Julho de 1946: para comemorar a retomada de Corumbá, que durante a Guerra do Paraguai tinha caído nas mãos das tropas do ditador paraguaio Solano Lopes, foi formada naquela cidade do sul do então Mato Gros¬so indiviso uma seleção para realizar alguns jogos em homenagem aos heróis corumbaenses. Um dos times convidados para participar das comemorações foi o Mixto.
Um dia antes do jogo, disputado no dia 7 daquele mês, com vitória do Mixto por 4×1, e com direito a uma briga que envolveu todo mundo que estava no estádio, a delegação do Mixto embarcou para Corumbá. A viagem foi feita de avião pela extinta Cruzeiro do Sul, que cobria o trajeto Cuiabá-Corumbá. Para muita gente, uma novidade andar de avião!
Mas não era nada disso. Acontece que por falta de maior familiarização com a nossa língua, de vez em quando ele despejava, inconscientemente, impropérios que revelavam um caráter que estava muito longe de ser o que Mi¬guéis era de fato.
A delegação mixtense estava empolgada com a viagem de avião. Uma gozação aqui, uma piadinha ali, uma risada mais alta, a descontração foi toman¬do conta de todo mundo. Não demorou muito e começou a surgir entre os joga¬dores alguns destemperos verbais, palavras chulas…
Miguéis, com muita tranquilidade, olhou para a religiosa e sentenciou. “Deixe estar, dona freira, que vou ordenar para os jogadores não falarem mais besteiras. E ai dos gajos que não me obedecerem: vão se fuderem comigo!…”
Reproduzido do livro Casos de todos os tempos Folclore do futebol de Mato Grosso, do jornalista e professor de Educação Física Nelson Severino