O sensível cenário da gripe aviária em Campinápolis

Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
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Sem pânico. Com serenidade e atenção permanente o Brasil precisa acompanhar o momento em Campinápolis, no Vale do Araguaia, após a notificação de um caso de gripe aviária numa criação familiar de galinhas na zona rural e a suspeita sobre a contaminação ou não de nove humanos que tiveram algum tipo de contato com as aves infectadas, e que ainda aguardam o resultado dos exames do material enviado para um laboratório na capital paulista. A notificação aconteceu no sábado (7). A atipicidade de Campinápolis cria um sensível cenário, que exige imediata prevenção para impedir que ocorra o pior.

A propriedade está isolada por um cinturão sanitário de 10 km de diâmetro, as aves foram sacrificadas, os ovos destruídos e o governo decretou estado de emergência zoosanitária por 90 dias com retroatividade ao dia 7 deste mês.

Por que a atenção permanente?

Campinápolis tem 15 mil habitantes e 55% da população é da etnia Xavante, aldeada no município, que é o único em Mato Grosso onde o número de indígenas supera a sociedade dita envolvente.

As autoridades do Ministério da Agricultura e Pecuária, e o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) reconhecem que há risco de surgimento do vírus da gripe aviária (H5N1 variação da Influenza) pela presença de aves migratórias da Amazônia no município.  Atenção sobre isso:

Em Campinápolis os xavantes estão aldeados nas terras Parabubure (224 mil hectares) e Chão Preto (12.704 hectares); em ambas a antropização é quase zero. O ambiente nas duas é propício para as aves migratórias, que fazem parte da alimentação daquela população.

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A movimentação entre as aldeias e a cidade é intensa. Os xavantes estão presentes nas escolas, postos de saúde, no comércio, na vida social e em plenário na Câmara Municipal. O modo de vida comunitário dividindo espaço e dormindo em redes uma ao lado da outra, cria um ambiente favorável à propagação de vírus.

Além disso, os xavantes fazem de suas terras, áreas de perambulação, o que os deixa em contato permanente com a natureza. Etnia aldeada no Vale do Araguaia, os que vivem em Campinápolis visitam permanentemente as aldeias de seu povo em Santo Antônio do Leste, General Carneiro, Barra do Garças, Alto Boa Vista e nos demais municípios da região onde são aldeados.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde precisam adotar fortes medidas preventivas. Um passo em falso pode botar tudo a perder: um xavante contaminado coloca em risco a etnia e a população da cidade e da zona rural.

POSITIVO – Um ponto positivo tem que ser levado em conta no caso de Campinápolis: o município tem a economia calcada no agronegócio, mas não explora a avicultura comercial. O polo mais próximo de granjas avícolas é Primavera do Leste, distante 190 km em linha reta e 240 km por rodovia.

FORTUNA – Em meio ao cenário, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, pediu um aporte de 138,5 milhões ao Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), para enfrentar a gripe aviária e três pragas consideradas emergências agropecuárias. O pedido não foi atendido e Fávaro não explicou como aplicaria a montanha de dinheiro que o levou a correr o pires junto ao MPO.

Foto: Câmara Municipal de Campinápolis

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