Semana Farroupilha em Canarana é um período inverso de miscigenação na cidade fundada pelo pastor luterano, colonizador, empresário, cooperativista e político Norberto Schwantes e habitada predominantemente por nascidos no Rio Grande do Sul e seus descendentes.
Canarana promove uma grande Semana Farroupilha. A cidade é reconhecida por lei estadual enquanto Capital do Nativismo em Mato Grosso. O tema da Semana é “Vem pra Cuia“.
Ao longo do ano, brasileiros e todas as regiões formam uma corrente pelo desenvolvimento do município. Em meio aos afazeres do dia a dia, o amor brota nos corações embalando sonhos românticos que não conhecem barreiras geográficas ou políticas. Assim, baianos se casam com mineiras – na mistura do oxente com o uai, mas quando o calendário marca o período mais festejado, reverenciado e amado do valente povo do extremo Sul do Brasil, as gírias estaduais saem de cena abrindo passagem ao nativismo com suas danças, roupas típicas, seu chimarrão, seus jogos, seu falar. É assim que se encontra a bela cidade ao lado do Parque Indígena do Xingu, no Vale do Araguaia, onde em cada grupo de 10 há pelo menos 11 gaúchos – porque sempre existe algum, que de tanta paixão pelos pagos do sul e pela terra que o acolheu, costuma se sentir no plural: gaúcho e matucho.
O Centro de Tradições Gaúchas Pioneiros do Centro-Oeste (CTG) fica pequeno pra tanta gente, tanta animação e tanta paixão. Por isso, a Semana Farroupilha foi literalmente para a rua. Invadiu a avenida Rio Grande do Sul, com ponto de concentração ao lado da majestosa Cuia de Chimarrão entre as duas pistas da via. Aquele monumento não é a única identidade cultural de Canarana. Não muito distante dela, a praça Siegfried Roewer, que todos conhecem como sendo a Praça do Avião é uma referência cultural da colonização; o avião é o bimotor Douglas DC-3 de prefixo PP- YPU, com a logomarca de sua companhia , a Viação Aérea Canarana (VACA), que Schwantes botou para voar nos anos 1970 transportando pioneiros para seus projetos que começaram por Canarana, mas que também resultaram na criação das cidades de Querência, Água Boa, Terra Nova do Norte e Nova Guarita.
A Cuia foi construída em tempo de paz e nunca soube o que é guerra. O DC-3 da VACA antes de promover integração nacional foi avião de guerra voando pelos Aliados contra os nazistas. Agora, sobre um pedestal é cartão-postal.
Ao lado da Cuia é mantida acesa a Chama Crioula – um dos símbolos do evento – que permanece iluminando o povo sulista ali residente, ao longo da Semana, que neste ano acontece de 14 a 22 deste setembro, com ponto alto neste dia 20, data que em 1835 marcou o início da Revolução dos Farrapos ou Farroupilha.
Os visitantes ilustres de Canarana são recebidos por autoridades locais ao lado da Chama Crioula, como aconteceu com o deputado estadual Dr. Eugênio, que prestigiou a Semana Farroupilha.
Canarana é um pedaço do Rio Grande do Sul em Mato Grosso, pela história da colonização daquele município, pelo peso social da colônia gaúcha e a verdadeira revolução que os oriundos daquele Estado fazem nas lavouras. Mas, independentemente do berço do cidadão, a convivência é a mais harmõnica possível entre a chamada população envolvente e os indígenas aldeados e vice-versa. Pelas ruas, jovens de diversas etnias transitam em sintonia com outros de suas faixas etárias e moradores na cidade.
A miscigenação que é engolida durante a Semana Farroupilha – pela força de sua manifestação – é visível fora daquele período. A junção por Canarana está presente em todas as áreas, sem excluir a política. O prefeito Fábio Faria é goiano, mas seu vice, Vilson Biguelini, o Vilsinho, é gaúcho. Na Câmara, com 11 cadeiras, três são dos pagos do sul: Rafael Govari, Ederson Prosch,o Soni, e Claudemir Sonemann Feijó, o Dili.
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS: Jornal O Pioneiro – Canarana