Renda per capita é isso: R$ 190.238,95 – montante de fazer inveja, muito acima dos demais municípios mato-grossenses. Assim é Campos de Júlio, um dos maiores polos da produção de grãos, fibras e plumas do mundo. Os 7.070 habitantes que vivem em seus 6.787,282 km² agradecem e não reclamam do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município, de 0,744 numa escala de zero a um.
Mas, afinal, quem seria o felizardo Júlio pra ver seu nome imortalizado na denominação daquele município emancipado de Comodoro em 28 de novembro de 1994 por força de uma lei do deputado Jair Benedetti sancionada pelo governador Jayme Campos?
Opa! Antes de responder é preciso que se leve em conta que além de Júlio há o componente Campos.
Uma cidade no cerrado!
Masutti escolheu o nome de Cooflasul pra sua futura cidade, mas o mesmo não pegou. Vê lá se Cooflasul é nome que se dê a município!
Cooflasul era a sigla da Cooperativa Agrofloresta Sulina, que tinha instalações perto do lugar sonhado por Masutti.
Terras agricultáveis na região despertaram interesses em gaúchos, paranaense, catarinenses e paulistas, que se mandaram para lá com seus tratores CBT 1090 para a aventura de desbravamento do cerrado.
Com o pesado nome de Cooflasul a vila continou até 12 de maio de 1986, mas no dia seguinte ganhou uma pomposa denominação: Campos de Júlio.
Em seguida o governante renunciou ao cargo para disputar e vencer eleição para deputado federal.
O traço em comum com Júlio e com Campos continuaria para sempre.
Em 28 de novembro de 1994 o governador Jayme Campos sancionou uma lei do deputado Jair Benedetti emancipando o município.
Assim Campos de Júlio deixava de ser distrito de Comodoro pra se tornar cidade. Detalhe que merece atenção: Jayme é irmão de Júlio.
Em suma, os irmãos Campos, na força da lei (ou seria na lei da força?) rotularam um município com um dos nomes da família.
Masutti não viveu para ver a emancipação da vila que fundou: foi assassinado em 15 de fevereiro daquele ano. Antes, foi prefeito de Comodoro, de 1º de janeiro de 1989 a 1º de janeiro de 1993.
Campos de Júlio além de ser um dos principais produtores agrícolas de Mato Grosso se insere também no modal de transportes da Hermasa Navegação da Amazônia, que em Porto Velho escoa soja do Chapadão do Parecis para Itacoatiara (AM) pela Hidrovia do Rio Madeira.
A Hermasa é uma das empresas do Grupo Amaggi controlado pelo ex-governador e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
A Festa do Plantio, com bailes, shows artísticos e outras atrações foi realizada pela primeira vez em novembro de 2000, no Centro Comunitário. Deverá se firmar no calendário das tradições de Campos de Júlio, porque representa a manifestação de alegria dos agricultores – que constituem a principal base da economia local – pelo sucesso na semeadura das sementes.
Em junho – dizem os peões de rodeio – “a terra treme em Campos de Júlio” com a Festa do Peão, evento que consiste em montarias em cavalos chucros e touros.
Município na comarca de Comodoro, Campos de Júlio se situa à margem da Rodovia BR-364, por onde escoa sua produção agrícola. A cidade é plana, com largas avenidas pavimentadas. Tudo no lugar é novo e moderno. Sua qualidade de vida salta aos olhos e a renda per capita é um certificado oficial por parte de um importante indicador social do que acontece na antiga Cooflasul, que institucionalmente recebeu o nome de Júlio, que carrega o sobrenome do clã político há mais tempo no poder em Mato Grosso, os Campos, Campos dele, Júlio; Campos de Jayme, que agora é senador…
Redação blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 e 2 – blogdoeduardogomes
3 – Sindicato Rural de Campos de Júlio