O primeiro multimodal de transporte brasileiro para a integração do trem com balsa e rodovia foi planejado no começo dos anos 1970 para interligar São Paulo e Mato Grosso, com trecho na área agora pertencente a Mato Grosso do Sul. Esse projeto fazia parte do Plano de Integração Nacional criado pelos militares que governavam o Brasil, dentro da política nacionalista de “Integrar para não Entregar”. Dele nasceu a Rodovia Transpantaneira, que se transformou em importante roteiro turístico.
Num segundo passo a ligação rodoviária se estenderia de Corumbá a Poconé sendo alternativa ao transporte fluvial no trajeto.
A Transpantaneira avançou 140 quilômetros pelo município de Poconé, da cidade à margem direita do rio Cuiabá.
A rodovia é uma grande reta em maior parte do trajeto suspensa por aterro com 124 pontes – quase todas de madeira – pequenas e médias sobre corixos, o que mostra o grau de dificuldade que foi sua construção.
A obra foi cumprida na parte que mais tarde seria o remanescente mato-grossense após a divisão territorial para a criação de Mato Grosso do Sul, mas não foi executada no trecho da área seccionada.
A construção da Transpantaneira começou em 5 de setembro de 1972 quando Mato Grosso era governado por José Manuel Fontanillas Fragelli.
A obra foi executada pela Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso (Codemat), sob responsabilidade técnica dos engenheiros Enzo Perri, Hilton Campos (foi deputado estadual e prefeito de Juína), Kikuo Ninomiya Miguel (foi deputado estadual) e outros.
Em 1974, o governo federal inaugurou a ligação asfáltica de Cuiabá com Campo Grande (BR-163) e Goiânia (BR-364) via Rondonópolis. Paralelamente a isso, a Transpantaneira foi concluída, mas perdeu importância pela natural opção pelo transporte rodoviário nas rodovias federais recém-construídas.
Diante dessa realidade a obra não avançou além de Porto Jofre, rumo Sul, para Corumbá, que era o ponto final da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que ligava aquela cidade a Bauru, no interior paulista.
À margem da rodovia pachorrentos jacarés se espalham. Garças brancas, quatis, capivaras, ariranhas, tuiuiús, biguás, talhamares, veados, jaguatiricas, bugios, tatús, antas, canários e muitos outros pássaros, répteis e animais se misturam entre os ipês, aguapés, aricás, lixeiras, babaçus, bocaiuveiras, pequizeiros, lobeiras e aquele embaralhamento do infinito verde da vegetação com o azul do céu e a tonalidade da água, que vai da transparência ao escuro, do esverdeado ao azul.
Não tenha pressa ao viajar pela Transpantaneira.
É comum o trânsito de grandes boiadas conduzidas por comissários e peões, todos montados em imponentes animais da raça Cavalo Pantaneiro, que é rei nos dois estados, quando o assunto é montaria.
Proteção
A rede de energia avançou pelo Pantanal acompanhando o curso da Transpantaneira para atender fazendas e pousadas da região.
Enormes tuiuiús que voavam entre os fios em paralelo batiam as asas na fiação à direita e à esquerda: morriam eletrocutados.
Os tuiuiús agradecem.
ZELITO DORILEO – Transpantaneira é a MT-060. Ela é Estrada-Parque e recebeu a denominação de Rodovia José Vicente Dorileo – Zelito Dorileo.
Eduardo Gomes – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1, 2 e 6 – blogdoeduardogomes
3 e 5 – Marcos Vergueiro
4 – Acervo Instituto Memória do Poder Legislativo