Manhã da segunda-feira, 28 de setembro de 1970. Cuiabá está à minha frente, pouco adiante, mas escondida pelo cerrado. Atravesso o Coxipó, entro na Prainha dividida ao meio pelo córrego que lhe rende o apelido. Pouca gente na rua. Paro ao lado de uma loja de pregos e parafusos. Observo lindas cuiabaninhas adolescentes, uniformizadas, chegando ao Colégio Salesiano São Gonçalo. O tempo passou e cidadezinha virou metrópole.
Meio século é muito tempo até mesmo para um país. Representa 10% da existência do Brasil. Aprendi a viver Cuiabá e quando nasceu minha netinha cuiabana Ana Júlia, filha dos meus filhos Jeisa e Agenor, criei laços definitivos com a cidade de Moreira Cabral.
Mesmo operário inculto das redações, em cinco décadas tentei botar no papel o que acontecia em Cuiabá. Em muitas vertentes ouvi anjos e demônios, e brilhantes e opacos cuiabanos por berço e opção. Em matérias, artigos e editoriais escrevi sobre João Balão, Bruna Viola, Moisés Martins, Dona Maria de Arruda Müller, Coronel Meirelles, Jejé, Gilson de Barros, Dante, Verinha Araújo, Liu Arruda, Serys, Manfred Göbbel, Lenine Póvoas, Ramis Bucair, Roberto Lucialdo, Lázaro Papazian, Fiote Campos, Dom Milton, Pedro Taques, Coronel Torquato, Arcanjo, Martha Arruda, Pastor Sebastião Rodrigues, Paulo Prado, Sango Kuramoti, Pignati, Gabriel Novis, Enelinda, Emanuel Pinheiro, Luzia Guimarães, Osvaldo Sobrinho, Garcia Neto, Vera Capílé, Julier Sebastião da Silva, Tampinha, Altamiro Galindo, Marília Beatriz, Maria Helena Póvoas, Rômulo Vandoni, Coronel Frederico Lepesteur, Pedro Nadaf, Permínio Pinto. Selma Arruda, Shelma Lombardi, Wilson Santos, Sargento Jesus, Frederico Campos, Éder Moraes, Cabo Hércules, Leopoldino Marques do Amaral, Luis-Phillipe Pereira Leite, Pescuma, Iraci França, Seo Pedroso Alfaiate, Bolinha, Jacy Proença, Silva Freire, Juca do Guaraná, Barão Viegas, Fernanda Frandsen, Dr. Paraná, Arthur Nogueira, Chico Daltro, Zoroastro Teixeira, Filinto Müller, Nhonhô Tamarineiro, Chica Nunes, Chico Galindo, Lueci Ramos, Oscar Travassos, General Maurer, Jorilda, Dom Bonifácio, General Archias, Dr. Carlos Carretoni, Coronel Alírio, Clóvis Roberto, Bife, Evandro Stábile, José Ferreira Leite, Mão de Onça, Senador Vuolo, Compadre Crispim, Carlos Orione, Aecim Tocantins, Marcos Machado, Joaquim Sucena, José Vitor Gargaglione, Abel dos Anjos, Roberto Campos, Padre Firmo, Roberto França, Beatriz Árias, Coronel Dival, Sérgio Ricardo, Guilherme Maluf, Odiles de Freitas, Berinho, Jorge Pires, Rodrigues Palma, Padre Pombo, Iosihua Matsubara (Paulo Japonês), Ricardo Guilherme Dicke, Maria Lúcia Neder, Pelezinho, Jamil Nadaf, Aristotelino Praeiro, Valter Albano, Yênes Magalhães, Agripino Bonilha, Pedro Verão, Humberto Rodovalho, Coronel Zaqueu Barbosa, Delegado João Bosco, Ubiratan Spinelli, Joaquim Francisco de Assis, Josino Guimarães, Júlio Müller, Edison de Freitas, Jeferson Schneider, Pedro Nadaf, Carlos Brito, Totó Parente, Rowles Magalhães, Maurício Magalhães, Thelma de Oliveira, Júlio Campos, Luiz Scaloppe, Dona Eulália, Chico Lima, Pagot, Dra. Elza Queiroz, Névio Lotufo, Amador Tut, Bia Spinelli, Mauro Mendes, João Pedro Marques, Chico Galindo, Paulo Borges, Vivaldo Lopes, Nadir Sabino, Neurilan Fraga, Cabo Gerson Corrêa, Afonso Dalberto, Júnior Mendonça, Lucinda Persona, Paulo Taques, Amauri Tangará, Guapo, Kazuo Sano, Pedro Shinohara, Luiz Soares, Eduardo Mahon … fui escrevendo sobre esses e outros personagens, até que um dia a entrevistei. Depois de acompanhar muitas de suas entrevistas pela televisão e jornais fui ao seu ambiente de trabalho – queria ouvi-la. Confesso que mesmo sem conhecê-la pessoalmente sentia admiração por sua conduta, retidão profissional e seu jeitão cuiabano de ser, com sua fala cantarolada e arrastada que encanta quem a ouve.
Cara a cara comigo ela se mostrou uma mulher forte e líder natural, que desabrochou de uma menina de berço humilde. De um lado da mesa o meu espírito de repórter. Do outro, ela, Gisela Simona.
Saí da entrevista com Gisela povoando minha mente. Que menina danada – pensava – que bem poderia ser política, se eleger e ajudar Mato Grosso virar a página da vergonha quase institucionalizada nos meios políticos.
A eleição municipal se avizinha. Gisela disputa a prefeitura da cidadezinha que conheci em 1970 quando ela sequer havia nascido.
Cuiabá conhece Gisela, o que torna dispensável compará-la no plano da vida pública com os três candidatos que juntamente com ela registram melhores desempenhos nas pesquisas – nem todas confiáveis – Emanuel, França e Abílio. Não há nódoa na vida daquela menina danada que entrevistei. Tenho certeza que na prefeitura ela será aquela mulher forte e líder natural que me recebeu para nossa primeira conversa e que não terá o destempero emocional de Abílio e muito menos as nódoas de Emanuel e França.
Votar em Gisela é bom. Melhor ainda é o voto à sua chapa que se completa com Fabrício Carvalho, que ainda não havia chorado ao nascer quando pisei o solo abençoado e ensolarado por onde passaram os heróis Barão de Melgaço e Marechal Rondon, onde Maria Dimpina Lobo Duarte escrevia inflamados textos clamando por um trem apitando no coração da América do Sul e Zulmira Canavarros mostrava a força da mulher cuiabana. Fabrício é maestro, culto, que mescla o clássico com o rasqueado, que dá vida às notas musicais e nos faz voar nas asas dos sonhos apaixonados ao embalo de sua regência; e ao mesmo tempo o vice de Gisela é judoca. Em suma, no cargo, Fabrício será o pulmão da cultura e do esporte na tricentenária capital que se encontra à deriva administrativamente.
Mesmo operário inculto das redações Deus concedeu-me o entendimento para diferenciar entre justo e injusto, bem e mal, e verdade e mentira. Com essa bênção por si somente suficiente, mas reforçada pela longevidade profissional, declaro que após analisar o quadro dos candidatos votarei na chapa Gisela e Fabrício. Essa opção não interferirá na minha forma de cobrir a eleição municipal em Cuiabá, pois entendo que não posso levar meu sentimento para o texto.
Gisela e Fabrício fiquem com meu abraço. Veremos-nos no dia 15 na urna, na Escola Municipal Maria Tomich Monteiro da Silva, no bairro Ribeirão do Lipa.
Eduardo Gomes de Andrade – é jornalista em Cuiabá
eduardogomes.ega@gmail.com
TAMBÉM POSTADO EM
www.folhamax.com.br – CUIABÁ
Parabéns pelo artigo.
Eduarti Fraga
Esse homem se contar tudo que sabe, cai até o império romano.
Josué Murta Brandão
“Operário inculto” quéqueisso? Pena afiada com muito tino, benevolência e discernimento…ABS Brigadeiro!
Léo Medeiros
Grande jornalista Brigadeiro.
Ailon do Carmo
Eduardo você definiu seu voto com respeito, categoria e elegância ao desenhar sua história na capital cuiabana, recheada de romantismo. Forte abraço amigão.
Vicente Vuolo