GOTA D’ÁGUA – Presidente da Câmara convoca suplente sem ouvir titular afastado

Eduardo Gomes

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Manchete em Mato Grosso nesta sexta-feira, 20, a Operação Gota D’Água, da Polícia Civil, teria desarticulado uma organização criminosa instalada no Departamento de Água e Esgoto (DAE) da Prefeitura de Várzea Grande, desde 2019, segundo policiais que participaram da ação. Foram cumpridas 11 prisões preventivas, inclusive a do vereador Pablo Pereira (União), que foi afastado do cargo eletivo. Os números são superlativos, mas o que chama a atenção é o posicionamento do presidente da Câmara Municipal, Pedrinho Tolares (União), que antes mesmo da apresentação da defesa de Pablo Pereira, marcou data para a posse de seu suplente.

Gota D’Água foi deflagrada após sete meses de investigação, a partir de uma denúncia do prefeito Kalil Baracat (MDB) pedindo apuração de informações que lhe foram repassadas pelo presidente do DAE, Carlos Alberto Simões de Arruda, dando conta de que uma organização criminosa estava agindo no Departamento Comercial do DAE, recebendo propinas, criando embaraços para liberar a instalação de rede de água em domicílios e estabelecimentos, e transformando aquele setor em verdadeiro cabo eleitoral de Pablo Pereira, que é candidato à reeleição.

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Todos os mandados foram expedidos pelo juiz João Bosco Soares da Silva, do Núcleo  de Inquéritos Policiais (NIPO), em Cuiabá. Dentre os mandados, a apreensão de documentos e veículos; a ordem de suspensão do exercício de função pública contra 18 investigados, sendo 15 servidores do DAE; de Alex Sandro de Proença, assessor de Pablo Pereira; de um prestador de serviço terceirizado ao DAE, além de Pablo Pereira; e bloqueio de bens cujo montante não foi revelado.

Por Pablo Pereira supostamente tentar tirar proveito eleitoral de sua suposta ligação com o DAE, o inquérito foi encaminhado à Procuradoria Regional Eleitoral

CÂMARA – Após ser ouvido pela Polícia Civil, Pablo Pereira assegurou que não tem participação em nenhum esquema e que desconhece a existência dos mesmos. Porém, antes mesmo que o vereador se defendesse perante a Justiça, e fosse ouvido pela Câmara, Pedrinho Tolares, anunciou que na próxima segunda-feira enviará ofício ao suplente Valdemir Bernardino da Silva, o Nana (União) para que o mesmo assuma o cargo no dia seguinte, durante uma sessão ordinária.

Não em defesa de corporativismo mas pelo respeito devido aos parlamentares – sempre sujeitos a denúncias – a Câmara precipitou com a convocação de Nana, que soa como aval às acusações contra Pablo Pereira.  A postura de Pedrinho Tolares é atípica, e ainda mais quando se sabe que ele e Pablo Pereira são correligionários e disputam as eleições de outubro, com o presidente compondo enquanto candidato a vice-prefeito, a chapa de Kalil Baracat.

PIROTECNIA – Mesmo quando fundamentadas as operações policiais contra políticos sempre têm um quê pirotécnico. É preciso esperar que a poeira assente, para se saber exatamente o que aconteceu, como aconteceu e quem estaria por trás dos fatos.

Para demonstrar que nada tem a ver com o caso, Kalil adotou medidas – algumas recomendadas pela operação – para sanear o departamento do DAE sob o crivo policial.