O caso Cattani, Max, Barranco, Dino e Alexandre de Moraes

Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes

Numa canetada na condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos, Defesa dos Direitos da Mulher, Cidadania e Amparo à Criança, ao Adolescente e ao Idoso da Assembleia Legislativa, Gilberto Cattani (PL) cancelou os títulos de Cidadania Mato-grossense concedidos pela mesma comissão aos ministros do STF Flávio Dino e Alexandre de Moraes.

Cattani alegou que não participou da sessão em que a comissão deu parecer favorável ao voto do relator Max Russi (PSB) pela concessão das duas honrarias. Assim o Título de Cidadão Mato-grossense antes mesmo de entrar para a galeria das honrarias dos dois ministros, foi abortado. O deputado acrescentou que a decisão foi tomada por suplentes da comissão.

Na Assembleia todas as comissões se reúnem e deliberam com a presença ou não de titulares, o que não configura atipicidade a concessão das duas cidadanias.

A ausência de Cattani na reunião que homenageou Dino e Moraes pode ser vista como natural. O deputado tem perfil explosivo, compatível com o plenário mas não recomendável para as comissões. Numa de suas explosões Cattani traçou comparativo entre a prenhez de suas vacas e a gravidez de feministas, reconhecendo virtudes nas ruminantes e desqualificando a maternidade humana.

 

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Sobre sua presença em comissões o parlamentar deixou claro que não tem interesses por elas. Em 2023 eleito presidente da Comissão de Relações Internacionais, Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Institucional, renunciou alegando problemas pessoais.

Vale observar que Mato Grosso tem perfil exportador graças ao agronegócio do qual Cattani é defensor, e na comissão poderia prestar serviço. Ainda no plano internacional, os municípios de Poconé, Cáceres, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro têm uma fronteira com 983 km com a Bolívia, da qual 730 km em solo firme; a atuação da citada comissão é importante nas relações de Cuiabá com La Paz.

A degola das duas cidadanias por Cattani deverá enfrentar reação, como prometeu Valdir Barranco (PT), autor daquelas proposituras.

A decisão da degola não é motivo para comemoração, porque mesmo em esferas diferenciadas de poder, o Legislativo Mato-grossense quebrou a relação harmônica com o Supremo Tribunal Federal, norma essa que deve prevalecer entre os poderes. Quem sabe as ruminantes comemorem!