Mauro Mendes joga o Senado no colo de Galvan
Por
Eduardo on 10 de novembro de 2025
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
Aparentemente a pré-candidatura de Mauro Mendes (União) ao Senado seguia de vento em popa, com seu nome sendo apontado como o mais forte ao cargo. Porém, o chulo xingamento entre ele e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL/SP) – acredito – mudará o curso da campanha que somente o TRE não vê, mas que é palpável até para maneta. Em suma penso que o governador com seu destempero verbal acaba de jogar no colo do ruralista Antônio Galvan (DC) uma das cadeiras de senador que estarão em disputa em outubro do próximo ano.
Mauro Mendes é considerado turrão e sempre tem o troco pronto para quem cruza seu caminho. Porém, com Eduardo Bolsonaro, que o chamou de “Bosta” e “frouxo”, ele não foi vencedor, porque o deputado é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que certamente afastará o bolsonarismo raiz de seu palanque, e claro, o pai do parlamentar.
Mais detalhado ainda: Mauro Mendes desponta bem para o Senado por duas razões: o saldo administrativo de seu governo e o apoio que recebe do bolsonarismo. Com sua troca de farpas com Eduardo Bolsonaro, ele perde um dos sustentáculos de sua pré-campanha e fica reduzido ao alicerce eleitoral que surgiu por sua atuação no Palácio Paiaguás, o que pode ser pouco para garantir a eleição.
Antes do arranca-rabo com Eduardo Bolsonaro, Mauro Mendes tinha parcela significativa do bolsonarismo com ele. Agora, a tendência é que esse eleitorado migre para Galvan, que reza pela cartilha de Bolsonaro. Com esse episódio o governador deverá aprender a lição contida na máxima popular: Ou se deve estar calado ou dizer coisa que valha mais que o silêncio.
O que isso pode significar? Acredito que o esvaziamento do apoio a Mauro Mendes e sua transferência para Galvan muda o quadro. Galvan passaria a ser o mais votado ou o segundo, disputando a liderança com Carlos Fávaro (PSD), que será o herdeiro de uma faixa entre 30% e 35% dos votos do eleitorado lulista. Nesse caso, Mauro Mendes pode cair para terceiro ou até mesmo o quarto lugar.
Essa análise não é influenciada pelos resultados das pesquisas eleitorais recentemente divulgadas, pois, infelizmente, as mesmas deixam a desejar, como demonstraram ao longo do tempo, e mais recentemente quando apontavam o deputado estadual Eduardo Botelho (União) como virtual prefeito de Cuiabá e ele sequer chegou ao segundo turno, e também em Várzea Grande, onde ungiam e reelegiam Kalil Baracat (MDB) prefeito. Lamento dizer, mas não confio nas pesquisas, que chegaram ao ponto de relacionar os nomes que provavelmente seriam os mais votados ao Senado, sem incluir Galvan, que na eleição anterior ficou em segundo lugar na disputa, com 337 mil votos. Algo misterioso leva institutos a abraçarem o fulano, a cicrana e o beltrano.
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Avalio que a força avassaladora do bolsonarismo mato-grossense empurrará Mauro Mendes para fora do caminho ao Senado. Entendo que esse embate será cauteloso no primeiro momento, por conta do lado mato-grossense que sempre se curva ao poder, mas com o passar dos dias, a corrente liderada por Bolsonaro tentará por todos os meios jogar a pá de cal nos sonhos do governador com o Senado.
Não sei como reagirá Mauro Mendes ao tratamento de “bosta” e “frouxo”. Diz a máxima popular que quem cala consente. Porém, independentemente do próximo passo do governador ele não será dado em boa direção: o silêncio é rendição, e retrucar, nesse caso, é cavar a própria cova. Independentemente do que faça Mauro Mendes, Galvan por certo agradecerá.
PS – Não creio que o deputado federal reeleito José Medeiros (PL) dispute o governo. Seu partido deverá conquistar duas ou três cadeiras para a Câmara, e ele, aparentemente, será o mais votado. Seria imprudente trocar o passarinho na mão por dois voando. Na eleição suplementar ao Senado em 2020, José Medeiros (Podemos) e Coronel Fernanda (Patriota) concorreram e racharam a votação da direita, o que facilitou a eleição de Carlos Fávaro (PSD). Gato escaldado com água quente corre da água fria.
Foto: Facebook