Mato Grosso tem 141 municípios e nove com população entre 30 mil e 30.999. Quinze cidades pertencem ao grupo das novas, sendo que 13 foram instaladas em 1º de janeiro de 2001 e duas em 1º de janeiro de 2005. Os números sobre a população foram divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo IBGE
Na faixa de 30 mil a 39.999 habitantes o maior município é Colniza, com 38.582 habitantes, seguido por Guarantã do Norte (35.816), Campo Novo do Parecis (35.360), Peixoto de Azevedo (34.976), Juara (34.974), Barra do Bugres (34.966), Colíder (33.438), Poconé (32843) e Confresa (30.933).
Desses municípios, somente Barra do Bugres e Poconé figuram entras as antigas cidades mato-grossenses. Os demais surgiram nos anos 1970 e 1980.
Poconé é o único com território exclusivamente no Pantanal. É sede da Associação Nacional dos Criadores do Cavalo Pantaneiro e anualmente promove a festa da Cavalhada.
Confresa é única cidade do Vale do Araguaia (margem da BR-158).
Colíder, Guarantã do Norte, Juara e Peixoto de Azevedo pertencem ao Nortão. Juara é um dos maiores polos da pecuária nacional. O mercado atacadista de Guarantã abaste parte da vizinhança no Pará. Colíder é polo de abate bovino. Peixoto é centro de extração de ouro.
Campo Novo do Parecis se situa no Chapadão do Parecis – é um dos grandes polos do agronegócio nacional.
Barra do Bugres é polo sucroalcooleiro ao lado do Chapadão do Parecis.
Novos municípios
Instalados em janeiro de 2001
Colniza 38.582 habitantes.
Na divisa com Amazonas e Rondônia. É o maior município de Mato Grosso:27.946 km². Sede de comarca. Pertencia a Aripuanã.
Bom Jesus do Araguaia 6.580.
Município no Vale do Araguaia. Em 2012 perdeu parte da atividade agropecuária com a criação da reserva indígena Marãiwatsédé, dos xavantes.
Curvelândia 5.219.
No polo de Cáceres na faixa de fronteira com a Bolivia. Mosaico fundiário de pequenas propriedades com pecuária leiteira.
Santo Antônio do Leste 5.174.
Na região de Primavera do Leste. É um dos grandes produtores agrícolas de Mato Grosso.
Conquista D’Oeste 4.038.
No polo de Pontes e Lacerda, à margem da BR-174. Tem extração de ouro e enfrenta problema agrário por falta de regularização fundiária.
Rondolândia 4001.
Na divisa com Rondônia. Não tem ligação rodoviária direta com Mato Grosso.
Nova Nazaré 3.849.
No polo de Água Boa, à margem da MT-326, no Vale do Araguaia. Enfrenta problema fundiário.
Nova Santa Helena 3.718.
No Nortão, à margem da BR-163, no trevo com a rodovia MT-320 que dá acesso a Colíder e Alta Floresta.
Santa Rita do Trivelato 3.429.
No polo de Nova Mutum, no Nortão. É um dos destaques da produção agrícola mato-grossense.
Vale de São Domingos 3.127.
Polo de Pontes e Lacerda na faixa de fronteira. Enfrenta problema por falta de regularização fundiária.
Novo Santo Antônio 2.640.
No polo de São Félix do Araguaia, no Vale do Araguaia. Enfrenta problema fundiário por falta de regularização fundiária.
Santa Cruz do Xingu 2.564.
Na calha do rio Xingu, Vale do Araguaia, no polo de Confresa.
Serra Nova Dourada 1.650.
Vizinho de Bom Jesus do Araguaia, enfrenta problema por falta de regularização fundiária.
Instalados em janeiro de 2005
Ipiranga do Norte 7.667 habitantes
No Nortão, polo de Sorriso. É importante município agrícola mato-grossense. Surgiu de um projeto da reforma agrária.
Ipiranga do Norte é tema de um capitulo do livro NORTÃO BR-163: 46 ANOS DEPOIS, publicado em 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivo culturais. Para saberem mais sobre o município leiam o capítulo embaixo.
A cidade onde nasceu o Grito do Ipiranga
A nova e pequena cidade onde surgiu o Grito do Ipiranga
O município de Ipiranga do Norte foi instalado em janeiro de 2005. Sua colonização é um dos capítulos da ocupação do vazio amazônico.
Grandes rodovias trancadas. Agências do Banco do Brasil isoladas por tratores. A Esplanada dos Ministérios tomada por um mar de chapéus, tratores, colheitadeiras e caminhões. A gigantesca manifestação levou o país a refletir sobre a importância da agricultura, do agronegócio e do produtor rural. Era o Grito do Ipiranga. O ano: 2006. A razão? A busca desesperada por uma política agrícola justa e que oferecesse reais garantias jurídicas a quem produz. Aquele movimento nasceu em Ipiranga do Norte, município à época com um ano de instalação.
O Grito que despertou o Brasil
O Grito levou o nome do município onde surgiu. À sua frente o prefeito e empresário rural Ilberto Effting, o Alemão.
De Ipiranga do Norte o movimento espalhou-se pelos estados produtores e figuras do meio político e sindical usurparam a liderança de Alemão deixando-o em plano secundário.
A cidade é plana, parcialmente pavimentada, com amplas avenidas, belas residências, recolhe o lixo, mas não trata o esgoto. Seus principais eventos festivos são realizados no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Herança Nativa. De acordo com o calendário agrícola ora a soja ora o milho safrinha a abraçam. O município, instalado em 1º de janeiro de 2005, tem 3.467,051 km² e figura no time dos 11 maiores produtores de soja em Mato Grosso.
Com 7.171 residentes em 2016 sua densidade demográfica é de 1,47 habitante por quilômetro quadrado. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,727.
O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 500.860.000 e a renda per capita é de R$ 78.912,83. Mesmo com grande produção agrícola Ipiranga do Norte ainda não entrou no mercado internacional.
O município banhado pelo Teles Pires e seu afluente rio Verde emancipou-se de Tapurah em 29 de março de 2000 por uma lei de autoria do deputado José Riva, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador Dante de Oliveira.
Ipiranga do Norte pertence à comarca de entrância especial de Sorriso. Pela Rodovia Geraldo Francisco Cella (MT-242) a cidade é interligada à BR-163 na zona urbana de Sorriso distante 80 quilômetros. A MT-242 é pavimentada e pedagiada. Ipiranga do Norte e Itanhangá são os dois municípios mais novos de Mato Grosso.
Alemão
MEMÓRIA – Ipiranga do Norte nasceu da reforma agrária. Começou em 1990 com o embrião do Projeto de Assentamento Ipiranga, na fazenda do mesmo nome, em Tapurah. Os parceleiros em sua maioria eram oriundos de vários estados e em acampamentos aguardavam a distribuição de lotes pelo Incra; parte deles acampou-se em Nobres.
A vila que mais tarde seria a cidade foi inaugurada pelo Incra em 15 de março de 1995 numa área de 200 hectares e sua população predominantemente era formada por parceleiros.
Em maio de 2007 seu primeiro prefeito Ilberto Effting, o Alemão, foi afastado do cargo por decisão da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O vice-prefeito Orlei José Grasselli, o Graxa – ex-parceleiro – assumiu a prefeitura. Um ano e três meses depois a Justiça devolveu o mandato a Alemão, mas ele permaneceu pouco tempo no cargo. Debilitado e emocionalmente ferido pela condenação, à qual não teve direito de defesa – como atesta sua absolvição judicial – em 5 de setembro de 2008 sofreu um infarto em seu gabinete; foi atendido na emergência em seu município e removido para o Hospital Regional de Sorriso, mas não resistiu. Alemão fechou os olhos para sempre. Levou a marca da injustiça que o fulminou. Deixou a chama da luta dos produtores rurais por seus direitos.
Texto extraído de seu livro ”NORTÃO BR-163: 46 ANOS DEPOIS” publicado em dezembro de 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivos culturais
Itanhangá 6.727 habitantes
No Nortão. Na vizinhança de Itanhangá. Surgiu de um projeto da reforma agrária.
O município de Itanhangá ganhou um capítulo do livro NORTÃO BR-163: 46 ANOS DEPOIS publicado em 2016 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade, sem apoio das leis de incentivos culturais. Leiam o texto e saibam mais sobre o lugar.
Capítulo:
Do pesadelo ao sonho bom
Fazenda Vale do Arinos, município de Tapurah, 12 de agosto de 1994. O pesadelo vira sonho. Sonho bom para 1.149 famílias de Lucas do Rio Verde, Diamantino e Tapurah, que um dia antes desmontaram suas barracas de lona plástica defronte ao Incra, em Cuiabá, e chegaram ao Projeto de Assentamento Tapurah/Itanhangá, numa área do Incra em Tapurah. Esse foi o embrião de Itanhangá.
O vento soprava forte no cerrado quando as famílias desembarcavam. Antes da chegada, peregrinaram por 30 dias num acampamento na fazenda São João, em Diamantino, até serem despejadas em 9 de maio de 1994. De lá, um grupo foi para Cuiabá e montou barracas na porta do Incra. Negocia dali, negocia daqui e o assentamento em Itanhangá saiu do papel. Virou realidade. Virou vila em 12 de agosto daquele ano e cidade em 29 de março de 2000 por uma lei sancionada pelo governador Dante de Oliveira, oriunda de projeto do deputado José Riva aprovado pela Assembleia Legislativa. Itanhangá pertence à comarca de primeira entrância de Tapurah.
A denominação do município tem origem na sabedoria popular. Em tupi-guarani Itanhangá significa pedra de fogo. Antigos moradores juram que era muito comum avistarem bolas de fogo nas áreas acidentadas próximo ao perímetro urbano. Daí deu no que deu.
Itanhangá é cidade com baixo índice de criminalidade, mas já carregou a pecha de ser a terceira em número de mortes violentas no país. O Mapa da Violência dos Municípios em 2008, publicado pelo Ministério da Justiça com base em dados de 2006, revelou que para cada grupo de 100 mil moradores em Itanhangá 105,7 foram assassinados. No topo do ranking ficou Coronel Sapucaia (MS), com 107,2 para igual grupo.
O Mapa não computou o caso do então presidente da Câmara de Itanhangá, Hildo Cezar Dallapria (PP), que em 20 de junho de 2006 foi vítima de emboscada. Dallapria foi atingido por oito tiros de calibre 22 e teve uma das mãos parcialmente mutilada pelas balas. Seu caso foi um entre tantos outros da violência que reinava no município, mas que não somaram para a composição daquele indicador.
Em 2007 Dallapria me recebeu em sua casa para uma entrevista e disse que o atentado teve motivação política. Acrescentou que tentou provar isso no inquérito policial, mas que o caso mergulhou numa densa nuvem e acabou abafado por forças poderosas.
SONHADORA – Dona Maria Ramos estava entre os que sonharam com Itanhangá e, acompanhando seu marido, Geraldo, chegou àquele lugar junto com os demais pioneiros. O Incra não contemplou dona Maria com parcela da reforma agrária, mas isso não a desanimou. Ela e Geraldo criaram cinco filhos e agora o casal tem 12 netos.
Sem chão pra plantar, Geraldo se vira na construção civil na cidade. O sonho de dona Maria não acabou; agora ele é por dias melhores para a filharada, “Nesta terra boa de viver”, como diz, mantendo o sotaque mineiro que trouxe de sua terra, Governador Valadares.
ITANHANGÁ – Juntamente com o vizinho Ipiranga do Norte – é o município mais novo de Mato Grosso. Sua instalação aconteceu em 1º de janeiro de 2005. A área territorial é de 2.898,075 km². Em 2016 a população era de 6.252 habitantes, com densidade demográfica de 1,82 habitante por quilômetro quadrado. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,710 numa escala de zero a um. O Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 177.533.000 e a renda per capita, de R$ 29.837,47. A economia local ainda não se inseriu ao mercado internacional.
A cidade não tem tratamento de esgoto, mas a água atende a todos os domicílios. Parte de Itanhangá é pavimentada. As vilas de Simioni e Monte Alto lhe pertencem. O município é banhado pelo rio Arinos da Bacia do Juruena.
Por rodovia, com alternativas de trajeto Itanhangá dista 460 quilômetros de Cuiabá. No final de 2016 um dos trajetos tinha um trecho de 36 quilômetros em pavimentação. No outro faltavam 16 quilômetros para a interligação com a malha rodoviária pavimentada.
Em 2016, transcorridos 22 anos do desembarque dos parceleiros pioneiros, o assentamento que os recebeu ainda não foi emancipado pelo Incra. Muitos contemplados com lotes os deixaram, os venderam por meio de contratos de gaveta, partiram em busca de novos horizontes, porque a burocracia do Incra infernizava suas vidas – dentre eles também havia os “profissionais” da reforma agrária, que aportam em assentamentos para levar algum tipo de vantagem.
A terra fértil de Itanhangá e a topografia que permite a mecanização despertaram interesse em produtores rurais e alguns compraram ou arrendaram lote para o cultivo da soja e milho safrinha. Com isso o município passou a se integrar ao modelo econômico de sua região, que é um dos principais polos do agronegócio brasileiro. Essa alteração no mosaico fundiário levou o governo federal, em 2010, a investigar o que se passava por lá.
Em novembro de 2014, portanto quatro anos depois do início das investigações, Itanhangá foi destaque na imprensa, com a deflagração pela Polícia Federal da Operação Terra Prometida para desbaratar um esquema criminoso de venda e posse irregular de lotes do assentamento que deu origem ao lugar. Essa operação foi levada a efeito por 350 policiais de oito estados, que cumpriram 146 mandados de busca e apreensão e efetuaram mais de 20 prisões.
Dentre os presos na Operação Terra Prometida, o empresário Marino Franz, ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, e Odair e Milton Geller, que são irmãos de Neri Geller, à época ministro da Agricultura. Milton foi prefeito de Tapurah. Franz e os irmãos Geller foram soltos. O nome de Neri chegou a ser citado na Operação, mas o Ministério Público Federal apurou que ele não teve participação do caso.
Em 19 de dezembro de 2014, quando a operação estava em fase de tramitação de inquéritos e com diligências em campo, a Polícia Federal prendeu na Assembleia Legislativa o vereador por Itanhangá Silvestre Caminski (PPS) logo após sua fala numa audiência pública que discutia a questão das terras públicas. A justificativa para a prisão foi a preservação das investigações. Tal audiência foi requerida pelos deputados Nininho Bortolini (à época PR e agora PSD) e Ezequiel Fonseca (PP, agora deputado federal). Caminski foi solto e o caso continua em curso com tempero em banho-maria, como tradicionalmente acontece nas questões agrárias.
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Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
blogdoeduardogomes e www.itanoticias.com.br (foto da cidade de Itanhangá)