Mato Grosso tem duas conurbações. Uma, interestadual, com Goiás, e formada três cidades; Barra do Garças, Pontal do Araguaia e a goiana Aragarças. Outra, por Cuiabá e Várzea Grande. A primeira abriga 87.841 moradores; a segunda, 697.518. Ambas as cidades da maior conurbação permanecem de costas uma para a outra e a proximidade geográfica não se traduz em afinidade administrativa em áreas que não conhecem barreiras geográficas, a exemplo do saneamento, segurança, transporte e saúde pública. Os números são da Estimativa das Populações Residentes divulgada nesta semana pelo IBGE.
A maior cidade da primeira conurbação é Barra do Garças, com 61.012 habitantes. A segunda, Aragarças, com 20.118. A terceira, Pontal do Araguaia, com 6.711. Pontal, como o nome sugere, se situa na foz do rio Garças no Araguaia – à sua direita. Aragarças, e à esquerda, Barra do Garças.
As duas cidades mato-grossenses observam o horário oficial de Brasília, que tem validade em Goiás. Barra do Garças e Pontal do Araguaia se identificam mais com Goiânia, a capital do estado vizinho, ficando Cuiabá em segundo plano.
Os limites municipais e a divisa de estados criam barreiras para as prefeituras atuarem solidariamente na questão da coleta e tratamento do lixo e esgoto, na regulamentação do transporte municipal, na política de segurança pública etc.
Na segunda conurbação Cuiabá tem 612.547 habitantes e Várzea Grande 284.971. O vaivém entre as duas cidades é intenso e a identificação cultural entre elas, também. Porém, permanecem de costas uma para a outra na área administrativa. Em outras palavras, a relação institucional é mais ou menos assim: seu lixo é seu; meu lixo é meu.
Além da questão do distanciamento administrativo, a conurbação da capital ainda enfrenta outro problema, esse de ordem moral e política – segundo analistas políticos. O prefeito cuiabano Emanuel Pinheiro (MDB) foi gravado recebendo maços de dinheiro de Sílvio Corrêa, à época chefe de Gabinete do então governador Silval Barbosa. O vídeo foi Exibido em agosto de 2017 no Fantástico da Rede Globo. Quando das gravações Emanuel Pinheiro era deputado estadual e membro da Comissão Especial de Acompanhamento da Copa do Mundo FIFA 2014. Segundo Silval e Sílvio, em delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, o dinheiro recebido por Emanuel Pinheiro seria mensalinho. Vários deputados estaduais foram filmados em situações idênticas à de Emanuel Pinheiro, mas o vídeo sobre ele viralizou por conta de um incidente que lhe rendeu o apelido de Paletó: um dos pacotes de dinheiro caiu do bolso de seu paletó: Emanuel Pinheiro abaixou, o pegou, conversou irreverente com Sílvio e saiu.
Emanuel Pinheiro nega que se tratasse de mensalinho, mas, mesmo assim. analistas políticos entendem que sua presença na prefeitura desqualifica Cuiabá para assinar acordos ou convênios com outros municípios.
Independentemente da análise sobre Emanuel Pinheiro, as duas cidades permanecem poluindo o rio Cuiaba, que as divide. As águas do Cuiabá são formadoras do Pantanal.
OUTROS – Além das duas não há outra conurbação, muito emboras as cidades de Nortelândia e Arenápolis sejam próximas uma da outra, e Matupá e Peixoto de Azevedo, também.
Nortelândia, com 5.989 habitantes e Arenápolis com 9.607 são duas cidades no polo de Diamantino, próximas ao Chapadão do Parecis e ambas oriundas do garimpo de diamante.
Matupá, com 16.566 habitantes, e Peixoto de Azevedo com 34.976 são dois municípios à margem da BR-163, no Nortão, ambos na divisa com o Pará e com parte de seus territórios em disputa judicial no Supremo Tribunal Federal – Belém reivindica uma área mato-grossense na região.
Tanto Peixoto de Azevedo quanto Matupá nasceram da política de ocupação do vazio demográfico brasileiro, com base no slogan do governo federal: Integrar para não entregar.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Tchélo Figueiredo
2 – Lenime Martins
3 – Sobre imagem da Rede Globo
4 – blogdoeduardogomes