Júlio e Bezerra rebatem Pedro Taques

Júlio: minha administração foi melhor do que a dele (Taques)

Numa entrevista comparativa entre o seu e governos anteriores, o tucano Pedro Taques disse que antecessores juntamente com seus familiares, aos quais chamou de ‘eles’ formariam forças conservadoras para confrontá-lo. Paralelamente a isso, traçou o perfil de sua administração que está em seu último semestre. Dos citados, Júlio Campos (DEM) e Carlos Bezerra (MDB) retrucaram. Jayme Campos (DEM) e pré-candidato ao Senado preferiu o silêncio. Garcia Neto, que governou de 1975 a 1978, morreu aos 87 anos em 20 de novembro de 2009; o deputado federal Fábio Garcia, presidente regional do DEM, não atendeu as ligações para falar sobre o caso; Fábio é neto de Garcia e seu herdeiro político. Citando dados, Júlio disse que “minha administração foi melhor do que a dele (Taques)”. Em tom áspero Bezerra pediu que o governador ao invés de criticar políticos deveria sim, “é mostrar ao povo de Mato Grosso que a corrupção está entranhada em seu governo”.

Antes de traçar comparativo entre a sua e a administração de Taques, Júlio disse que o governador é ingrato e não cultiva amizades, “o seo Nego Ribeiro (Alinor Taques), pai do Pedro (Taques), morava no município de Rosário Oeste e precisava botá-lo na escola em Cuiabá. Então ele pediu emprego para o filho, que tinha 14 anos. Eu era governador e falei com o presidente do (extinto) Banco do Estado, o Bemat, para nomeá-lo office boy; foi seu primeiro emprego”. Júlio disse que atendeu seo Nego, por conta da amizade que sempre uniu suas famílias.

De 1983 a 1986, quando governou, Júlio adotou por slogan, “40 anos em 4”. O ex-governador acredita ter alcançado a meta anunciada. “Naquele tempo não havia Fethab nem FEX, mas nós construímos 2.230 quilômetros de pavimentação e abrimos 4.000 quilômetros de rodovias incluindo a MT-320 de Marcelândia a Nova Santa Helena, e a MT-175 chamada de Trans-mato-grossense, de Tangará da Serra a Aripuanã passando por Campo Novo do Parecis, Brasnorte, Juína, Castanheira e Juruena”. Ainda no setor rodoviário ele acrescenta que ligou Paranatinga a Gaúcha do Norte, e Água Boa a Paranatinga.

Na área habitacional Júlio revela que construiu 40 mil moradias pela extinta Cohab, “CPA, Morada do Ouro, Cristo Rei (Várzea Grande), Marechal Rondon (Rondonópolis) e muitos outros conjuntos”, exemplifica.

No setor elétrico, em seu governo Mato Grosso ganhou a terceira linha de transmissão de Cachoeira Dourada a Cuiabá.

Na Educação – um de seus orgulhos – Júlio estufa o peito para dizer que “construímos mil salas de aulas e a população de Mato Grosso era de um milhão e seiscentos mil habitantes, ou seja, a metade da atual”.

Cultura e turismo se completam. Júlio recorda que seu governo fez o tombamento do Cine Teatro Cuiabá, da antiga Residência Oficial dos Governadores, do Palácio da Instrução e de muitos outros imóveis históricos. Na área turística foram construídos os balneários de Salgadeira e das Águas Quentes, em Barra do Garças. “Conseguimos atrair investidores em hotelaria para Cuiabá”, comemora.

Júlio diz que fez mais do que Taques e sem Fethab e FEX

Até 1983 Barra do Garças não tinha aeroporto. Os pousos destinados àquela cidade eram feitos na antiga Base Aérea de Aragarças (GO), cidade que juntamente com Barra e Pontal do Araguaia formam uma conturbação com os rios Garças e Araguaia ao meio.

A primeira visita de Júlio à Barra foi complicada. A Casa Militar de Mato Grosso pediu autorização ao governo goiano para a segurança do governador vizinho atuar em Goiás. Tão logo desceu do carro em Barra, Júlio anunciou que construiria um aeroporto exclusivo para a população barra-garcense. Esse aeroporto continua em operação. Alta Floresta que estava no auge do ciclo do ouro, também ganhou o Aeroporto Piloto Oswaldo Martins Dias – sua pista com 2.500 metros é a maior de Mato Grosso.

Júlio concluiu dizendo que não iria rebater Taques com frases de impacto e que apresentou alguns números de determinadas áreas de atuação de seu governo para que a população trace um comparativo entre o que ele fez “e o que Taques não fez”.

BEZERRA – Após um breve silêncio ao ser questionado como via o comparativo feito por Taques, Bezerra respondeu com rispidez, bem ao seu estilo ‘mão de pilão’. “Todos (os ex-governadores) superaram e muito o governo dele, que é um desastre sob todos os aspectos, incluindo a falta de gestão, a inexistência de planejamento”.

Para Bezerra, Mato Grosso está ‘atado administrativamente há três anos e meio’. Ele criticou a falta de obras e de politicas sociais apontando o dedo para suposta corrupção que teria sido descoberta na Secretaria de Educação, e no Detran, pela Operação Bereré. Mais: classificou o escândalo Grampolândia Pantaneira enquanto “prática fascista a mando do Estado”.

O líder regional do MDB concluiu com uma sugestão a Taques, que segundo ele, ao invés de criticar políticos deveria sim, “é mostrar ao povo de Mato Grosso que a corrupção está entranhada em seu governo”.

‘ELES’ – A designação de ‘eles’ dada por Taques teve endereço certo: Bezerra, Júlio, Jayme e Fábio, todos empenhados na pré-campanha do ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (DEM) ao governo.

Jayme é pré-candidato ao Senado. Júlio é citado enquanto provável candidato a deputado estadual; os dois são irmãos e exerceram os cargos de prefeito de Várzea Grande, governador e senador.

Recentemente Bezerra anunciou que seu partido formará aliança com o DEM e outras siglas pela eleição de Mauro e Jayme. Antes do anúncio o MDB figurava entre os possíveis aliados do PR que trabalha o nome do senador Wellington Fagundes ao governo.

Fábio cumpre o primeiro mandato e foi eleito pelo PSB, da base aliada de Taques. Na janela para parlamentar mudar de partido, ele se filiou ao DEM e ganhou sua presidência regional; Fábio anunciou que tentará a reeleição.

Mauro, que não foi incluído entre ‘eles’, mas está no centro da polêmica pelo apoio que recebe dos três ex-governadores e de Fábio, foi companheiro político de Taques em 2010 em sua candidatura ao Senado e em 2014 quando chegou ao Paiaguás.

Eduardo Gomes/blogdoeduardogomes

FOTOS: Dinalte Miranda

 

TRANSCRITO do mesmo jornalista em publicação no Jornal Diário de Cuiabá edição 21 julho 2018 e de sua versão eletrônica em http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=517005