Hortêncio Paro quer bolsa de cereais do Mercosul

Paro, “Sem Chicago”

Uma bolsa de grãos e plumas para as commodities agrícolas do Mercosul. Essa a sugestão de Hortêncio Paro, para que a produção de soja da América do Sul não fique sujeita ao bom humor ou não da Bolsa de Chicago, no Estados Unidos, que é onde os produtos agrícolas brasileiros e da vizinhança são vendidos.

A sugestão parte de uma das maiores autoridades na pesquisa da agricultura nos trópicos. Segundo Paro, o nível de produtividade alcançado pelo agricultor sul-americano é satisfatório e o que falta agora é melhorar sua lucratividade, o que está umbilicalmente ligado às vendas em bolsa de mercadorias.

Paro não trata o caso com bairrismo, defendendo que a bolsa seja instalada no Brasil. “Se ela é do Mercosul pode funcionar em qualquer um dos países do bloco continental”, sugere. A economia é dinâmica – no entendimento dele. Daí, que não adianta tentar preconceber um modelo para a bolsa, que na hora certa poderá ser arredondada.

Claro que a criação de uma bolsa para comercializar o maior volume mundial de soja (produzida no Brasil, Argentina e Paraguai – e Bolívia na excepcionalidade) mexeria com a bilionária engrenagem financeira controla por Chicago e as trades do setor, mas nem isso teria força para segurar um projeto em bloco dos sul-americanos.

Para ele, falta apenas um líder ruralista abraçar essa proposta, que a mesma se viabilizará tamanho apoio que receberá.  Esse entendimento foi manifestado por Paro em 15 de abril, num dos intervalos do movimento Mato Grosso Mais Forte, realizado em Cuiabá pela Associação dos Produtores e Soja e Milho (Aprosoja).

PARO – Agrônomo formado pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba,  dedicado, pesquisador incansável, Hortênio Paro trabalha em Mato Grosso desde 1972, pois naquela ano ao trocar o Paraná, onde vivia, por uma experiência no Centro-Oeste, desembarcou em Fátima do Sul, que mais tarde passaria a pertence a Mato Grosso do Sul. Ainda naquele Estado desmembrado do território mato-grossense, Hortêncio Paro trabalhou em Dourados e Três Lagoas. Em 1976, a Associação de Crédito e Assistência Rural de Mato Grosso (Acarmat) o levou para seus quadros de pesquisadores, em Cuiabá.

Mal chegou, a Acarmat  foi extinta, nascendo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Mato Grosso (Emater), empresa pública, vinculada ao governo estadual, Em 1992, a Emater foi engolida pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), que nasceu da fusão da Emater com a Empresa de Pesquisa Agropecuária (Empa) e a Companhia de Desenvolvimento Agrícola (Codeagri). Oriundo da Emater, Hortênio Paro passou pelas mudanças nas empresas e permaneceu nos quadros da Empaer até a aposentadoria.

De Cuiabá, Hortênio Paro entrou em cena para criar a cultura da soja em Mato Grosso. Foi ele quem trouxe os primeiros cultivares, a variedade IAC-2. desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). O primeiro agricultor assistido e orientado foi o pioneiro no cultivo da soja mato-grossense, Adão Riograndino Mariano Salles, da fazenda São Carlos, em Rondonópolis. A primeira safra comercial: 1977.

Desde que chegou Hortênio Paro nunca descansou um dia sequer. Esteve presente em todas as regiões difundindo a soja e outras lavouras. Quando Munefume Matsubara resolveu cultivar a leguminosa abaixo do Paralelo 13, na fazenda Progresso, em Sorriso, Hortêncio Paro estava ao seu lado.

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) sempre foi um de seus destinos. “Sempre colaborei com ela (UFMT), mas nunca fui seu professor formalmente“, revela com naturalidade.

Reconhecido nos meios dos produtores rurais, Hortênio Paro, 75 anos, é paulistano de berço, mas Cidadão Mato-grossense pela Assembleia Legislativa.

Redação blogdoeduardogomes

FOTO: blogdoeduardogomes

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