Bolsonarismo sai na frente na corrida ao Senado

Eduardo Gomes

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Galvan, José Medeiros e a bênção de Bolsonaro

Martelo batido.

O bolsonarismo lançará dois nomes ao Senado. A dobradinha será formada pelo deputado federal José Medeiros (PL) e o ex-presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan (DC).

Mato Grosso é um dos maiores nichos do bolsonarismo e a identificação do eleitorado com o ex-presidente abriu caminhos para eleições em 2018 e 2022. Em 2026 não deverá ser diferente e a cúpula da direita já percorre municípios alinhavando seus nomes.

José Medeiros é deputado federal reeleito e por quatro anos foi senador. Ligado ao clã Bolsonaro, o parlamentar é citado para a candidatura ao Senado há algum tempo. Desde as eleições municipais em 2024 José Medeiros passou a ser citado por seu grupo político, como futuro senador.

Galvan é radical e sua oratória tem o DNA de Bolsonaro.

Para facilitar a dobradinha, José Medeiros e Galvan vivem uma verdadeira lua de mel política, sob os aplausos das lideranças bolsonaristas. Ambos concorrerão com chances reais de vitória, senão vejamos:

Três nomes deverão enfrentar Galvan e José Medeiros nas urnas: o senador Carlos Fávaro (PSD), o governador Mauro Mendes (União) e a deputada estadual Janaína Riva (MDB). Analistas avaliam que dentre eles, que reúne maiores chances é Fávaro, que receberá maciça votação da esquerda e centro-esquerda, ao passo de Mauro Mendes e Janaína Riva flutuarão entre as duas correntes de pensamento, pois nenhum deles tem plena identificação com a direita nem com a esquerda.

Ainda pelos analistas, Galvan e Medeiros serão receberão a quase totalidade da votação de direita – que tem ampla maioria em Mato Grosso.

Fávaro deverá oscilar entre 25% a 30% que é a média dos votos petistas (e de seus aliados, no caso, ele). Mesmo desgastado junto ao empresariado do agro, Fávaro tem conquistado força política junto ao pessoal da agricultura familiar representada por comunidades tradicionais, quilombolas e assentados, além de indígenas, muitos dos quais sob influência de Ongs lulistas.

Mauro Mendes tem o indicativo de voto menos confiável. Em 2024 o grupo governista não elegeu prefeito em Cuiabá e Várzea Grande, e teve presença apagada em Rondonópolis e Sinop. O fiasco de Eduardo Botelho (União) em Cuiabá em parte é debitado ao governante. À frente de um governo que realiza importantes obras fora de Cuiabá, Mauro Mendes esbarra na inconsistência eleitoral dos prefeitos que foram arrastados para o União Brasil e outros que dizem apoiá-lo. Isso por conta do bolsonarista. O prefeito é filiado ao partido de Mauro Mendes, mas segue Bolsonaro; o prefeito aplaude o governador, mas segue o Capitão ou Mito. O eleitor cuiabano deixou claro que não aprova o governante, e sua expressão nas urnas deverá sofrer maior arranhão ainda por conta do fracasso da obra mal explicada do BRT, e o caldo entornará em setembro, quando a Santa Casa for canibalizada para dar vida ao Hospital Central.

A realidade sobre os prefeitos é palpável. Chico Gamba (União) é prefeito de Alta Floresta, mas segue Bolsonaro até para o abismo. Adilson Gonçalves, o prefeito de Barra do Garças é correligionário de Mauro Mendes, mas onde o Capitão pisar, ele pisa em seguida. É assim também com Chico Mendes (União), de Diamantino; com Marcos Tomazini (União), de Paranatinga; com Vander Masson (União), de Tangará da Serra; com Jacson Niedermeier (União), Alto Araguaia; e etc.

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Janaína Riva disputou três eleições proporcionais. Se seu nome for mantido ao Senado ela terá uma artilharia palanqueana pesada contra seu projeto e isso poderá deixá-la fragilizada, pois a mesma não poderá buscar apoio aberto de seu pai o ex-deputado estadual José Riva nem de seu sogro, o senador Wellington Fagundes (PL). Riva, o pai, é réu confesso num rombo de 175 milhões nos cofres da Assembleia Legislativa, conforme consta do termo de sua delação premiada homologada pelo desembargador do Tribunal de Justiça, Marcos Machado. O sogro é uma das principais figuras do bolsonarismo, e caso troque o palanque partidário pelo apelo familiar, terá contra si o peso da liderança de Bolsonaro – isso independentemente que Wellington seja ou não candidato ao governo.

Em suma: no frigir dos ovos, Bolsonaro poderá eleger os dois senadores mato-grossenses na renovação de dois terços do Senado em 2026, mesmo que sua inelegibilidade seja mantida – nessa condição o ex-presidente ainda ganha contornos de vítima, de perseguido pelo governo Lula.

Em tempo: escrevo com a máxima isenção. Desde 2011 José Medeiros não conversa comigo. Naquele ano – ele era suplente de senador de Pedro Taques – o entrevistei em Rondonópolis e sua fala causou uma ruptura muito grande com o titular do cargo, pois ele abordou a fraude na ata da convenção que homologou a chapa de Taques com ele e Paulo Fiúza na suplência; antes da publicação do material José Medeiros ligou-me pedindo que derrubasse a matéria. Disse a ele que isso não é do meu feito. Nunca mais falamos. Quanto a Galvan, o conheço de vista.

Fotos:

1 – olivre.com.br (Cuiabá)

2 – Agência Senado

3 – Secom/MT

4 – ALMT

Comentários (1)
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  • Orlando Cesar Julio

    Excelete análise
    Orlando Cesar Julio – Advogado – Sinop