CUIABÁ 306 ANOS – Gilson de Barros
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
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Cuiabá sempre foi governista, mas na eleição municipal em 1976 revelou sua veia democrática fazendo contraponto ao regime militar, elegendo os vereadores emedebistas Gilson de Barros, Odil Moura, João Torres e Aldísio Cruz, em defesa da ordem democrática. Começava assim, a carreira política do cuiabano Gilson Duarte de Barros, nascido em 28 de fevereiro de 1941, advogado, professor, escritor, jornalista, auditor do Estado e ex-sargento do Exército.
Em parte do governo de José Fragelli (1971/74) Gilson de Barros exerceu interinamente a função de secretário estadual de Fazenda.
Bom orador, objetivo e destemido, na Câmara Municipal Gilson de Barros ganhou destaque e dois anos depois da eleição para vereador conquistou mandato de deputado federal pelo MDB, cargo para o qual seria reeleito em 1982, com seu partido rebatizado PMDB, pois a legislação eleitoral exigiu que todas as legendas partidária fossem nominadas partido, ao contrário do que havia no tempo do bipartidarismo formado pela governista Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o oposicionista Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que a irreverência popular chamava de Manda Brasa.
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Em Brasília a Imprensa que cobria o Congresso Nacional apelidou Gilson de Barros de Hulk, com variações para Incrível Hulk e Hulk de Cuiabá. Isso, por conta de seu avantajado porte físico e a força de seu discurso, mas não apenas pela questão física, já que um fato contribuiu para tanto. Chateado com o colega de plenário Joaquim Guerra (PDS/PE) o lado Hulk do deputado mato-grossense falou mais alto e esse deu um tapa em Guerra, mas tudo acabou em paz.
O Incrível Hulk foi um enlatado americano apresentado pela TV Globo, no período em que Gilson de Barros foi deputado, e cujo personagem que lhe dava o nome que tinha poderes para transformar-se num Super-Herói de força descomunal.
O lado folclórico de Gilson de Barros ganhou repercussão nacional, mas independentemente dele, enquanto parlamentar sua atuação foi altamente positiva. Foi dele a relatoria do projeto aprovado e transformado em lei com a sanção do presidente João Figueiredo, no dia 22 de dezembro de 1981, elevando o Território Federal de Rondônia a Estado. Em 1984, juntamente com seus correligionários da bancada mato-grossenses, Márcio Lacerda e Milton Figueiredo, Gilson de Barros votou pela aprovação da emenda das diretas de autoria de Dante de Oliveira. Um ano depois, no Colégio Eleitoral, fechou questão com a eleição indireta de Tancredo Neves para presidente e José Sarney, para vice.
Incorporado ao PP de Tancredo Neves para disputar as eleições de 1982 com a nova roupagem de PMDB, o velho e bom Manda Brasa buscou um caminho que desagradou sua ala ideológica, da qual Gilson de Barros era integrante. Descontente com o partido, o deputado migrou para o PDT de Leonel Brizola e em 1986 disputou o governo numa composição partidária com o empresário rondonopolitano Antonino Aparecido Gonçalves, o Toninho do Guarujá, de vice. À época o PMDB liderado pelo Dr. Ulysses Guimarães estava no auge do poder, e como se dizia então, “elegia até poste”. A força do PMDB elegeu para o governo a chapa peemedebista Carlos Bezerra e Edson de Freitas.
Vítima de infarto, aos 67 anos, Gilson de Barros morreu por volta de 11 horas da sexta-feira, 7 de março de 2008, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, após sofrer duas paradas cardiorrespiratórias, enquanto aguardava em uma unidade de terapia intensiva (UTI) para ser submetido a um cateterismo. Até a véspera de seu adeus Gilson de Barros não apresentava nenhum sintoma cardíaco, mas na madrugada de seu último dia, sentiu-se mal e foi internado na UTI, onde perdeu a luta pela vida. Seu corpo foi velado na Câmara Municipal da sua Cuiabá, onde exerceu mandato.
O auditório da Controladoria Geral do Estado (CGE) recebeu o nome de Gilson de Barros, que foi auditor-geral no período de 1991 a 1994, quando comandou trabalhos importantes, como as auditorias que identificaram rombos milionários nos extintos Ipemat, Cemat, Casemat e Aeromat.
Outras homenagens: no bairro Souza Lima, em Várzea Grande, um residencial recebeu o nome de Gilson de Barros. No bairro Santa Isabel, em Cuiabá, a avenida Deputado Gilson Duarte de Barros, e no bairro São Matheus, em Várzea Grande, a rua Gilson de Barros reverenciam sua memória.
IMPRENSA – Gilson de Barros era polivalente. Na televisão apresentou o programa O Bedelho, onde abordava política e defendia valores cuiabanos, sempre com eloquência e liberdade.
Escritor, Gilson de Barros publicou livros sobre política e administração pública.
Foto: CGE