Em Mato Grosso os postes estão protegidos
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
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Quem acessa site mato-grossense atesta o que ora digo: Virgínia Mendes é a segunda pessoa que mais ocupa espaço na mídia ficando atrás somente de seu marido o governador Mauro Mendes (União). Não importa o assunto ou o lugar para sua presença e manifestação serem citados com boa dose de elogio editorial. Essa presença é antiga e tende a crescer – embora isso possa parecer impossível, tamanho o espaço a ela dedicado. Diante dessa cobertura, coincidentemente ou não por veículos que recebem polpudas mídias do governo estadual, imaginei que as manchetes a ela dedicadas fazem parte de um procedimento de divulgação voltado para as eleições em 2026. Minha imaginação começa a ganhar contornos de materialidade.
Neste final de semana, o deputado federal licenciado e chefe da Casa Civil, Fábio Garcia (União), disse ao midianews.com.br que se Virgínia decidir disputar eleição terá “total respaldo do partido”. Além disso, Garcia, também chamado de Fabinho, não economizou elogios à primeira-dama, que por questão ética não reproduzo.
Algum tempo antes, o deputado estadual Paulo Araújo (PP) abriu o coração político anunciando que seu partido quer Virgínia candidata a deputada federal.
Virgínia, creio que será candidata a deputada federal, e seu marido ao Senado, reeditando idênticas dobradinhas que levaram ao poder o senador Jonas Pinheiro e sua mulher Celcita Rosa Pinheiro, deputada federal; o casal Carlos Bezerra, senador, e Teté Bezerra, deputada federal.
A candidatura é um direito assegurado à Virgínia, desde que o União Brasil a homologue, o que é tão previsível quanto as águas do Cuiabá correrem para o Pantanal. Pelo perfil mato-grossense avalio que a primeira-dama será campeã de votos ao cargo, o que reduzirá uma cadeira na Câmara aos chamados políticos tradicionais.
O poder em Mato Grosso é inebriante. Blairo Maggi quando governador mantinha um bóton de Nossa Senhora Aparecida na lapela e quando sem paletó, na gola da camisa. Até evangélicos devotavam fé explícita na Padroeira do Brasil, com adereços idênticos ao do chefe.
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Luiz Pagot quando chefe da Casa Civil passou a ir ao Palácio Paiaguás pedalando. Não faltaram bajuladores e o estacionamento da sede do poder ficava superlotado com as magrelas dos puxa-saco.
Quando Jayme Campos era governador surgiu um movimento feminino nos municípios, intitulado Liga das Amigas e Admiradoras da Lucimar (LAAL); Lucimar era a primeira-dama.
Sempre foi assim. Com Virgínia não será diferente. A diferença fica por conta da propaganda eleitoral extemporânea, feita por veículos regiamente remunerados pelos cofres públicos do Governo de Mato Grosso. Pena que o Ministério Público Eleitoral permaneça sempre ocupado, vigilante e atento para impedir que políticos colem cartazes nos postes.
Foto: Meramente ilustrativa