Mauro Mendes faz denúncia seletiva sobre emendas

Eduardo Gomes

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Mauro Mendes criticou  (e implicitamente denunciou) a Assembleia Legislativa pelo mar de emendas que avança sobre a legislatura. O governante usou como muletas o fato da criação de emendas de bancada em até 60 milhões, o que no entendimento dele é aberração, pois não existe bancada no legislativo estadual, a exemplo do que acontece no Congresso. A alfinetada foi arredondada com ele explicando que cada deputado tem, individualmente, 25 milhões por ano, para suas emendas. O detalhe mais significativo da fala deveria servir de alerta ao Ministério Público (MP): Mauro Mendes citou que os deputados priorizam emendas para festas e eventos correlatos. Os 24 atingidos permanecem calados, o que é prática na Assembleia desde os idos da Era Riva, quando  mesmo com o circo pegando fogo todos se mantinham solenes na mesa e em plenário, como se nada estivesse acontecendo. Em síntese, foi uma denúncia seletiva.

Ao botar o dedo sobre as emendas para festas de peão, feiras de futilidades, exposição de carros velhos etc. e tal, Mauro Mendes alertou o MP  pra que investigue a farra das emendas para o patrocínio de montarias em touros e cavalos. Se a Assembleia quebrasse seu isolamento e embaçamento, mostrando quanto foi destinado aos rodeios e assemelhados, quais deputados foram autores das emendas e quais as empresas beneficiadas com os mesmos – creio – muitas cabeças coroadas rolariam e em 2026 Mato Grosso teria uma renovação sem precedentes na Assembleia.

RESUMO – Temos um Executivo que faz denúncias nas entrelinhas e seletivamente. Um Legislativo de cabeça baixa, humilhado e fechado sem mostrar sua movimentação financeira. A Imprensa a tudo isso vê, em silêncio – tão silenciosa quanto a Assembleia.

Usei a expressão “denúncias nas entrelinhjas e seletivamente”, porque Mauro Mendes é uma dualidade. O governador critica os deputados, mas é incapaz de tocar no escândalo das emendas parlamentares para a compra de kits para a agricultura familiar, com execução pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar (Seaf), fato esse que o levou a exonerar o secretário da Seaf, Luluca Ribeiro, e seu staff. Este fato já celebrou aniversário e a investigação sobre o escândalo – apurado pela Controladoria Geral do Estado/CGE – permanece em silêncio, sem que Mauro Mendes se manifeste. Luluca foi nomeado pela deputada estadual Janaína Riva (MDB), da qual é funcionário em seu gabinete. Essa nomeação é parte do fatiamento do poder entre os partidos.


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Creio que de um lado e de outro da polêmico, em maior ou menor grau são todos peças do mesmo esquema de discursos seletivos, mas de proteção mútua que é jogado sobre os ombros do contribuinte na medida em que seus danos são debitados aos cofres do Estado.

Este texto é pregação no deserto. Nenhuma peça do quebra-cabeça do poder será movida. As emendas continuarão fluindo e ‘sensíveis’ figuras da vida pública estarão vigilantes para acionarem judicialmente o jornalista que ousa denunciar o estado de coisas. Isso, diante de uma população silenciosa, receiosa e acostumada a engolir sapos sem levar em conta que amanhã a contaserá debitada socialmente aos seus filhos, netos e bisnetos.

Foto: Secom/MT

 

 

 

 

 

 

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