Moreira Cabral com o enredo de sua tradicional escola Magnólia Brasil, que será a terceira das 10 escolas do Grupo Especial a desfilar.
Cuiabá é o infinito. A escola precisava de um gancho para alicerçar o desfile com suas alas. O que poderia representar e sintetizar a capital mato-grossense? O Cururu e Siriri? As festas de santos? O simbolismo por ser o centro geodésico da América do Sul? Os heróis Rondon e Barão de Melgaço? A magia do rio que lhe empresta o nome e a comunidade São Gonçalo Beira Rio? Claro que independentemente da escolha, toda opção seria perfeita. Mas, a Magnólia Brasil queria algo que ao mesmo tempo reunisse leveza e poesia, força e objetividade, beleza e encantamento. Em busca do quê para o simbolismo, a escola ampliou o raio da cuiabania para Mato Grosso, a terra da qual é capital. Assim, chegou-se ao artista plástico nascido em Rondonópolis, Wander Melo, que pessoalmente é a imagem da modéstia.
Wander Melo por conta de Wander Melo somente, não. Wander Melo por sua pintura, principalmente pela tela Encontro de Ipês, de 2014. Nas cores da espécie amarela e roxa, bem realçadas e contrastadas na obra, a escola se deparou com a base para a construção de seu desfile. A árvore que é um dos símbolos brasileiros, mato-grossenses e cuiabanos – pela genialidade do artista – uniu Cuiabá e Niterói.
Uma paciente e minuciosa pesquisa da escola condensou a história cuiabana para o enredo, onde uma das alas – a do Ouro – reverencia um dos trechos do Hino de Mato Grosso composto por Dom Aquino Correia “… Salve terra de amor, terra de ouro / Que sonhara Moreira Cabral / Chova os céus dos teus dons o tesouro / Sobre ti bela terra natal…”.
A partir de agora Wander Melo que encanta o Brasil e os países por onde expõe, com sua obra marcante, de traços fortes, definidos e de rara beleza, ganha nova dimensão Ao ronco da cuíca ao ritmo da bateria, quando a escola entrar na avenida o artista rondonopolitano do cerrado ocupará lugar de destaque no mundo do samba em Niterói, com reflexo nacional, sem excluir a tricentenária cidade homenageada. Isso, claro, sem falar na projeção que sua obra artística terá,
Da Redação
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