Câmara de Cuiabá blinda o Paletó

Emanuel Pinheiro na cena que constrange Cuiabá

Maior escândalo envolvendo político em Cuiabá, o famoso caso Paletó protagonizado pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) tem poderosa blindagem na Câmara Municipal, onde nesta terça-feira, 27, seu presidente Misael Galvão (PSB) desqualificou a gravidade da situação, saindo pela tangente sobre o prazo concedido pelo juiz Wladys Roberto Freire do Amaral, da 4ª Vara Especializada de Fazenda Pública de Cuiabá. O magistrado concedeu 48 horas (a partir da sexta-feira, 23) pra que a Câmara instale a CPI do Paletó e que substitua os vereadores Adevair Cabral/PSDB (relator) e Mário Nadaf/PV (membro) Cabral e Nadaf integram a base governista na Câmara e ambos teriam impedimento regimental para integrarem a CPI, pois assinaram pedido para sua instalação. Argumentando que aguarda notificação sobre a decisão (do juiz), Misael tirou o caso do centro do debate.

Misael Galvão é um esteio para Emanuel Pinheiro

O presidente age com naturalidade e extrema lealdade ao prefeito e administra bem a situação em defesa de Emanuel Pinheiro. Nesta terça, Misael recebeu um requerimento que pede a nomeação de Diego Guimarães (Progressistas) para a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó. O ofício foi assinado por Marcelo Bussiki (PSB), Felipe Wellaton (PV), Dilemário Alencar (Pros), Abílio Junior (PSC) e  Diego. Esse documento, pela ótica de Misael seria extemporâneo, pois a Câmara não tem conhecimento oficial da determinação do juiz pela ressurreição da CPI que ora encontra-se providencialmente abafada.

Câmara de Cuiabá e seu mundo irreal com duodécimo de R$ 57 milhões

O argumento de Misael dá fôlego a Emanuel Pinheiro, que conta com quase toda a Imprensa ao seu lado para sepultar o caso Paletó com a divulgação de sua administração.

A Câmara de Cuiabá é umbilicalmente ligada ao prefeito e, salvo vozes isoladas, não tem interesse na apuração de Paletó. Sua legislatura vive num mundo irreal, com duodécimo anual de R$ 57 milhões, ou R$ 4.750.000 mensalmente ou ainda R$ 158.333 todos os santo dias, quer faça sol ou chuva.

 

PALETÓ – É o mais vergonhoso capítulo da política entre quatro paredes em Cuiabá. Há dois anos a TV Globo exibiu no Fantástico um vídeo onde o então deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) aparecia recebendo pacotes de dinheiro de Sílvio Corrèa, no gabinete do mesmo. Com o bolso abarrotado, Emanuel Pinheiro deixou cair um dos pacotes, sorriu e tratou de embolsá-lo – a sabedoria popular lhe deu o apelido de Paletó.

Sílvio Corrêa à época era chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa (mandato de 2010 a 2014). Sílvio e Silval em delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, informaram que se tratava de pagamento de mensalinho em troca de apoio na Assembleia.

Não somente Emanuel Pinheiro foi filmado no gabinete de Sílvio recebendo pacoteiras de dinheiro. Além dele, os à época deputados estaduais Hermínio Barreto, Ezequiel Fonseca, Alexandre Cesar, José Domingos Fraga e Luciane Bezerra, também foram contemplados com a dinheirama. O ex-deputado estadual Airton Português também compareceu ao caixa informal no Palácio Paiaguás – Português foi acompanhado por sua irmã, a ex-secretária de Estado Vanice Marques.

Emanuel Pinheiro nega que se tratasse de propina; ele somente não consegue explicar como um grupo de deputados foi ao chefe de Gabinete do governador pegar dinheiro, como se fosse o desfecho de uma romaria financeira. Os demais filmados, também juram inocência.

A CPI é um passo político para se chegar ao cerne do escândalo Paletó. O prazo pra sua instalação se encerra amanhã, 27. Porém, aparentemente o Ministério Público não consegue avançar na apuração do caso, o que lhe confere ares de impunidade.

 

manchete