Sem novidade, ou quase isso. Pela quarta vez consecutiva Neurilan Fraga é eleito presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM). Na eleição realizada hoje, 15 de dezembro, Neurilan recebeu 76 votos e seu oponente Mauro Rosa, o Maurão, 45. Não houve abstenção. De forma presencial e remota os 121 prefeitos aptos ao voto participaram do pleito. Outros 20 prefeitos não puderam votar ou porque desligaram seus municípios da entidade ou por se encontrarem inadimplentes com seu cofre. Neurilan é tetra e para comemorar vai apresentar a folha de pagamento da entidade que dirige.
As mudanças do pleito, de agora para o anterior, foram poucas. Numa assembleia realizada em novembro de 2019 longe do olhar da Imprensa, 66 prefeitos e prefeitas mudaram o estatuto da AMM, aumentando o mandato de sua diretoria e Conselhos, de dois para três anos; mantiveram o direito de ex-prefeito ser candidato a presidente; e anteciparam a data da eleição, de janeiro de 2021 para dezembro de 2020, o que impede o voto dos 87 prefeitos e prefeitas eleitos em novembro deste ano, pois os mesmos ainda não foram empossados.
Neurilan foi beneficiado com as mudanças, pois é considerado líder pela maioria dos atuais prefeitos, o que tranquilamente asseguraria, como assegurou, sua quarta eleição. Se o pleito fosse realizado em janeiro o presidente não teria controle sobre os 87 prefeitos e prefeitas que tomarão posse naquele mês.
Neurilan não é prefeito desde 31 de dezembro de 2016, mas conquistou três mandatos consecutivos após deixar a prefeitura de Nortelândia, da qual foi prefeito reeleito.
A forma como a eleição aconteceu gerou descontentamento e o prefeito eleito de Campo Verde, Alexandre Lopes (PDT) tentou barra-la judicialmente, mas sem sucesso. Em Alta Floresta, Chico Gamba (PSDB), que assumirá a prefeitura em janeiro, lembrou que seu município paga R$ 14.950 mensais à AMM por conta de um termo de cooperação onde a entidade se compromete a elaborar projetos para o município e cobrar recursos para sua execução – em outras palavras, essa cobrança é lobby. Em Porto dos Gaúchos, Vanderlei de Abreu (MDB), que sucederá o prefeito Baixinho Piovesan (MDB) discorda da mudança estatutária e revela que manterá sua prefeitura fora da entidade, como faz Baixinho.
Chororô à parte, pois em toda eleição o perdedor sempre reclama, Neurilan está com a faca e o queijo na mão pra tocar sua entidade, e uma fonte ligada a ele revelou que nesta quarta-feira, 16 de dezembro o tetra presidente concederá coletiva de Imprensa para mostrar o grau de transparência de sua administração. A mesma fonte assegura que Neurilan revelará seu salário e as vantagens a ele incorporadas, a relação dos funcionários citando seu grau de parentesco com prefeitos e o salário que recebem. “Alguns, poucos, são parentes dele (Neurilan), mas nada que impacte na folha”, observa a fonte.
Portanto, transparência total será o lema no quarto mandato de Neurilan. Seu gesto de estampar sua folha salarial deixa isso bem claro. Tão logo passe a AMM a limpo perante jornalistas, Neurilan mergulhará em seus afazeres, com a certeza que os 87 prefeitos e prefeitas excluídos do processo eleitoral cumprirão seu dever, qual seja, injetar recursos na entidade, de forma pontual e contínua, sem reclamação, porque se trata de compromisso que está muito acima da vaidade de prefeito que gostaria de se candidatar a presidente ou pelo menos ter direito ao voto.
A partir de janeiro na AMM será tempo para o quarto mandato de Neurilan. Para as prefeitas e prefeitos impedidos de votar para escolha da diretoria da entidade que os representa será tempo de enviar dinheiro para sua manutenção, ainda que seja preciso suspender o transporte e a merenda escolar, paralisar a coleta de lixo, investir na saúde e educação – além do determinado em lei. Que os 87 novos prefeitos e prefeitas fiquem calados, de cabeça baixa e respeitem o resultado das urnas, das quais não fizeram parte. Esse conceito dará o tom da administração de Neurilan, segundo a mesma fonte.
Redação blogdoeduardogomes
FOTO: Agência AMM – Divulgação