Cuiabá não fez Elza desanimar. Ela jamais desanima. Antes da indiferença cuiabana, em 1962, quando o Brasil conquistou o bicampeonato mundial de futebol no Chile graças ao gênio das pernas tortas, Mané Garrincha, ela foi vítima do falso moralismo. O compositor Sérgio Malta escreveu e o cantor Noite Ilustrada interpretou Volta pra casa – uma das mais vergonhosas páginas musicais brasileiras.
Mané era casado, mas se apaixonou por Elza Soares – a Madrinha da Seleção Braisleira no Mundial no Chile em 1962. A hipocrisia familiar inspirou entre aspas Sérgio Malta para compor a música que em seu refrão diz:
Reaja e mostre que é um campeão /
Volte pra asa abrace as crianças e peça perdão /
O amor de seo Mané e a nega Elza Soares não contava para o compositor. A música pedia que se separasssem.
O Brasil covarde cantou com entusiasmo a música que feria os corações de seo Mané e Elza Soares.
A Elza Soares agredida por sua paixão pelo maior jogador em todos os tempos, e com o qual teve um filho, é a mesma mulher negra que superou a indiferença cuiabana no episódio do Projeto Pixinguinha, e que agora recebe a reverência da Marquês de Sapucaí em êxtase com o enredo e o samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, que cantou na noite de 24 deste fevereiro, na Marquês de Sapucaí, o samba-enredo Elza Deusa Soares, que diz:
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Lá vai menina
Lata d’água na cabeça
Vencer a dor, que esse mundo é todo seu
Onde a água santa foi saliva
Pra curar toda ferida
Que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar (para a preta não chorar)
Se a vida é uma aquarela
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
Brasil
Enfrente o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar
Ó nega!
Sou eu que te falo em nome daquela
Da batida mais quente
O som da favela
É resistência em nosso chão
Se acaso você chegar
Com a mensagem do bem
O mundo vai despertar
Deusa da vila Vintém
Eis a estrela
Teu povo esperou tanto pra revê-la
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Lá vai menina
Lata d’água na cabeça
Vencer a dor, que esse mundo é todo seu
Onde a água santa foi saliva
Pra curar toda ferida
Que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar (para a preta não chorar)
Se a vida é uma aquarela
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
Brasil
Enfrente o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar
Ó nega!
Sou eu que te falo em nome daquela
Da batida mais quente
O som da favela
É resistência em nosso chão
Se acaso você chegar
Com a mensagem do bem
O mundo vai despertar
Deusa da vila Vintém
Eis a estrela
Teu povo esperou tanto pra revê-la
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
A Mocidade tem razão. A trajetória de vida da grande cantora mostra que realmente essa Nega tem poder.
Eduardo Gomes de Andrade – blogdoeduardogomes.com.br