Guiratinga 86 anos de uma caminhada que começa

O ipê florido na paz de Guiratinga

Guiratinga, 2 de agosto de 1983. O governador Júlio Campos inaugura a energia elétrica interligada ao Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS). A cidade aposenta os velhos conjuntos estacionários a diesel da Cemat, que durante décadas garantiram a iluminação, o funcionamento da geladeira e da TV que dava seus primeiros passos naquela região. A data era especial: o município comemorava 50 anos de emancipação. Cobri aquele evento.

Guiratinga, 2 de agosto de 2109. Sem nenhuma obra de relevância para registrar a data, o município completa 86 anos. 

Transcorridos 36 anos da inauguração da energia, a economia deu uma guinada. Antes, o garimpo de diamante era a peça-chave da economia, secundado pela pecuária. Agora, uma certa chinesinha chamada Glycine max, mas chamada de soja pela sabedoria popular, dá as cartas por lá. A população saltou de 13.579 para 15.035 habitantes – pequeno crescimento.

Guiratinga é sede de município e comarca no polo de Rondonópolis.

Garimpeiros descobriram diamante na região de Guiratinga, no começo do século passado. A atividade garimpeira foi intensa até meados dos anos 1990, quando o rigor ambiental satanizou o garimpo.

Nos anos 1950 e 60, quando o acesso rodoviário a Guiratinga era difícil, aviões da extinta companhia Real Transportes Aéreos, faziam escalas em Guiratinga, num dos voos da rota Cuiabá-Campo Grande. Essas aeronaves transportavam, sobretudo, compradores de diamantes.  Seu principal acesso é pela MT-270, a Rodovia José Salmen Hanze (Zé Turquinho), que num trajeto de 110 quilômetros faz sua ligação com Rondonópolis. Essa rodovia foi pavimentada em 1978 pelo governo estadual.

Por anos a fio, Guiratinga foi referencial de tratamento médico. Pacientes de vários pontos de Mato Grosso e até mesmo de Rondônia, Acre e Goiás lotavam o Hospital Santa Maria Bertila.

No ciclo do garimpo a noite não tinha fim em Guiratinga. O sanfoneiro, vereador e vice-prefeito Lídio Magalhães tocava os corações com a melodia de seu instrumento. Lídio morreu, virou nome de rua, deixou os salões de baile, as serenatas, os cabarés do garimpo; mais que isso: deixou um vazio numa Guiratinga mais produtiva e menos festeira. Também na noite, o maestro Marinho Franco a todos encantava com seu saxofone acompanhado por seu conjunto musical.

A noite murchou e com ela a cidade ficou sem os grandes bailes de sua época de diamante nos salões da AABB e do Caleg. Hoje, a grande atração da cidada é o grupo Os Caretas – mascarados que percorrem as ruas no carnaval e atraem turistas; juntamente com os adultos, crianças participam da festa de momo com o grupo Os Caretinhas.

Guiratinga foi a primeira cidade mato-grossense – do Estado remanescente após a criação de Mato Grosso do Sul – abastecida por frota regular dos caminhões do pioneiro Nêgo Amâncio.

Sobre Marinho Franco e Nêgo Amâncio leiam o ícone PERSONAGENS

Redação blogdoeduardogomes

FOTO: Wendell Xavier de Souza

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