Importante na política de integração e interiorização do Brasil o Correio Aéreo Nacional (CAN) completa 93 anos nesta quarta-feira, 12 de junho. Mato Grosso deve muito àquela instituição da Força Aérea Brasileira (FAB).
Criado em 1931 com o nome de Correio Aéreo Militar, o CAN ganhou a nomenclatura atual em 1943, com a criação da FAB. Seu primeiro diretor foi o brigadeiro Eduardo Gomes, militar e estadista.
O brigadeiro Eduardo Gomes
Eduardo Gomes incluiu o Norte de Goiás, atual Tocantins, e Belém, no atendimento do CAN, mas o fez com a visão de integração nacional. Ao invés de definir as rotas curtas, ele determinou que a ligação fosse feita de modo a contemplar pequenas cidades dispersas na Amazônia e no Centro-Oeste. Assim, a goiana Aragarças, que forma conurbação com Barra do Garças e Pontal do Araguaia (que não existia à época) passou a receber os lendários bimotores C-47 que transportvam passageiros, medicamentos, animais domésticos e as malas postais.
Além de interligar Barra via Aragarças aos itinerários do CAN, Eduardo Gomes também determinou a abertura de uma pista de pouso próxima ao rio Xingu, numa área então pertencente a Araguaiana e hoje parte do município de Canarana. Aquela pista seria importante suporte para o coronel Flaviano de Mattos Vanique, que foi encarregado pelo presidente Getúlio Vargas de encontrar um local para a construção de uma nova capital brasileira, bem distante do litoral então ameaçado por submarinos nazistas.
O Kuarup no Xingu
A pista aberta por Eduardo Gomes é o local onde os índios do Alto Xingu realizam a certimônia anual do Kuarup, evento visitado por turistas do mundo inteiro.
Mato Grosso rende pouca homenagem a Eduardo Gomes e, dentre elas, uma rua no centro de Cuiabá e os aeroportos municipais de Nova Mutum e Poxoréu.
NO SOLO – Os lendários C-47 estão para sempre em Mato Grosso. Em Alta Floresta e Canarana, dois desses aviões estão em praça pública sobre pedestais preservando as memórias daquelas cidades; na primeira, por seus voos transportando garimpeiros de ouro e equipamentos, tendo ao manche os Irmaos Metralha; e na outra para registrar os voos que fazia pela Viação Aérea Canarana (VACA) carregando famílias e sonhos de gaúchos que vieram para Mato Grosso nos anos 1970 para colonizarem projetos idealizados e liderados pelo pastor luterano Norberto Schwantes.