Adoentado, o técnico Chunchum determinou ao massagista Carlito que ministrasse o coletivo-apronto do São Cristóvão para o jogo que o time do bairro Araés ia disputar no domingo contra o Mixto. Se Chunchum não melhorasse até o domingo, a responsabilidade de comandar o time seria de Carlito. Ele que preparasse bem a equipe para o difícil compromisso.
Antes de começar o coletivo, Carlito, que gostava de falar difícil para mostrar sua cultura, fez uma preleção para explicar como o São Cristóvão ia treinar e no domingo aplicar a tática para surpreender o adversário. Ganhar aquela partida ia ser muito importante para o São Cristóvão e para Carlito também.
Mas a certa altura da preleção, notando que aparentemente alguns jogadores estavam meio desinteressados das instruções que ele estava transmi¬tindo ao time, Carlito chamou um filho de Chunchum, de nome Vadinho, que acompanhava o treinamento, e deu-lhe uma ordem: “Vai lá na sua casa e fala pro seu pai que a presença dele aqui no campo, agora, é … indesejável. Vamos, chispa, menino…”
Nem bem Vadinho partiu, os jogadores, entre os quais alguns que já estavam cursando o 3º grau, caíram na gargalhada.
– Do que é que vocês estão rindo? – perguntou Carlito.
É indispensável, seu Carlito, não indesejável!… – responderam alguns jogadores
– Vadinho, volte aqui – gritou Carlito para o menino que já ia longe. Vadinho deu uma freada brusca nas pernas e voltou a todo vapor ao ponto de partida.
Desculpem, foi um lapsi – disse Carlito, virando-se para a boleirada…
Mais gargalhadas…
PS – Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino.