Mauro Mendes transfere ao cidadão a responsabilidade pela construção de delegacias de polícia. Trata-se de algo gravíssimo, que evidentemente não será apurado pela Assembleia Legislativa nem pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), mas que merece atenção do Ministério Público, porque entramos num ciclo onde o governo fecha e o cidadão constrói delegacias.
Em Campo Verde, um dos maiores municípios agrícolas do mundo, a população arrecada fundos para a construção de um prédio para a Delegacia de Polícia, num área de 3.000 m² doada pela prefeitura. O site da Polícia Judiciária Civil divultou nesta terça-feira, 18, que o faturamento da bilhetria com o segundo grito de carnaval da cidade será revertido para a obra. O mesmo informativo acrescentou que o delegado João Leitão, assessor Institucional da Polícia Civil e representando sua diretoria, participou nesta semana, naquela cidade, de uma mobilização social para levantar recursos para a obra.
Campo Verde não é fato isolado. É parte da política do governador Mauro Mendes de transferir ao contribuinte, entidades e instituições, a responsabilidade pela construção de delegacias. Também nesta terça-feira blogdoeduardogomes postou em manchete que idêntico procedimento acontece em São José do Rio Claro, onde moradores locais e do vizinho município de Nova Maringá constroem a sede de uma delegacia para a Polícia Civil, inclusive com a realização de leilão de bovinos doados e de um almoço beneficente. O conteúdo tem o título: Na ausência do Estado a população constrói delegacia.
A construção de delegaciais pelo cidadão acontece logo após o fechamento de várias delegaciais e de Centros de Detenção Provisória em pequenos e médios municípios por determinação de Mauro Mendes.
MÃOS ATADAS – A Assembleia, por sua submisão ao governo, não se debruçará sobre o caso. O TCE tem sete conselheiros, mas cinco estão afastados judicialmente desde setembro de 2017, sob a acusação de recebimento de propina paga pelo ex-governador Silval Barbosa, que revelou tal esquema numa delação premiada e homologada no Supremo Tribunal Federal; os dois conselheiros titulares que permanecem atuando, Guilherme Maluf, o presidente, e Campos Neto, são acusados de mensaleiros. Maluf é denunciado pelo ex-deputado estadual José Riva e por Silval; Campos Neto, por Silval. Diante dessa amarga realidade, resta o Ministério Público para passar a limpo essa atipicidade. Nesse contexto, a Imprensa Amiga faz silêncio sepulcral.
Redação blogdoeduardogomes
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