Pedro Taques (PSDB) não mais governa. É ex-governante desde o primeiro segundo deste Ano-Novo. Fora do poder e com alto índice de rejeição perante a opinião pública, como atesta o resultado da eleição governamental em que foi o primeiro governador mato-grossense que não conseguiu se reeleger – e ainda ficou no incômodo terceiro lugar na disputa.
Nenhum governador em Mato Grosso chegou ao cargo com tamanha credibilidade perante a população. Nenhum defendeu tanto o combate à corrupção – antes de assumir o poder. Nenhum teve tanta liberdade quanto ele para compor sua equipe, sem se sujeitar ao fatiamento do poder, que é regra.
Com todo respaldo que se possa imaginar Pedro iniciou o governo e o deixa na condição de pior governador da recente história mato-grossense.
Seu governo foi marcado pela crônica inadimplência junto a fornecedores. Caracterizado por sua ingerência – ou tentativa de ingerir – nos poderes para controlar seus duodécimo, que também foram mantidos em permanente atraso.
Os municípios enfrentaram sérios problemas por conta dos recorrentes atrasos nos repasses constitucionais.
A cidadania mato-grossense foi ultrajada no deplorável episódio (ainda bem abafado) de Grampolândia Pantaneira.
O volume de prisões de secretários e outras figuras do poder foi assustador.
Escândalos não faltaram.
Obras não foram concluídas e outras sequer saíram do papel.
O destempero político de Pedro foi tão grande, que seu vice-governador Carlos Fávaro renunciou. Porém, independentemente disso, a Assembleia Legislativa permaneceu rastejante aos seus pés.
Passou. Tudo passa. Pedro não é mais autoridade.
Sai Pedro e assume Mauro Mendes (DEM). Fica a pergunta: é o fim de um ciclo ou sua continuidade com outra roupagem?
É preciso que se leve em conta que Mauro esteve ao lado de Pedro por mais de três anos. O novo governador indicava secretários e outras figuras dos altos escalões, e inclusive fez a transposição de alguns deles para seu governo. Politicamente os dois eram afiados.
A identificação de Pedro com Mauro se espalha pelo grupo do governador, a começar por seu vice, Otaviano Pivetta (PDT), passando pelo senador Jayme Campos (DEM) e dezenas de outros caciques hábeis no exercício do mandato e nos bastidores.
De modo geral essa pergunta não será respondida pela Imprensa e o conjunto social, já que ambos são adeptos do governismo – se há governo sou governo – ou como diria o hermano boliviano adaptado à realidade mato-grossense: Hay gobierno? Se hay soy gobierno.
Fiquemos atentos. Torçamos pelo sucesso administrativo e político de Mauro e de seu vice Pivetta, pois Mato Grosso está ao fio da navalha.
O novo governador tem tudo para acertar, apesar de sua identificação com o governo Pedro e seu longo alinhavamento político com ele. Torçamos para tanto. Mesmo assim precisamos ficar atentos. Pode ser que o enfrentamento palanqueano de Mauro com o antecessor tenha sido parte da artimanha para a continuidade do grupo que há quatro anos dá as cartas na abençoada e ensolarada Terra de Rondon.
Que venham os quatro anos. Daqui, ainda que voz (quase) isolada, cobraremos.
Eduardo Gomes de Andrade – editor de blogdoeduardogomes
eduardogomes.ega@gmail.com
FOTO: Flickr da campanha de Pedro Taques ao governo