Não conheço o jornalista Douglas Belan, que apresentava o diário Bom Dia Mato Grosso na TV Centro América, afiliada da Globo, e que foi demitido após a imagem de um pênis no WhatsApp invadir a tela, sem que sua intenção fosse aquela. O caso Belan, é tratado com cautela nos sites e redes sociais. Ele tem minha solidariedade, e aproveito as luzes ora voltadas ao jornalismo pra falar, ainda que superficialmente, sobre essa profissão na terra do Patrono das Comunicações, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Sobre Belan, nada a dizer, por não conhecê-lo. Quanto ao episódio, sim, por entender que se trata de injustiça. A Globo invade os lares do Brasil com mulheres peladas no horário nobre, onde também mostra todo tipo de perversão sexual com suas novelas desagregadoras da família brasileira; com filmes e séries com cenas tão tórridas a ponto de transformarem os quadrinhos de Carlos Zéfiro em catecismo religioso. Num contexto desse, de tamanha luxúria, a imagem de um pênis, durante míseros segundos – e com sua exibição involuntária – não seria argumento patronal pra demitir alguém – avalio.
Pobre Centro América, que espicha o jornalismo regional, mas não tem conteúdo para preencher esse espaço, uma vez que o maior volume de informações com força suficiente pra sacudir o telespectador passa pelos deslizes dos grandes anunciantes: governo estadual e Assembleia Legislativa.
Quem conhece a regra editorial da emissora dos Zahran, sabe bem que crítica aos anunciantes não vai além da segunda – ou no máximo terceira – matéria, para em seguida o assunto ser definitivamente sepultado. O que leva a esse desfecho não é revelado ao telespectador, mas todos os quem bebem água sabem que o abafa não nasce de relação de castidade.
Que o jovem Belan encontre outra bancada em Mato Grosso ou no seu Paraná, de onde chegou recentemente. E que a Centro América reveja seu jornalismo, ora calcado em interação via WhatsApp com o telespectador e sempre radiante em mandar felicitações aos aniversariantes seo Manoel, no Coxipo da Ponte; dona Ruth mãe da Ceição, no Cristo Rei em Várzea Grande; ao pastor Gonçalo, no arraial dos Freitas.
O barco da Imprensa segue navegando pelas águas turvas mato-grossenses caracterizadas pelo silêncio conivente com o poder, pelo foco do noticiário que teima em isolar e desqualificar os municípios fora do entorno de Cuiabá e pelo excessivo zeloso pra não exibir órgão sexual, porque o momento da sexualidade pesada, desmedida e explícita é exclusividade das novelas, filmes, séries e documentários – essa parte da programação que é vista pelos mesmos que num piscar de olhos viram o pênis que um telespectador enviou por leviandade e irresponsabilidade ao celular do apresentador Belan. Plim plim!
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS: Sobre imagens da TV Globo