Mato Grosso tem 961 mortos pelo coronavirus
UTI. Em Mato Grosso essa sigla com três letras significa muito mais do que unidade de terapia intensiva. Trata-se de divisor entre a vida e a morte para muitos pacientes vítimas do coronavírus. Sua falta revela a incúria administrativa que é marca registrada no governo estadual desde tempos imemoriais. Mas, não é somente isso. O anúncio feito pelo governador democrata Mauro Mendes, de que entregará hoje, 10 de julho, 20 UTIs pactuadas para pacientes vítimas da pandemia que assola, levanta dúvidas: imagens do site oficial do governo mostram UTIs pronta e inativas, e o anúncio não explica a razão para que as mesmas fossem mantidas inativas, nem seu custo e fonte dos recursos.
Nesse cenário de ineficiência administrativa com ampla cobertura da Imprensa Amiga; de insistência do Palácio Paiaguás em noticiar a existência de 244 leitos de UTIs pra vítima do coronavírus, quando na verdade são 242, pois os dois leitos citados como sendo do Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande nunca foram nem são UTIs; e com UTIs instaladas apenas em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Cáceres, Sinop, Sorriso, Barra do Garças e Juína, Mato Grosso chora 961 mortes pela pandemia, das quais 40 nas últimas 24 horas, quando foram notificados 1.617 dos 26.396 casos da doença.
Em meio a isso, existe a judicialização da pandemia. Ora a Justiça fecha ora abre cidades. Na noite de ontem um juiz decretou mais sete dias de fechamento do comércio em Cuiabá e Várzea Grande, estendendo uma decisão anterior que vigorou por 14 dias. Também no epicentro da pandemia, a prefeitura de Cuiabá montrou – cumprindo ordem judicial – barreiras sanitárias nos acessos à cidade, pra triar quem chega. Nas barreiras não há testagem, mas somente se mede a temperatura, e se for o caso, recomenda-se que o cidadão procure atendimento médico – ridículo e inoportuno.
A pandemia matou em 139 dos 141 municípios e infecta em 90. Dos contaminados, 11.660 se recuperaram, mas 13.036 se encontram em isolamento domiciliar e 383 em leitos de enfermarias (incluindo os dois que se encontram no Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande), além de 238 em UTIs. O governo tropeça nas informações: aponta a existência de quatro leitos vagos de UTIs, enquanto uma fila com mais de 100 contaminados aguardando vaga em UTI, inclusive com liminar judicial determinando internação – além da remoção de doentes para fora do Estado, como é de domínio público.
Os números chocam, assustam e preocupam. O coronavírus matou 289 em Cuiabá, 170 em Várzea Grande, 87 em Rondonópolis, 35 em Sinop e Pontes e Lacerda (cada), 28 em Barra do Garças, 22 em Sorriso e em outros 83 municípios.
A doença tem o epicentro em Cuiabá, com 1.973 infectados seguido por Rondonópolis (1973), Várzea Grande (1964), Sorriso (1.192), Lucas do Rio Verde (1.131), Tangará da Serra (1.027), Primavera do Leste (1.004), Sinop (800) e outros 131 municípios com números menores.
Redação blogdoeduardogomes
FOTO: Marcos Vergueiro – Site público do Governo de Mato Grosso