Convidado pelo site, o professor Paulo Rikbaktsa elaborou o texto que se segue.
É um grito de alerta e protesto de um dos líderes da etnia Rikbaktsa aldeada num universo cercado por grandes lavouras e banhada por águas poluídas pelo agrotóxico.
Reflitam sobre o que ele diz:
O Brasil que vai completar 521 anos no dia 22 de abril em 2021 desconhece a imensa sociodiversidade pluriétnico indígena.
Até o presente momento não se sabe ao certo quantos grupos e nem quantas línguas nativas existem no país.
Ser Rikbaktsa é ser livre na amplitude da palavra
É muito raro publicações e museu, vídeos indígena, que sejam trabalho indígena, ou seja, é raro autores indígenas divulgando a própria história como protagonista. Apesar da chegada do mundo exterior, a cultura Rikbaktsa continua presente.
A língua faz parte do meio de comunicação específico e social do povo Rikbaktsa.
A experiência histórica está presente em cada ser humano que constrói a sua forma de sobrevivência. Os principais desafios encontrados para os povos indígenas são a não cumprimento da legislação vigente, descumprido pelo próprio poder publico que mostra a sua face do descaso, desrespeitando os direitos sociais e humanos independente de cor e religião que se prega em sua comunidade.
O rio Juruena que sérvio muito tempo de caminhos para nós povos da floresta, que sempre tivemos um sossego vivendo em um território específico, podendo assim conservar a nossa própria cultura tradicional livremente, agora esta ameaçado com grandes empreendimentos que estão plotados pelo governo federal para construção das grandes Usinas hidrelétricas UHEs e PCHs em nosso rio.
As alterações dos rios e seus tributários já mostram esvaziamento com nível muito baixo de água e a escassez de pescado para a nossa sustentabilidade econômica. Sem contar com grande expansão de monocultura próxima das nossas terras indígenas que pulverizam grandes quantidades de agrotóxicos que acabam de matando os alevinos ainda no seu leito bem no período da piracema.
Proíbe-se a pescaria que é à base de alimentação, mas não proíbem a aplicação dos agrotóxicos nas lavouras que é totalmente descontrolada.
Isso significa a falta de pescado e de caça para as nossas subsistências e a realização das festas culturais, produção de artesanato até causando problemas de saúde da comunidade.
Foi assim que chegou a extinção de histórias de alguns povos, que não serão reveladas por seu povo ter sido extinto.
Mas isso não acontecerá com nós povo Rikbaktsa, lutaremos até perdermos o ultimo guerreiro, na certeza de enquanto existir os povos indígenas existira as nossas florestas e toda natureza conservada, isso é a nossa bandeira de resistência.
Brasil em nome do progresso esta afetando diretamente as terras indígenas e destruindo milhares de vida que existe no bioma brasileiro.
Os povos indígenas deverão participar efetivamente nas tomadas de decisão políticas no que diz respeito aos interesses coletivos que venha afetar diretamente as nossos terras e as nossas identidade cultural étnica.
Que os povos indígenas sejam compensados permanentemente, financeiramente e efetivamente pelos danos causados no meio ambiente.
Paulo Henrique Martinho Skiripi – Povo indígena Rikbaktsa ,53 anos, graduado em Ciências sociais, pós-graduado em educação Escolar Indígena na UNEMAT de Barra dos Bugres, residente na Aldeia Palmeirinha Terra Indígena Erikpatsa Município de Brasnorte Estado de Mato Grosso.
FOTOS:
1 – Arquivo pessoal
2 – Henrique Skiripi
3 – \Paulo Henrique Martinho Skiripi
4 – Reinaldo Arruda