Mato Groso tradicionalmente é governista, o que desqualifica todo e qualquer texto que fira interesse do poder, ainda mais quando de modo abrangente. Mais complicado ainda se torna alcançar apoio ao referido texto, quando o mesmo também mexe no bolso do sindicalismo.
O Estado não tem caixa, mas precisa de recursos para enfrentar o coronavírus. Diante disso as classes política e sindical precisam dar sua parcela de contribuição financeira. Em números arredondados a menor e subestimados os salários, Mato Grosso desembolsa mensalmente dezessete milhões quatrocentos e trinta e dois mil reais com o pagamento dos salários e vantagens dos 24 deputados estaduais, 1.406 vereadores, 141 vice-prefeitos e 140 prefeitos – o prefeito de Cáceres, Francis Maris (PSDB), doa seu salário ao município.
Essa montanha de dinheiro é dividida mais ou menos assim. Deputado estadual custa em média R$ 94 mil mensalmente. A média salarial dos prefeitos gira em torno de R$ 20 mil; dos vice, em R$ 8 mil; e dos vereadores em R$ 8 mil. Se todos abrissem mão de seus salários, haveria um caixa razoável para a luta contra o coronavírus. Mas, a essa considerável receita poderiam ser somados recursos de outras fontes, senão vejamos:
Enquanto a pandemia assolar Mato Grosso os prefeitos dos municípios associados à Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) deveriam suspender o pagamento àquela entidade; o mesmo deveriam fazer os presidentes das câmaras, que são representados pela União das Câmaras Municipais (UCMMAT). Mais: todo sindicalista servidor público em todas as esferas, que não exerça função em seu órgão e que se dedique somente ao sindicalismo, deveria abrir mão do salário, ou retornar à sua origem, o que levaria o órgão público empregador a demitir o comissionado que o substitui – isso também reforçaria o caixa para a luta.
Que ninguém alegue que salário é sagrado, direito legal e que não pode ser tocado. Não se trata de trabalhador assalariado. Mandato eletivo não é profissão e quem o exerce em Mato Grosso, praticamente sem exceção, não depende do mesmo para se manter. Nos meios políticos há dezenas de milionários, de ricos, de figuras assalariadas acima da média estadual. Portanto, esse é o momento para se saber quem realmente defende interesse coletivo e de se conhecer os oportunistas.
Quantos sindicalistas gritam aos quatro cantos contra os barões da soja, contra supostas injustiças sociais? Chegou o momento para se separar o joio do trigo. Observem que o sindicalismo tanto quanto a política praticamente não se renova. Figuras manjadas se seguram em sindicatos e sequer aceitam a ideia de um dia cumprirem jornada de trabalho.
Em tempo de coronavírus AMM e UCMMAT têm tanta utilidade quanto o sexto dedo da mão. São descartáveis. Quando passar a tempestade Mato Grosso deveria reavaliar se compensa ou não mantê-las, mas em menor dimensão, com custo menos salgado ao contribuinte.
Médicos ausentes
Mato Grosso tem ao menos 14 médicos na vida pública. Todos deveriam dar exemplo e se licenciarem sem remuneração de seus cargos e se dedicarem à medicina nesse grave momento. São eles:
Rônio Condão (PSDB), prefeito de Confresa.
Leonardo Albuquerque (SD), deputado federal com domicílio em Cáceres.
Charles Miranda (PSD), vereador por Alta Floresta.
Lúdio Cabral (PT) deputado estadual, servidor da rede pública estadual e residente em Cuiabá.
Hélio Pichioni (PSD) vereador por Rondonópolis. Pichioni é candidato a segundo suplente de senador do ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD), na eleição suplementar ainda sem data definida
João José de Matos (MDB), deputado estadual residente em Tangará da Serra.
Geovana Greve (PSDB), vice-prefeita de Glória D’Oeste.
Luis Amilton Gimenez (PV), deputado estadual domiciliado em São José dos Quatro Marcos.
Guilherme Maluf, conselheiro do TCE por indicação política pela Assembleia Legislativa.
José Eugênio Paiva (PSB), deputado estadual residente em Água Boa.
Miguel Angel Claros Paz (PSDB), vereador por Várzea Grande.
Ricardo Saad (PSDB), vereador por Cuiabá.
Asiel Bezerra (MDB), prefeito de Alta Floresta.
Paulo Raye (MDB), vereador por Barra do Garças.
Enxugamento
Mato Grosso tem um volume muito grande de servidores comissionados nos poderes e em seus penduricalhos. Em razão do coronavírus, os que não fazem sentido na administração pública precisam ser exonerados, para sobrar recursos. Quando passar a pandemia, que seus padrinhos políticos os contratem novamente.
Exemplo de contratação de assessorado por apadrinhamento acaba de ser dado pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB), que em plena pandemia mandou Mauro Mendes nomear seu apadrinhado Reginaldo Amorim assessor especial da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat). Até recentemente Wilson Santos fazia oposição ao governo, mas aderiu à sua bancada de sustentação e, por isso, passa a receber seu naco no fatiamento do poder.
RONDONÓPOLIS – O vereador democrata Thiago Muniz revelou que abriu mão de três meses de salário – a partir deste març – e de verbas indenizatórias, para que esse montante seja destinado ao Fundo Municipal de Saúde para aplicação exclusiva no combate ao coronavírus.
(CONTINUA)
Eduardo Gomes de Andrade – Editor de blogdoeduardogomes
FOTOS:
1 – Internet – Ilustrativa do coronavírus
2 – Youtube
3 – Agência de Noticia AMM – Divulgação
4 – Youtube
5 e 6 – Site público da Assembleia Legislativa em arquivo
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