A união com Cuiabá foi o ponto final na sua vida aventureira. Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial Papazian vivia com a família em sua cidade natal, Erevan, a Capital da Armênia, às margens do rio Hrazdan.
A Europa estava em chamas e os Papazian rumaram para Paris. Estimulado por amigos, Cháu deu vazão à sua vontade. Zarpou para Buenos Aires, mas logo desistiu da Argentina. De lá foi para o Rio de Janeiro, onde as portas de Cuiabá lhe foram abertas.
Funcionário da empresa Lutz Ferrando, especializada em ótica, máquinas e equipamentos fotográficos, Papazian aproveitava suas folgas para colher flagrantes do Rio. Certa feita deparou-se com o médico e governador eleito de Mato Grosso, Mário Corrêa da Costa, que se entusiasmou por sua arte e o convidou para cobrir sua posse no Governo, em 22 de janeiro de 1926. O espírito de aventura agitou o sangue em suas veias.
Papazian deixou sua marca registrada no trabalho encomendado pelo governador Mário Corrêa da Costa. A missão chegou ao fim com a entrega do material contratado, mas o fotógrafo estava perdidamente apaixonado pela cidade onde permaneceu para sempre.
Em 17 de abril de 1991, aos 84 anos, Papazian fechou os olhos definitivamente aposentando sua máquina americana Speed Graphic e suas lentes que registraram as transformações de Cuiabá ao longo de 65 anos, com flashes sempre precedidos da frase: “Atençon; olha passarinho!”.
CHÁO – “Papadhian”, no linguajar cuiabano é nome de difícil pronúncia. Daí, a irreverência popular lhe deu o apelido mais perfeito possível: Cháo. Isso, porque o bonachão fotógrafo dizia “ciau”, que é o adeus em italiano, popularmente adotado mundo afora.
Polivalente Cháu foi boxeador e árbitro de boxe. Dirigiu time de futebol. Abriu e manteve por longo tempo o “Studio-Cine Photo Cháu”, no cruzamento nobre da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Barão de Melgaço, em Cuiabá. Teve cinema. Arrendou hotel. Montou representação comercial. Dirigiu jornal, foi correspondente em Mato Grosso de jornais e revistas do eixo Rio-São Paulo. Foi um pouco de muitas coisas, mas acima de tudo Cháu foi fotógrafo, e de quebra o primeiro repórter fotográfico de Mato Grosso.
Da REDAÇÃO
Foto: Arquivo de Família