Mato Grosso perde com guerra Irã e Estados Unidos

Soleimani no destaque
Um ataque de drone dos Estados Unidos matou o major-general iraniano Qassem Soleimani, 62, comandante da Força Quds do Corpo de Guardiães da Revolução Islâmica – o braço miliciano dos aiatolás de Teerã – na sexta-feira, 3, nos arredores do aeroporto de Bagdá, no Iraque. Outros sete também morreram na ação. A relação que era tensa entre Irã e americanos esquentou ainda mais. Apreensivo, o mundo aguarda o desenrolar da implacável vingança anunciada. Sem tomar partido nessa crise internacional, Mato Grosso pode ser duramente atingido em caso de guerra.

 

O poder de fogo do Irã

 

Distante 12.560 quilômetros de Teerã, no Irã, Cuiabá apreensiva acompanha o desenrolar da grave crise no Oriente Médio. A apreensão tem razão de ser. Afinal, o Irã é o segundo importador de commodities agrícolas mato-grossenses e em 2018 respondeu por 7,57% das exportações de Mato Grosso. Os números da balança comercial no ano passado ainda não foram revelados.

O poder agrícola de Mato Grosso

 

Em 2018, o país persa comprou de Mato Grosso US$ 1,22 bilhão em frangos, milho e outros produtos. Esse volume foi 32,7% superior ao importado em 2017, que ficou em US$ 901,7 milhões.

O líder no mercado importador é a China. Em 2018 Pequim desovou US$ 5,42 bilhões nos bolsos do agronegócio mato-grossense respondendo por 33,5% das vendas externas da economia estadual.

A apreensão é por conta do que pode acontecer ao Irã, que importa 70% de sua alimentação e tem em Mato Grosso um grande fornecedor, mas também pela Arábia Saudita, que é importante parceiro comercial da economia mato-grossense. Os sauditas disputam a hegemonia da região com os iranianos, e são aliados dos Estados Unidos.

 

Tropas iranianas

Analistas avaliam que nunca haverá conflito somente entre Washigton e Teerã, porque ao primeiro disparo, israelenses e sauditas se unirão aos americanos, enquanto a Síria, Iraque, Líbano, outros países e grupos ligados aos iranianos entrarão em cena transformando a região numa terra inabitável.

Um cenário de guerra no Oriente Médio geraria efeito em cascata na economia mato-grossense. O agronegócio perderia mercado nos países diretamente envolvidos no conflito e seus vizinhos.

Além dos danos à economia agrícola mato-grossense, um conflito mexeria com o mercado mundial de petróleo, cuja maior região produtora é aquela região. Mesmo com o Brasil autossuficiente na produção de petróleo (2,731 milhões de barris/dia) e de gás natural (118 milhões de m³/dia), as injunções internacionais forçarão realinhamento de preços. Em isso acontecendo, com a retração na exportação e o aumento do custo das lavouras, Mato Grosso seria duramente atingido sem disparar um tiro sequer e sem ser acertado pela artilharia em guerra.

SOLEIMANI – Herói nacional, Soleimani era considerado o segundo homem mais importante do Irã, atrás somente do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei – mais forte que o presidente Hassan Rouhani, muito embora sua patente não fosse o topo da carreira militar, pois equivale a general de divisão no Brasil.

Soleimani comandava um poderoso grupo fundamentalista islâmico, muito bem armado e treinado para operações dentro e fora do Irã. O major-general também agia na condição de mentor e financiador de grupos semelhantes ao seu, em diversos países árabes.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Governo de Irã

2 e 4- IRNA – Agência Oficial de Notícias do Irá

3 – Arquivo blogdoeduardogomes

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Comentários (2)
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  • Maurício Munhoz

    Muito Boa a visão

    Maurício Munhoz Ferraz – secretário-adjunto de Gestão e Planejamento Urbano da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística do Governo de Mato Grosso

  • Ataliba

    Texto cirúrgico que serve de alerta ao Governo e aos produtores rurais

    José Ataliba Rocha – Economista – Cuiabá