Buscetta, um capo mafioso em Rondonópolis

Buscetta frequentava cabaré em Rondonópolis

Despercebido entre a população da cidade que crescia, o italiano Don Tommaso Buscetta  – um dos mais temíveis mafiosos da Cosa Nostra – era pacato hóspede de um amigo na Rua Armando Araújo, no Parque Real, em Rondonópolis.

Às noites, Buscetta costumava dar asas aos desejos e descambava para o cabaré Coqueirinho, à margem da BR-364, que era tocado pela Cristina.

Buscetta era velho conhecido do Brasil e inclusive foi casado com uma brasileira. no auge do poder o capo italiano foi chefe da família Porta Nuova, de Palermo (capital da Sicília), que integrava a Cosa Nostra.

Em janeiro de 1981 Buscetta deixou a Itália e oficialmente veio abrir uma terra de seu sogro no Pará. No entanto, naquele ano, optou por morar em Rondonópolis, o que em tese inviabilizaria seu projeto paraense.

O tempo se arrastava e, ele, na surdina, levava adiante uma atividade criminosa e que não é engolida por nenhum judeu: o mercado do diamante. Isso mesmo.

O saudoso William Rodrigues Dias, advogado criminalista dos bons e mais tarde (1987/90) deputado estadual, cuidava da blindagem de Buscetta e certa vez revelou que ele escolheu Rondonópolis por ser o polo da extração de diamante em Poxoréu e no Vale do Garças. Com uma rede de compradores ele estava mandando a pedra mais preciosa do mundo para a Europa. Seu negócio no Pará, seria uma forma de justificar sua presença em Belém, para onde levava as pedras e as despachava contrabandeadas por navios.

Mossad, poderoso serviço secreto hebreu descobriu, mas não tinha interesse em eliminá-lo, porque vivo poderia ser mais útil. Bastou uma denúncia e em 22 de outubro de 1983 Buscetta foi parar atrás das grades em São Paulo, preso pela Polícia Federal. Sua página de prisão, delação, extradição para os Estados Unidos e sua morte em 2 de abril de 2000, aos 71 anos, é de domínio público.

No bairro Parque Real; não muito distante da casa onde morava Buschetta, seu vizinho mais famoso era o temível coronel belga Jean Pierre, que comandou o Batalhão Leopardo em Léopoldville, no Congo, nos anos 1960, para proteger os interesses belgas no diamante e outros minérios contra o nacionalismo que surgira com a independência do país.

 

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

FOTO:  Youtube