Em Cuiabá mortes no trânsito aumentam na pandemia

Cuiabá e Várzea Grande registraram aumento de mortes em acidentes de trânsito nos meses de abril a junho, quando nas duas cidades foram implementadas medidas de restrição comercial, circulação e de transporte público. Ao mesmo tempo, o número de feridos sofreu redução de 58,97%, mas o titular da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran), delegado Christian Cabral, debita esse registro a dois fatores: redução nas equipes policiais que atendem ocorrências e tanto motoristas quanto passageiros quando sofrem ferimentos leves ou escoriações, saem do local do acidente para evitar contato em razão da pandemia do coronavírus.
O delegado Christian Cabral

Nos três meses de restrição de circulação e atividade comercial, 37 cidadãos morreram em acidentes de trânsito em Cuiabá e Várzea Grande. Em igual período do ano passado, foram 33. Porém, nesse período, o número de feridos despencou de 736 em 2019 para 302 agora com redução percentual de 58,97%; Cabral avalia esse número com cautela. Segundo ele, o medo da contaminação pode ser a principal causa para essa estranha subnotificação, que seria causada pelos que sofreram pequenas lesões ou ferimentos leves; além disso, a Deletran, a exemplo de outros setores da Segurança Pública, enfrenta problema com a redução de pessoal ou por afastamento por pertencer a grupo de risco ou até mesmo por contaminação ou suspeita. A redução do efetivo pode atrasar o atendimento de ocorrência, o que contribui para que feridos saiam em busca de socorro.

De abril a junho, Cuiabá e Várzea Grande registraram 318 mortes e 5.569 infectados por coronavírus enquanto os acidentes de trânsito causaram a morte de 37. Para o delegado, o aumento do número de vítimas fatais no trânsito pode ser debitado em parte ao consumo de bebidas alcóolicas. Segundo ele, levantamentos na área da Segurança apontam que o indivíduo em isolamento domiciliar, em muitos casos, tende a consumir bebida, a sair ao volante pela cidade ou até mesmo a agredir sua mulher ou companheira.
Os números da pandemia mostram que o coronavírus responde por mais mortes em Cuiabá e Várzea Grande do que os acidentes de trânsito. Também sinalizam que mesmo com o baixo índice de isolamento social nas duas cidades, o cidadão teme contato.

Ao longo da pandemia as blitze da Lei Seca, que são feitas em conjunto pela Deletran, Polícia Militar, Secretaria de Mobilidade Urbana da Prefeitura, Detran e outros órgãos, deixaram se ser realizadas tanto em Cuiabá quanto em outras cidades. A ausência desse cerco ostensivo limita o controle sobre a frota em circulação urbana.

SEMESTRE – No primeiro semestre de 2019, o trânsito fez 55 vítimas fatais em Cuiabá e Várzea Grande, com 35 óbitos na primeira e 20 na outra; além deles, três acidentados em outros municípios e removidos para Cuiabá e Várzea Grande, também morreram. Em igual período deste ano morreram 91 sendo 54 na capital e 37 na outra cidade; e outros 19 cidadãos que foram transferidos de hospitais em suas cidades, para o Pronto Socorro Municipal em Cuiabá e o Hospital Metropolitano de Várzea Grande, também faleceram.

Nos meses de janeiro a março o coronavírus não fez vítimas fatais em Cuiabá e Várzea Grande. O primeiro óbito pela doença em Mato Grosso foi notificado em 3 de abril, na cidade de Lucas do Rio Verde, onde morreu o gerente de supermercado Luiz Nunes, 54, que era diabético, hipertenso e obeso.

Redação blogdoeduardogomes

FOTOS:

1 – Referencial – Arquivo

2 – Chico Valdiner – Site público do Governo de Mato Grosso

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