O Brasil insano que derruba igreja

Eduardo Gomes

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O Brasil celebra o Dia da Padroeira Nossa Senhora Aparecida, no domingo, 12 de outubro. Romeiros do país inteiro marcam encontro na Basílica Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP); em Mato Grosso, todas as cidades reverenciam Nossa Senhora Aparecida, numa celebração que desde 2013 tem uma igreja a menos, pois a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, na vila de Estrela do Araguaia, que era chamada de Posto da Mata, foi demolida em 12 de dezembro de 2012, pela truculência policial a serviço do Estado Brasileiro.

A igreja demolida era parte de Posto da Mata, que foi transformado num monturo formado pelo material que restou das escolas, postos de saúde, residências e estabelecimentos comerciais de uma comunidade que era o lar de mais de dois mil brasileiros que lutavam pela sobrevivência no ponto onde as rodovias federais 158 e 242 se encontram.


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A Igreja de Nossa Senhora Aparecida foi construída na parte de Posto da Mata que pertencia a São Félix do Araguaia – a outra parte era área de Alto Boa Vista. Sua demolição foi implacável. Uma retroescavadeira avançou sobre sua parede lateral direita, que foi ao chão. A máquina não parou até que tudo estivesse por terra, sem que o operador ou as autoridades que comandavam as demolições sequer checassem o interior do templo, para evitar possível destruição de imagens ou registros documentais. O Brasil insano, litorâneo, oportunista e velhaco com seu gesto tresloucado tentou apagar não somente o lado físico da vila, mas sua memória.

A demolição da Igreja de Nossa Senhora Aparecida foi entre aspas justificada para permitir a desintrusão do perímetro urbano e da zona rural de uma área de 165 mil hectares da antiga fazenda Suiá-Missu, conhecida na região como fazenda do Papa, para  entregá-la aos xavantes e transformá-la na Terra Indígena Marãiwatsédé, que se espalha por Alto Boa Vista, São Félix do Araguaia e Alto Boa Vista.

Foto: Eduardo Gomes

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