CÂMARA – Fávaro ganha força e vídeo abala Janaína Riva

Eduardo Gomes

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As cartas foram embaralhadas no final de semana para a corrida à Câmara dos Deputados. O senador Carlos Fávaro (PSD) reforçou sua provável chapa com a chegada do Procurador Mauro. O governador Mauro Mendes (União-Progressista) rasgou o verbo e não esconde mais que sua mulher e correligionária Virgínia Mendes poderá disputar uma cadeira. E o bate-boca virtual entre a deputada estadual Janaína Riva (MDB) com o chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, resultou num ataque direto de Fábio Garcia à parlamentar afirmando que ele vem de berço corrupto e que o pai dela (José Riva) foi o maior corrupto de Mato Grosso. Esses fatos criaram um novo cenário para 2026, que fortalece Fávaro; deixa Virgínia Mendes na cômoda condição de puxadora de votos para seu partido; e empurra Janaína Riva para a defensiva sendo que a mesma está acostumada a ser estilingue.

Chumbo trocado entre Fábio e Janaína Riva

Ministro da Agricultura e Pecuária com carta branca de Lula, Fávaro costura incessantemente o fortalecimento de seu grupo, tendo cuidado para não ferir interesses do PT do presidente da República. Na disputa para a  Câmara, onde Irajá Lacerda é nome certeiro, Fávaro arrastou Valtenir Pereira (suplente do MDB) e o Procurador Mauro, que sempre foi o referencial do PSOL em Mato Grosso. E está tão certo, quanto dois e dois são quatro, que o deputado federal Emanuel Pinheiro (MDB) também estará na chapa de Fávaro para deputado federal.

Nas eleições de 2022 o PSD não conseguiu votação suficiente para eleger Irajá Lacerda deputado federal, por conta de incidentes de percurso. O ex-prefeito de Confresa, Gaspar Domingos Lazari, foi preso acusado de desvio de dinheiro público oriundo de emendas parlamentares; e o ex-secretário do governo Mauro Mendes, Nilton Borgato, foi preso em abril daquele ano, sob a acusação de chefiar uma organização criminosa que enviava cocaína para o exterior. Gaspar e Borgato seriam candidatos a deputado federal, e sem eles,  o partido não alcançou o quociente eleitoral.

Com Emanuel Pinheiro, Procurador Mauro, Valtenir Pereira e Irajá Lacerda, o PSD deverá conquistar três cadeiras na Câmara dos Deputados, avaliam analistas. Sem coligação com o PT, mas solidário com o mesmo, o partido de Fávaro vestirá a camisa de Lula para a reeleição, e dentro das manobras possíveis, facilitará a votação de Rosa Neide para deputada federal, que em 2022 recebeu a maior votação para a Câmara, mas o PT não alcançou quociente.

Virgínia Mendes

O União Brasil engrossado pelo Progressistas está a um passo de perder o deputado federal Coronel Assis, que está de malas e cuias prontas para abraçar o bolsonarismo no PL. Sem ele a legenda mantém Fábio Garcia; sua suplente na Câmara, Gisela Simona; e Antônio Bosaipo, também suplente, mas com pouca expressão eleitoral. A saída de Coronel Assis não afetará o partido, que ganhará a candidatura de Virgínia Mendes, o nome mais divulgado em Mato Grosso entre todos os pré-candidatos, pelos sites que coincidentemente recebem anúncios da Secom do governo estadual. Virgínia Mendes será secundada por Fábio Garcia para puxar votos para sua legenda, e ambos com reais possibilidades de eleição.

O bolsonarismo que veste a camisa do PL deverá concorrer para a Câmara com a Coronel Fernanda, Nelson Barbudo e Rodrigo da Zaeli, todos tentando a reeleição. O deputado estadual Gilberto Cattani e a vereadora e primeira-dama de Cuiabá, Samantha Íris, são os outros nomes cotados para a disputa do cargo. Samantha, também é citada para ser candidata a vice-governadora na chapa liberal ao governo, que deverá ser encabeçada pelo empresário Odílio Balbinotti. O deputado federal José Medeiros declaradamente é pré-candidato ao Senado.

Juarez do MDB para o Republicanos

O Republicanos do vice-governador Otaviano Pivetta sai ileso do tiroteio entre Janaína Riva e Fábio Garcia. O vice quer ser governador e pretende formar chapas proporcionais fortes. Para a Câmara os puxadores de votos serão três: Adilton Sachetti, ex-prefeito de Rondonópolis e ex-deputado federal; Neri Geller, ex-deputado federal e ex-ministro da Agricultura; e o deputado federal Juarez Costa, ora no MDB.

Durante anos o MDB foi considerado o maior partido de Mato Grosso. Porém, para as eleições de 2026 ele despenca para a relação dos partidos nanicos regionalmente. Sem candidatura para presidente da República e ao governo, a grande sigla do ontem, que atravessou décadas liderada por Carlos Bezerra, é um arremedo partidário. Essa queda atinge sobretudo Janaína Riva, que em momentos diferentes teve o nome lembrado para governadora e senadora, mas que ultimamente figura entre as virtuais candidaturas para a Câmara dos Deputados.

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O MDB vai perder Emanuel Pinheiro para o PSD e seu colega de bancada Juarez Costa, para o Republicanos de Pivetta. Restarão somente dois nomes puxadores de votos: Janaína Riva e o vice-prefeito de Barra do Garças, Professor Sivirino.  Porém, o tiroteio verbal da deputada com Fábio Garcia pode causar o esvaziamento do nome da parlamentar. Até então, Janaína Riva ocupava o máximo de espaço na mídia, criticando, apontando defeitos e sugerindo, sempre com um discurso afiado e com o forte apelo de ser a única mulher na Assembleia Legislativa. Porém, o tom duro de Fábio Garcia sem dúvidas atingirá os planos dos emedebistas.

Janaína Riva fez o primeiro ataque. Pediu que Fábio Garcia fosse homem, o chamou de moleque e cobrou que liberasse suas emendas retidas na Casa Civil. A deputada ainda usou expressões racistas de “suas negas“, mas tratou logo de retratar-se e determinou que a expressão fosse retirada de seu pronunciamento na Assembleia. O chefe da Casa Civil em dois vídeos foi duro com a deputada. No primeiro insinuou sobre sua ligação com Luluca Ribeiro, indicado por Janaína Riva para a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e demitido do cargo, com sua diretoria, por Mauro Mendes, depois do vazamento de um escândalo sobre suposto superfaturamento de compra de kits para a agricultura familiar. Quando da indicação, Luluca trabalhava no gabinete da deputada, e sua mulher, Quézia Limoeiro, era a chefe do gabinete de Janaina Riva. No segundo vídeo, além de dizer categoricamente que “José Riva, pai de Janaina Riva é o político mais corrupto da história deste estado“, e que “a família Riva não tem moral para apontar o dedo para a cara de ninguém“, Fábio Garcia afiançou que se novamente for atacado responderá à altura .

Resta aguardar o próximo lance do embate virtual entre os dois, e que Janaína Riva responda sobre o Caso Seaf citado por Fábio Garcia. O cenário de terra arrasada que aparentemente começa a tomar forma no MDB, poderá desestimular candidaturas pela legenda daquele partido. Resta saber se em Barra do Garças o Professor Sivirino manterá ou não seu nome na relação dos virtuais candidatos. O vice-prefeito da Barra é um dos principais nomes da política no Vale do Araguaia, onde aquele município se situa, e alguns partidos disputam sua filiação.

Longe dos partidos com mais nomes com possibilidade de eleição para deputado federal, em Rondonópolis o ex-prefeito e ex-deputado estadual Zé Carlos do Pátio (PSB), planeja disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Muito embora reconhecidamente Zé Carlos do Pátio seja um dos principais vultos da política mato-grossense, esse seu projeto é embrionário e até mesmo sua permanência no partido é discutida.

Fotos:

1 – Agência Brasil

2 – Arte Boamidia

3 – Instagram Virgínia Mendes

4 – Agência Câmara

5 – Instagram Professor Sivirino