Manchete do UOL sobre emendas esconde Seaf, Luluca e Janaína Riva

Eduardo Gomes
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Uma matéria incompleta e seletiva postada pelo UOL na segunda-feira (16), expõe o nome de deputados estaduais, de outras autoridades e omite o cerne do escândalo revelado em 24 de setembro de 2024, quando a Polícia Civil deflagrou a Operação Suserano, com alvo na Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), cumprindo 50 ordens judiciais, das quais 28 mandados de busca e apreensão, e que resultou na demissão do secretário da Seaf, Luluca Ribeiro, e de sua equipe, pelo governador Mauro Mendes (UOL).

A matéria do UOL, intitulada Polícia investiga desvio em emendas parlamentares e cita 14 deputados de MT, não cita Luluca Ribeiro, nem o bloqueio judicial de 28 milhões de reais dos servidores demitidos da Seaf e não faz menção que Luluca chegou ao cargo indicado pela deputada estadual Janaína Riva (MDB), conforme amplamente divulgado pela mídia quando de sua nomeação; Luluca é marido de Kezia Limoeiro, chefe de gabinete de Janaína Riva. O texto relaciona 14 deputados estaduais, mas não menciona a Seaf – que seria o pivô do escândalo, observando que todos alegam inocência.

Segundo o site rdnews, Janaína Riva emplacou Lulula na Seaf. O termo emplacar significa que alguém nomeou um afilhado ou protegido numa função de confiança. Antes de Luluca a titular da Seaf era Teté Bezerra, ex-deputada federal e mulher do presidente regional do MDB, Carlos Bezerra. Houve mudança de nomes, mas o partido continuou controlando a Seaf.

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São eles: Eduardo Botelho (União), à época era presidente da Assembleia; Juca do Guaraná (MDB); Cláudio Ferreira (PL); Doutor João José (MDB); Alan Kardec (PSB), atual secretário de Ciência e Tecnologia da Informação; Gilberto Cattani (PL); Fabio Tardin (PSB); Júlio Campos (União); Faissal Calil (PL); Ondanir Bortolini (PSD); Dr. Eugênio (PSB); Wilson Santos (PSD); Thiago Silva (MDB); Dilmar Dal Bosco (União) e Carlos Avallone (PSDB).

Há inconsistência no texto. A relação tem 15 nomes e o título cita 14 deputados. O deputado Diego Guimarães (Republicanos) é citado – além dos 15 -, mas com a observação que ele não tem nada a ver com o escândalo. Allan Kardec não é nem foi deputado em 2024. Cláudio Ferreira renunciou ao cargo no ano passado, ao ser eleito prefeito de Rondonópolis.

Um portal da dimensão do UOL ao noticiar um escândalo envolvendo nomes da maioria dos deputados estaduais, mas sem citar o cerne da questão, a Seaf, nos mostra um jornalismo seletivo. Por que razão a Seaf não é citada? Por que razão Luluca Ribeiro, que foi exonerado em razão do escândalo, não teve seu nome revelado? Por que razão a deputada Janaína Riva, que indicou Luluca ao cargo, não foi mencionada?

A manchete do UOL relacionou deputados que teriam destinado emendas parlamentares para a Seaf comprar kits agrícolas para a agricultura familiar, mas centrou o texto somente nos parlamentares, excluindo aquela secretaria  e a demissão em massa de comissionados em sua cúpula pelo governador Mauro Mendes, depois que o caso ganhou as manchetes.

Notícia tem que ser exata. Não pode citar personagens alheios ao fato nem omiti-los. Isso também se aplica ao UOL.

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