De Sinop para o topo do futebol

Sinop tem 32 mil habitantes. O ano é 1990. Até então, conquista do campeonato estadual é feito exclusivo dos times da região metropolitana de Cuiabá. Cáceres, 15 de abril daquele ano. O Sinop Futebol Clube enfrenta o time da casa e que leva o nome da cidade. O apito final se aproxima com o placar mostrando 1 a 0 para os visitantes. Um pênalti assusta os sinopenses. João Carlos é encarregado da cobrança. No gol um adolescente, terceiro goleiro da equipe e escalado por força das circunstâncias. O jogador chuta forte e o goleiro defende. Aquele lance abre as portas do mundo do futebol para Rogério Ceni – que conseguiu a proeza de defender a penalidade.

Rogério Mücke Ceni foi um garoto que a exemplo de tantos outros veio para Mato Grosso acompanhando os pais. Paranaense de Pato Branco, chegou a Sinop quando a cidade ainda era pequena. Na adolescência tentou dividir o tempo entre a escola e o emprego na agência pioneira do Banco do Brasil, mas nem uma coisa nem outra era o que queria.

Lateral, Rogério Ceni trocou de posição e se tornou o terceiro goleiro do Sinop. Seu batismo de fogo aconteceu em Cáceres, quando o titular e seu reserva imediato estavam contundidos. Escalado de última hora, brilhou. Seu time foi campeão e o São Paulo Futebol Clube o contratou.

No clube do Morumbi Rogério Ceni iniciou na reserva e somente em 1997 ganhou a camisa 1, que vestiu até 2015, quando se aposentou após defender o Tricolor por 25 anos. Acumulou recordes. Com 132 gols é o maior goleiro-artilheiro mundial. Atuou em 1.237 partidas sendo que em 982 foi capitão. Em 17 jogos integrou a Seleção Brasileira.

Títulos? Muitos. Campeão Mato-grossense, Paulista, Brasileiro, da Libertadores e Mundial. Tantos outros também conquistou. Para a torcida Rogério Ceni virou Mito e assim passou a ser chamado.

Em 5 de junho de 2015 Rogério Ceni dependurou as chuteiras, mas não se acomodou. Em 24 de novembro de 2016 o São Paulo anunciou que ele seria seu treinador a partir de 2017. Saiu de dentro das quatro linhas para tentar a carreira na profissão mais instável do futebol.

Sua ligação com o Nortão permanece. Sua família mora em Sinop. Seu pai, Eurides Ceni, e seus irmãos cultivam soja e lavouras de rotação em uma fazenda no município de Santa Carmem, vizinho a Sinop.

Quando da pavimentação da MT-140 entre Sinop e o rio Tartaruga via Santa Carmem, Rogério Ceni integrou o consórcio que formalizava a PPP Caipira dos produtores com o governo para viabilizar a obra.

Santo de casa, Rogério Ceni é exceção à regra: é ídolo do povo que se orgulha em tê-lo concidadão. Sinop o reverencia a tal ponto, que no Estádio Gigante do Norte – onde iniciou sua vitoriosa carreira – a prefeitura construiu o Memorial Rogério Ceni, que é museu temático.

PS – Texto e foto extraídos do livro NORTÃO BR-163: 46 ANOS DEPOIS publicado pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade em 2016 sem apoio das leis de incentivos culturais. No ano passado, dirigindo o Fortaleza Esporte Clube, do Ceará, conquistou o vice-campeonato regional e foi campeão brasileiro da Série B.

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