A data de 10 de dezembro é muito importante para Rondonópolis, cuja história institucional no âmbito da prefeitura é detalhada nesta série.
A primeira vez em que a data ganhou destaque foi em 1924, quando a Estação Telegráfica local entrou em operação, tendo por seu primeiro chefe Benjamim Rondon; e depois, em 1953, quando da emancipação política.
Rosalvo Farias
Com base na cabalística Lei 666, de 10 de dezembro de 1953, de autoria do deputado João Falcão e sancionada pelo governador Fernando Corrêa da Costa, nasceu o município de Rondonópolis, desmembrado de Poxoréu, do qual era distrito desde 26 de outubro de 1938 – data em que Poxoréu ganhou status de município.
João Falcão e Fernando Corrêa não estão mais entre nós.
Quando da emancipação Rondonópolis tinha 14.039 habitantes e remanesceram 15.174 moradores em Poxoréu. Em 1960 a população de Poxoréu saltou para 16.687 enquanto o ex-distrito registrava 22.302 moradores.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população rondonopolitana é de 232.491 habitantes. Poxoréu tem 16.219 residentes.
Em 13 de maio de 1976 o distrito de Pedra Preta emancipou-se de Rondonópolis por uma lei de autoria do deputado Afro Stefanini e sancionada pelo governador Garcia Neto.
Daniel Moura
Afro e Garcia Neto não estão mais entre nós.
No polo de Rondonópolis, Pedra Preta foi o último município emancipado na área remanescente de Mato Grosso, antes da divisão territorial para a criação de Mato Grosso do Sul em 11 de outubro de 1977.
Tangará da Serra, no Chapadão do Parecis, São Félix do Araguaia, no Vale do Araguaia, e outros distritos também ganharam autonomia administrativa na mesma data.
Na área que mais tarde seria Mato Grosso do Sul, Vicentina conquistou emancipação.
Luthero Lopes
A cidade de São José do Povo e parte daquele município pertenciam a Rondonópolis. A emancipação aconteceu em 4 de julho de 1989, por uma lei de autoria das bancadas do PMDB, PDS e PFL, com sanção pelo governador Carlos Bezerra.
A base territorial de São José do Povo é também formada por áreas que pertenciam a Guiratinga e Pedra Preta.
O primeiro prefeito de Rondonópolis foi o comerciante e pecuarista nascido na Bahia, Rosalvo Fernandes Farias, nomeado para o cargo até as eleições daquele ano.
Rosalvo não está mais entre nós.
A lei determinava que o juiz de paz assumisse a prefeitura até a posse do primeiro prefeito eleito.
O empresário Otacílio Fontoura era o juiz de Paz, mas recusou-se a administrar o município e o segundo juiz de paz Rosalvo foi empossado.
Castilho
Otacílio Fontoura não está mais entre nós.
Em 31 de janeiro de 1955 Rosalvo transmitiu a prefeitura ao primeiro prefeito eleito e comerciante Daniel Martins de Moura.
Daniel Martins de Moura recebeu várias homenagens de Rondonópolis e, dentre elas, empresta seu nome a uma escola estadual em Vila Operária – uma das maiores do município.
Daniel Moura não mais está entre nós.
Daniel Moura foi sucedido pelo engenheiro civil Luthero Lopes em 31 de janeiro de 1959.
Em Rondonópolis, o segundo maior estádio de futebol mato-grossense, com seu nome homenageia Luthero Lopes.
Hélio Garcia
Luthero Lopes renunciou em meio a uma crise política e o vice-prefeito e comerciante Lauro Mendes o sucedeu, mas Lauro também caiu e o presidente da Câmara Municipal, pecuarista e sindicalista Antônio Joaquim Alves, o Antônio Abóbora, concluiu o mandato.
Luthero Lopes, Lauro Mendes e Antônio Abóbora não mais estão entre nós.
Em 2 de fevereiro de 1963 Antônio Abóbora transmitiu a prefeitura ao engenheiro civil Sátiro Pohl Moreira de Castilho.
Castilho foi professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no campus de Cuiabá.
Zanete
Também na capital Castilho presidiu o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
Castilho não está mais entre nós.
Em 31 de janeiro de 1967 o cartorário e pecuarista Hélio Cavalcante Garcia sucedeu Castilho.
Em 30 de janeiro de 1969 o servidor público estadual, engenheiro civil e pecuarista Zanete Ferreira Cardinal foi empossado prefeito.
Em 1970, quando começou o grande fluxo migratório para Rondonópolis, Zanete era o prefeito.
Candinho
Essa migração foi motivada pela política oficial do governo federal sob os bordões “Integrar para não Entregar” e “Terra sem Homens para Homens sem Terra“, e pela busca natural por espaço para a agricultura e pecuária por parte de moradores nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
A luta por cursos universitários em Rondonópolis começou em 1970, quando Zanete era prefeito do município.
O movimento foi liderado pelo bispo diocesano Dom Osório Williberto Stoffel.
Dom Osório não mais está entre nós.
Walter Ulysséa
Em 31 de janeiro de 1972 o farmacêutico e empresário Cândido Borges Leal Júnior, o Candinho, tomou posse na prefeitura.
Em 24 de janeiro de 1975 Candinho anunciou a conquista do ensino superior, por uma lei de 2 de dezembro de 1974 que criou o Campus Pedagógico de Rondonópolis (CPR) vinculado e enquanto extensão do campus da Universidade do Estado de Mato Grosso em Corumbá/UEMT (agora Mato Grosso do Sul). Com o CPR a cidade ganhou o embrião da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR)
O CPR foi previsto inicialmente para ministrar Licenciatura Parcelada em Estudos Sociais e Ciências Exatas.
Candinho não está mais entre nós.
Carlos Bezerra
Em 31 de janeiro de 1977 Candinho transmitiu a faixa de prefeito ao advogado Walter de Souza Ulysséa, que administrou até 31 de janeiro de 1983.
Walter era prefeito em 9 de janeiro de 1980, quando o CPR desvinculou-se da UEMT e passou a integrar à UFMT, como parte da divisão dos próprios de um e outro Estado ao seu legítimo titular, como consequência da divisão territorial que criou Mato Grosso do Sul em 1977.
Em 1982, também no período da administração de Walter Ulysséa, o CPR ganhou sede própria numa área doada pelos empresários Áureo Cândido Costa e William Cândido Moraes, inicialmente de 50 hectares e posteriormente ampliada para 60 hectares.
Fausto Faria
Walter não está mais entre nós. William Moraes, também não.
Eleito prefeito em 1982, o advogado, empresário e deputado federal Carlos Gomes Bezerra tomou posse em 1º de fevereiro de 1983.
Bezerra deixou a prefeitura em 14 de maio de 1986 para disputar e vencer a eleição ao governo e foi sucedido pelo vice-prefeito e médico Fausto de Souza Faria, que permaneceu no cargo até 31 de dezembro de 1988, quando seu mandato foi concluído.
Em 1º de janeiro de 1989 o radialista, agente fiscal da Secretaria de Estado de Fazenda e posteriormente deputado estadual, aposentado enquanto deputado estadual pelo Fundo de Assistência Parlamentar (FAP) e suplente de deputado federal Hermínio Barreto sucedeu Fausto Faria.
Barreto
Barreto cumpriu mandato até 31 de dezembro de 1992.
Barreto não está mais entre nós.
Bezerra voltou novamente para a prefeitura. Dessa vez em 1º de janeiro de 1993 e ficou no cargo até 29 de março de 1994, quando deixou a prefeitura para disputar e vencer a eleição ao Senado
Com a desincompatibilização de Bezerra o vice-prefeito, empresário, contador e economista José Rogério Salles assumiu a prefeitura.
Rogério administrou até 31 de dezembro de 1996.
O médico, empresário e pecuarista Alberto Carvalho de Souza assumiu a prefeitura em 1º de janeiro de 1997 e renunciou em 20 de dezembro de 1998, para não ser julgado pela Câmara Municipal por suposto crime de corrupção no escândalo da Semanada – recebimento de propina semanalmente para garantir à empresa Transportes Coletivos Rondonópolis (TCR) o monopólio do transporte coletivo.
Bezerra novamente
Alberto foi substituído por Percival dos Santos Muniz, que concluiu o mandato e se elegeu ao cargo em 2000 ficando na administração até 31 de dezembro de 2004.
Em 1º de janeiro de 2005 o arquiteto, empresário e agricultor Adilton Domingos Sachetti assumiu a prefeitura e cumpriu mandato até 31 de dezembro de 2008.
Eleito em 2008, o professor de Matemática e engenheiro civil José Carlos Junqueira de Araújo, o Zé do Pátio, tomou posse em 1º de janeiro de 2009 e foi cassado por crime eleitoral em decisão unânime pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), juntamente com a vice-prefeita Marília Salles.
Rogério Salles
A cassação foi por crime eleitoral praticado no dia da eleição – distribuição de camisetas temáticas da campanha além do número autorizado pela Justiça Eleitoral.
Marília Salles foi a primeira vice-prefeita de Rondonópolis.
Em 15 de maio de 2012 o presidente da Câmara e advogado Ananias Martins de Souza Filho assumiu a administração até a realização de eleição indireta ao cargo.
Em 13 de junho do mesmo ano Ananias foi eleito prefeito pela Câmara Municipal recebendo 9 votos num pleito que também foi disputado pelo vereador Mohamed Zaher, que recebeu 3 votos, e o ex-vereador José Ferreira Lemos Neto, o Juca Lemos, que não foi votado por nenhum vereador.
Alberto
Ananias foi eleito juntamente com sua vice-prefeita, a jornalista Valéria Bevilácqua de Carvalho, na única eleição indireta para prefeito em Rondonópolis.
Valéria Bevilácua foi a segunda-vice prefeita do município.
Na eleição de 2012 o ex-prefeito Percival Muniz reassumiu a prefeitura encabeçando uma chapa que tinha Rogério Salles vice-prefeito.
Em 2016 Percival tentou a reeleição, sem sucesso. Seu vice-prefeito Rogério também concorreu ao cargo e foi derrotado.
Em 2016 Zé do Pátio novamente foi eleito prefeito e administra o município.
O vice de Zé do Pátio é o professor universitário aposentado e advogado Ubaldo Barros.
UFR – Criada em 20 de março de 2018 pelo presidente Michel Temer, a UFR nasceu com o desmembramento do Campus Universitário de Rondonópolis da UFMT. situado à margem da Rodovia José Salmen Hanze – Zé Turquinho (MT-270) que faz a ligação com São José do Povo e Guiratinga. e integra a malha rodoviária para Tesouro.
A Universidade tem 5 mil alunos, 300 professores, 90 técnicos-administrativos e conta com três institutos, 19 cursos de graduação e cinco programas de pós-graduação em nível de mestrado.
Em 11 de dezembro de 2019 o Diário Oficial da União publicu a nomeação da professora Analy Castilho Polizel enquanto reitora pro tempore da UFR,
Percival, o vice virou prefeito
EM FAMÍLIA – Marília Salles é mulher de Rogério Salles.
Rogério Salles foi vice-prefeito em dois mandatos – e Marília uma vez.
Percival é casado com Ana Carla Muniz, filha do ex-prefeito Candinho e prima da ex-primeira-dama Teté Bezerra, casada com Bezerra, que por duas vezes foi prefeito do município.
Ananias é filho do ex-vereador Ananias Martins de Souza, que não mais está entre nós.
Valéria Bevilácqua é mulher do ex-vereador Manoel da Silva Neto,o Dr. Manoel.
Adilton
RONDONOPOLITANOS – Entre os prefeitos e vice-prefeitos, somente Ananias e Ubaldo Barros nasceram em Rondonópolis.
As duas vice-prefeitas, Marília Salles e Valéria Bevilácqua nasceram em Minas Gerais.
CASSAÇÃO – Zé do Pátio, o único prefeito cassado em Rondonópolis, não e caso isolado em sua família. Seu avô paterno, Melquíades Figueiredo Miranda venceu a eleição para prefeito de Itiquira em 1962. Em 1963 Melquíades tomou posse e naquele mesmo ano foi cassado .
Quem substituiu Melchíades na prefeitura foi o vice-prefeito Anfilófio de Souza Campos, que cumpriu o restante do mandato até 1967.
Zé do Pátio
Em 2000, preparando uma reportagem para os 500 anos da descoberta do Brasil, ouvi Anfilófio em seu posto de combustível em Itiquira. Anfilófio disse que Melchíades foi cassado por um conjunto de crimes: improbidade administrativa, inadimplência junto a fornecedores da prefeitura e falta de repasse de recursos para a Câmara Municipal.
Itiquira, na divisa com Mato Grosso do Sul, tem 13.163 habitantes; é um dos mais importantes municípios do polo regional de Rondonópolis
Em Rondonópolis a prefeitura construiu no bairro Pedra 90 a Escola Municipal de Ensino Fundamental Melchíades Figueiredo Miranda.
Em Itiquira a prefeitura construiu a Escola Municipal de Educação Básica Anfilófio de Souza Campos.
Ananias
Melquíades e Anfilófio não estão mais entre nós.
MANDATOS – O ex-prefeito Bezerra é deputado federal pelo MDB.
Bezerra cumpre o quinto mandato à Câmara e foi deputado estadual, deputado federal governador e senador.
Sete prefeitos antes de exercerem esse cargo foram vereadores: Antônio Joaquim Alves (Antônio Abóbora), Walter Ulysséa, Hermínio Barreto, Alberto Carvalho, Percival Muniz, Zé Carlos do Pátio e Ananias.
O vice-prefeito de Walter Ulysséa, José Moraes Filho, o Beda, foi vereador.
Percival novamente
Beda não está mais entre nós.
O ex-vice-prefeito de Percival (2001/04), engenheiro civil Marco Antônio Ribeiro dos Reis, não resistiu a um infarto e não mais está entre nós.
FORÇA POLÍTICA – O município de Rondonópolis tem 155.538 eleitores – o terceiro maior eleitorado mato-grossense.
Na legislatura em curso na Assembleia Legislativa, quatro deputados são domiciliados naquele município: Nininho (PSD), Sebastião Rezende (PSC), Delegado Claudinei (PSL) e Thiago Silva (MDB). Max Russi (PSL), de Jaciara, no polo de Rondonópolis, é membro dessa legislatura.
Nininho foi prefeito em três mandatos no município de Itiquira. Max Russi foi prefeito reeleito de Jaciara. Humberto Bortolini, irmão de Nininho, é prefeito releito em Itiquira; Alexandre Russi, irmão de Max, é prefeito reeleito em São Pedro da Cipa.
Zé do Pátio exerce o cargo
Na Câmara dos Deputados, dos oito integrantes da bancada mato-grossense, dois são rondonopolitanos: Carlos Bezerra (MDB) e José Medeiros (Podemos), e Nelson Barbudo (PSL) é de Alto Taquari.
No Senado, Wellington Fagundes (PL) nasceu e reside na cidade. Na eleição de 2018 Mato Grosso elegeu Selma Arruda (PSL) senadora. Selma residiu e advogou naquela comarca antes de ser juíza do Tribunal de Justiça. No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral cassou sua chapa por caixa 2 e abuso de poder econômico. Com ela foram cassados seus suplentes Beto Possamai e Clerie Fabiana (ambos PSL).
Quatro ex-governadores são rondonopolitanos.
Carlos Bezerra (1987/90),
Moisés Feltrin (1990).
Rogério Salles (2002).
Blairo Maggi (2003/10).
Feltrin era presidente da Assembleia Legislativa e constitucionalmente assumiu o governo e o exerceu por 34 dias com a renúncia de Edison de Freitas, que sofreu acidente aéreo em Chapada dos Guimarães; Edison governava em razão da renúncia do titular, Carlos Bezerra, que se desincompatibilizou para concorrer ao Senado – e foi derrotado. Rogério era vice-governador de Dante de Oliveira, que entregou o cargo para concorrer ao Senado; Rogério governou oito meses e Dante foi derrotado.