Reabertura das fronteiras entre Brasil e Paraguai não tem muito impacto em termos nacionais, mas é importante para o chamado “comércio de formiga” nas cidades, disse especialista à Sputnik Brasil.
Na quarta-feira (14), portaria da Casa Civil que autoriza a reabertura foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. A medida vinha sendo negociada há meses entre o Brasil e o governo do país vizinho, que resistia à iniciativa pelo risco da importação do coronavírus para dentro de seu território.
Para Francisco Américo Cassano, professor de relações e negócios internacionais na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a medida não gera muito impacto para as contas externas dos dois países ou para o Mercosul, mas é muito importante para as cidades na fronteira.
“O comércio de fronteira é denominado comércio de formiga, ou seja, ele é muito dinâmico para os habitantes das cidades fronteiriças, mas pouco contribuiu com o volume total dos países”, disse o doutor em ciências sociais e relações internacionais.
A reabertura será efetuada em três postos fronteiriços: entre Foz do Iguaçu, no Paraná, e Ciudad del Este; entre Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e Pedro Juan Caballero; e entre Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, e Saltos del Guaira.
“[A medida] Dará mais tranquilidade às populações de fronteiras que dependem desse comércio”, acrescentou Cassano.
Revitalizar ‘turismo de compras’
Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM/SP), também ressalta a importância da medida para a população das cidades localizadas entre Brasil e Paraguai. Segundo ela, a reabertura será muito importante para reativar o turismo de compras.
“Para o caso brasileiro é bastante importante a dinamização do turismo de compras na fronteira. O fluxo não é só para a área de comércio, mas para a área de serviços do lado brasileiro, que estava absolutamente parada na fronteira com o Paraguai”, disse à Sputnik Brasil.
Além disso, Holzhacker afirma que a medida compensa, em certa medida, a paralisação das trocas entre Brasil e Argentina nas fronteiras em virtude das medidas sanitárias contra a COVID-19.
Pressão de grupos econômicos
“A pressão dos setores econômicos, dos prefeitos de ambos os lados e do comércio local foi um fator para a decisão do governo paraguaio em fazer uma abertura e permitir o comércio do lado paraguaio”, disse Holzhacker.
Por outro lado, a especialista afirma que é “importante colocar a ressalva de que todas as medidas de segurança e sanitárias têm que ser adotadas tanto do lado brasileiro quanto paraguaio”, como estabelece a portaria publicada pelo governo do Brasil.
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