Botelho troca Assembleia pelo TCE

Botelho de malas prontas pro TCE
Não foi preciso nenhuma laçada. Nem será. Tudo está acertado. O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (DEM), será conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) na vaga do conselheiro afastado judicialmente Waldir Teis. Pra ligar as duas pontas desse percurso serão necessários alguns procedimentos, todos dentro da mais absoluta legalidade. Solidária, fiel e onipresente, a Imprensa Amiga abre generosas manchetes ao estilo: Botelho se reelegerá presidente da Assembleia, Max Russi (PSB) será vice e Janaína Riva (MDB) primeira secretária; num segundo momento Botelho irá para o TCE e Max assumirá o douto Parlamento.

Não se pode chamar de jogada a manobra pra Botelho ser conselheiro. Quando muito se pode dizer que se trata de um ato político bem ao estilo mato-grossense. Tudo acontecerá assim: O conselheiro do TCE Waldir Teis completa 67 anos em 21 de outubro deste ano. Mesmo afastado judicialmente da função desde 14 de setembro de 2017, Teis se aposentará precocemente abrindo vaga pra Botelho, que já conta com irrestrito aval da Assembleia e do governador democrata Mauro Mendes.

Teis, caso não seja condenado e preso, poderá permanecer no TCE até os 70 anos, quando será alcançado pela expulsória, mas uma fonte ligada a ele garante que há muito tempo seu desejo é sair de Mato Grosso e voltar para o Paraná, onde residiu. Teis não é o decano daquele órgão técnico de contas. O mais velho é Valter Albano, que fará 68 anos em 1º de agosto, mas Albano, segundo a mesma fonte, não pensa em sair da função.

O caminho pra Botelho está aplainado: tem a Assembleia aos pés e com Mauro Mendes é carne e unha. Baleado, o TCE não tem fôlego pra fortalecer seus conselheiros. Em 2017, atendendo o Ministério Público Federal (MPF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou Teis, Albano e seus pares Sérgio Ricardo, Antônio Joaquim (à época presidente) e José Carlos Novelli. Em delação premiada o ex-governador Silval Barbosa (2010/14) sustentou que os cinco teriam recebido R$ 53 milhões em propina para não se meterem nas maracutaias de sua administração. Claro que todos negam. Afastados e proibidos de irem ao TCE, os conselheiros tentaram em diferentes momentos e tribunais, o sinal verde para retomarem suas cadeiras, mas a Justiça os refugou.

Tão certo quando dois mais dois são quatro é a ida de Botelho para o TCE, onde somente dois conselheiros são titulares: o presidente Guilherme Maluf e Campos Neto. Maluf acaba de chegar ao cargo com as bênçãos de Botelho. Tanto Maluf quanto Campos Neto enfrentam situação constrangedora. O ex-mandachuva da Assembleia, José Riva, e Silval delataram que Maluf teria recebido mensalinho e propina de ambos. Sobre Campos Neto, Silval o acusa de mensaleiro. Esse é o ambiente do TCE.

ELEIÇÃO – A eleição da mesa diretora da Assembleia está definida em lei: será em julho, e sua data e horário terão que ser divulgados com 30 dias de antecedência. Botelho, Max e Janaína, os principais nomes da chapa que será única, não revelaram detalhes da solenidade, que deverá ser a mais concorrida em Mato Grosso nas últimas décadas. Prova disso foi a compra pela Assembleia, de 12 mil frascos de álcool em gel, por R$ 300 mil, da empresa RG da Paz Eirelli, sem licitação – não se esqueçam que estamos em meio a uma pandemia. Esse álcool certamente será utilizado na higienização de milhares de eleitores que deverão comparecer ao ato, movidos pela mais pura chama democrática.

MAX – Com Botelho conselheiro Max assume a presidência. Com a nova mesa Janaína inverte as funções atuais com Maxi: ele passa de primeiro secretário para vice-presidente, ela deixa a vice-presidência pela primeira-secretaria, cargo que seu pai, o mandachuva José Riva desempenhou em diferentes legislaturas.

Não se sabe ainda os nomes dos deputados que ocuparão os demais cargos na mesa.

Redação blogdoeduardogomes

FOTO: Fablício Rodrigues – Site público da Assembleia Legislativa – Divulgação

 

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Comentários (1)
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  • Inácio Roberto Luft

    Conluiu puro??