CORONAVÍRUS – Polícia tem resposta para segurança nas ruas vazias?

Policiamento noturno é imprescindível
Pode parecer paradoxo, mas o crime é inteligente – muito inteligente. Em assim sendo, seu modus operandi se ajusta ao que mais lhe interessa.

Daí, pergunto: citem dois cenários para a prática de crimes patrimoniais?

Certamente que entre as respostas duas teriam lugar de destaque: em ruas com muita movimentação de pessoas e nas desertas.

No período natalino são comuns os assaltos e roubos, a manjada saidinha de banco, o esbarrão para desviar a atenção da vítima e facilitar que a bolsa da mesma seja surrupiada. Nessa época a Polícia Militar recomenda, dentre outras coisas, que não se carregue dinheiro, que a bolsa seja mantida junto ao corpo, que se ande em grupo e que se observe bem ao redor.

Sinceramente ainda não vi nenhuma recomendação policial sobre ruas desertas, a não ser, claro, quando se trata de período noturno e de trechos sem iluminação.

Avalio que ainda estamos distantes dos bons tempos das ruas cheias. O novo coronavírus nos impõe recolhimento domiciliar e nos sugere até que evitemos sair às compras. Nesse cenário nos restam as ruas ermas, vazias, desertas – esse é um bom cenário para o crime agir.

Todos os que que torcem para o Flamengo e o Dom Bosco, que votam no Tenente Lara e no Blairo Maggi, que usam calças jeans, que adoram de cerveja, que já pagaram dízimo, que ouviram desaforo da patroa, que não gostam de cruzar com gato preto no caminho, que não acreditam em Wilson Santos e na imprensa cuiabana, que já tiveram dor de cotovelo, que sorriram com as piadas de Liu Arruda, que se encantam com os versos do poeta  Manoel de Barros,  que se curvam diante da beleza da nossa violeira Bruna Viola, que ouvem o locutor sertanejo Carlos Roberto Mortadela, que vibraram com os gols do artilheiro Bife, que não confiam na Câmara Municipal de Cuiabá e no Tribunal de Contas do Estado, que reverenciam a memória do nosso herói Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon e que bebem água, sabem que até mesmo o policiamento ostensivo ´sofreu redução por conta do vírus chinês. Claro que a bandidagem tem conhecimento de tudo isso. Mais claro ainda que ela entrará em cena, a qualquer momento.

Numa rua quase deserta um estabelecimento entregue às traças, com parte dos funcionários dispensados, é alvo em potencial para assalto à mão armada. Perdeu,, malandro! – dirá o marginal.

Esse quadro, no tocante a Cuiabá, será duramente agravado em breve. Por medida de proteção aos policiais penitenciários e aos integrantes da população carcerária (apenados e presos temporários) a Justiça botará em liberdade presos que não tenham cometido crimes violentos. Ou seja, as ruas ganharão o vaivém de figuras que agravarão nossa frágil segurança pública.

Diante desse desanimador cenário que se vislumbra, cabe a pergunta: a Secretária de Segurança Pública tem algum plano estratégico para tal situação? A Polícia Civil, que tem atribuições judiciária e de investigação, está em campo mapeando as mudanças econômicas, sociais e a perspectiva de agravamento da violência? A Polícia Militar tem pronta resposta para a mudança comportal da criminalidade, que é tão previsível quanto o agravamento da doença em Mato Grosso?

Na esfera da saúde o planejamento do governador Mauro Mendes é nulo, desumano, inadmissível e coloca a população ainda mais em risco pela ausência do Estado. Que as autoridades de segurança pública cumpram bem seu papel, por mais que o governante não consiga fazê-lo no enfrentamento da doença que avança mundo afora.

Redação blogdoeduardogomes

FOTO: Christiano Antonucci – site público do Governo de Mato Grosso em arquivo de 2019

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